domingo, 28 de setembro de 2014

PORTA ESTREITA


“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão”.
Jesus (Lucas, 13:24).


Antes da reencarnação necessária ao progresso, a alma estima na “porta estreita” a sua oportunidade gloriosa nos círculos carnais.

Reconhece a necessidade do sofrimento purificador. Anseia pelo sacrifício que redime. Exalta o obstáculo que ensina. Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida.

Obtém o vaso frágil de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e aperfeiçoamento.

Reconquistando, porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as “portas largas” por onde transitam as multidões.

Fugindo à dificuldade, empenha-se pelo menor esforço.

Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal. Longe de servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si.

E, no sono doentio do passado, atravessa os campos de evolução, sem algo realizar de útil, menosprezando os compromissos assumidos.

Em geral, quase todos os homens somente acordam quando a enfermidade lhes requisita o corpo às transformações da morte.

“Ah! se fosse possível voltar!...” - pensam todos.

Com que aflição acariciam o desejo de tornar a viver no mundo, a fim de aprenderem a humildade, a paciência e a fé!... com que transporte de júbilo se devotariam então à felicidade dos outros!...

Mas... é tarde. Rogaram a “porta estreita” e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do serviço justo.

E porque se acomodaram muito bem nas “portas largas”, volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem.




Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




SINAIS DA OBSESSÃO



Colunista: Marta Antunes Moura, coordenadora das Comissões Regionais na área da Mediunidade da Federação Espírita Brasileira (FEB), Vice-presidente da FEB.


O espírita consciente compreende que qualquer tarefa, realizada ou não na Casa Espírita, está passível de sofrer interferências que podem comprometer o seu funcionamento harmônico. No que diz respeito à prática mediúnica em geral, e ao comportamento dos integrantes da reunião mediúnica, em particular, a vigilância deve ser redobrada, a fim de que a obsessão não se instale. Daí Emmanuel recomendar: "Toda vez que obstáculos se nos interponham entre o dever da ação e a necessidade da cooperação no serviço do bem aos semelhantes, que redundará sempre em benefício a nós mesmos, peçamos ao Auxílio Divino, através da prece silenciosa [...]"(1)

A obsessão é, segundo Allan Kardec, uma das maiores dificuldades que a prática espírita pode apresentar. Caracteriza-se pelo "[...] domínio que alguns Espíritos exercem sobre certas pessoas. É praticada unicamente por Espíritos inferiores, que procuram dominar, pois os Espíritos bons não impõem nenhum constrangimento [...]"(2). A obsessão por sua vez, está relacionada há três fatores básicos: a) falta moral ou comportamento social, incompatíveis com o bem (viciações); b) grave desarmonia mental/psíquica (distúrbios mentais); c) lesões físicas que afetam certas estruturas ou órgãos relacionados ao raciocínio, à cognição, à emoção, etc. (por exemplo, certas enfermidades do sistema nervoso).

A obsessão é considerada fator primário quando a pessoa sofre ação direta de um perseguidor espiritual. As imperfeições morais (egoísmo, orgulho, vaidade, ciúme, inveja, ganância, rancor, entre outras) e vícios de qualquer natureza, são em geral definidos como fator secundário, uma vez que o indivíduo se compraz em manter sintonia mental com entidades que apresentam as mesmas tendências/inclinações e gostos.

De uma forma ou de outra, a obsessão conduz a pessoa a quedas morais, pois suas estruturas mentais e o seu pensamento são continuamente submetidos a influências perniciosas, próprias ou estranhas, que produzem, em consequência, atordoamento do raciocínio, da ideação e dos sentidos como pondera Emmanuel:(3)

Não ignoramos, porém, que os sentidos transviados conduzem fatalmente à deturpação e ao desvario. Os olhos são auxiliares imediatos dos espiões e dos criminosos que urdem a guerra e povoam as penitenciárias [...]. Os ouvidos são colaboradores diretos da crueldade e da calúnia que suscitam a degradação social [...]. As mãos, quando empregadas na fabricação de bombas destruidoras, são operárias da morte [...]. O sexo, que constrói o lar em nome de Deus, por toda parte é vítima de tremendos abusos pelos quais se amplia terrivelmente o número de enfermos cadastrados nos manicômios [...].

Em se tratando da prática mediúnica, Kardec apresenta nove sinais mais evidentes do processo obsessivo, aplicados tanto ao médium, propriamente dito, ou seja, aquele que é portador de mediunidade de efeitos patentes (psicofonia, psicografia, vidência, etc.) como a qualquer outro trabalhador da reunião mediúnica:­­(4)

1.ª persistência de um Espírito em se comunicar, queira ou não o médium, pela escrita, pela audição, pela tiptologia (ruídos, como pancadas e batidas), etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam; 2.ª ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe; 3.ª crença na infalibilidade e identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas e absurdas; 4.ª confiança do médium nos elogios que lhe fazem os Espíritos que por ele se comunicam; 5.ª disposição para se afastar das pessoas que podem dar-lhe conselhos úteis; 6.ª reagir mal à crítica das comunicações que recebe; 7.ª necessidade incessante e inoportuna de escrever (ou de se manifestar por outro tipo de mediunidade); 8.ª constrangimento físico qualquer, que domine a vontade do médium e o force a agir ou falar contra a vontade; 9.ª ruídos e perturbações persistentes ao redor do médium, dos quais ele é a causa ou o objeto visado.

O Codificador esclarece, também, em A Gênese, como prevenir e combater as obsessões:

Assim como as moléstias resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às influências perniciosas exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral é preciso que se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, é preciso fortificá-lo; para garantir a alma contra a obsessão, tem-se que fortalecê-la. Daí, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar pela sua própria melhoria, o que na maioria das vezes é suficiente para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de pessoas estranhas. Este socorro se torna necessário quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão (entendida aqui como uma manifestação gravíssima da subjugação), porque neste caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio. (5)

O Espírito André Luiz, por sua vez, esclarece:

Você enfim, talvez se veja em qualquer estado de introdução ao desequilíbrio espiritual, prestes a cair sob cadeia obsessivas... Mas, se você realmente deseja livrar-se disso, deve compreender, antes de tudo, que precisa de esclarecimento e de amparo. Entretanto, para que você obtenha luz e auxílio é indispensável adote duas atitudes fundamentais: Estudar e raciocinar, a fim de instruir; trabalhar e servir para merecer. (6)


Referências:

(1) XAVIER, Francisco Cândido. Rumo Certo. Pelo Espírito Emmanuel. 12 ed. 1 imp. Brasília: FEB Editora, 2013. Cap. 8, pág. 30.

(2) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. Pt 2, cap. XXIII, it. 237, p. 259.

(3) XAVIER, Francisco Cândido. Seara dos Médiuns. Pelo Espírito Emmanuel. 20 ed. 1 imp. Brasília: FEB Editora, 2013. Cap. 43, pág. 146/147.

(4) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. Pt 2, cap. XXIII, it. 237 pág. 259.

(5) KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. XIV, it. 46, pág. 259.

(6) XAVIER, Francisco Cândido. Meditações diárias. Pelo Espírito André Luiz. 1. ed. Araras: IDE, 2009. Capítulo: Terapêutica desobsessiva, p. 142.

EXECUTAR BEM


“E ele lhes disse: - Não peçais mais do que o que vos está ordenado”.
João Batista (Lucas, 3:13)


A advertência de João Batista à massa inquieta é dos avisos mais preciosos do Evangelho.

A ansiedade é inimiga do trabalho frutuoso. A precipitação determina desordens e recapitulações consequentes.

Toda atividade edificante reclama entendimento.

A palavra do Precursor não visa anular a iniciativa ou diminuir a responsabilidade, mas recomenda espírito de precisão e execução nos compromissos assumidos.

As realizações prematuras ocasionam grandes desperdícios de energia e atritos inúteis.

Nos círculos evangélicos da atualidade, o conselho de João Batista deve ser especialmente lembrado.

Quantos pedem novas mensagens espirituais, sem haver atendido a sagradas recomendações das mensagens velhas? quantos aprendizes aflitos por transmitir a verdade ao povo, sem haver cumprido ainda a menor parcela de responsabilidade para com o lar que formaram no mundo? 

Exigem revelações, emoções e novidades, esquecidos de que também existem deveres inalienáveis desafiando o espírito eterno.

O programa individual de trabalho da alma, no aprimoramento de si mesma, na condição de encarnada ou desencarnada, é lei soberana.

Inútil enganar o homem a si mesmo com belas palavras, sem lhes aderir intimamente, ou recolher-se à proteção de terceiros, na esfera da carne ou nos círculos espirituais que lhe são próximos.

De qualquer modo, haverá na experiência de cada um de nós a ordenação do Criador e o serviço da criatura.

Não basta multiplicar as promessas ou pedir variadas tarefas ao mesmo tempo. Antes de tudo, é indispensável receber a ordenação do Senhor, cada dia, e executá-la do melhor modo.


Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




OUÇAMOS ATENTOS



“Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça”.
Jesus (Mateus, 6:33)


Apesar de todos os esclarecimentos do Evangelho, os discípulos encontram dificuldade para equilibrarem, convenientemente, a bússola do coração.

Recorre-se à fé, na sede de paz espiritual, no anseio de luz, na pesquisa da solução aos problemas graves do destino.

Todavia, antes de tudo, o aprendiz costuma procurar a realização dos próprios caprichos; o predomínio das opiniões que lhe são peculiares; a subordinação de outrem aos seus pontos de vista; a submissão dos demais à força direta ou indireta de que é portador; a consideração alheia ao seu modo de ser; a imposição de sua autoridade personalíssima; os caminhos mais agradáveis; as comodidades fáceis do dia que passa; as respostas favoráveis aos seus intentos e a plena satisfação própria no imediatismo vulgar.

Raros aceitam as condições do discipulado.

Em geral, recusam o título de seguidores do Mestre.

Querem ser favoritos de Deus.

Conhecemos, no entanto, a natureza humana, da qual ainda somos partícipes, não obstante a posição de espíritos desencarnados.

E sabemos que a vida burilará todas as criaturas nas águas lustrais da experiência.

Lutaremos, sofreremos e aprenderemos, nas variadas esferas de luta evolutiva e redentora.

Considerando, porém, a extensão das bênçãos que nos felicitam a estrada, acreditamos seria útil à nossa felicidade e equilíbrio permanentes ouvir, com atenção, as palavras do Senhor: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça”.



Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




AUXÍLIO EFICIENTE



“E abrindo a sua boca os ensinava”.
(Mateus, 5:2)


O homem que se distancia da multidão raramente assume posição digna à frente dela.

Em geral, quem recebe autoridade cogita de encastelar-se em zona superior.

Quem alcança patrimônio financeiro elevado costuma esquecer os que lhe foram companheiros do princípio e traça linhas divisórias humilhantes para que os necessitados não o aborreçam.

Quem aprimora a inteligência quase sempre abusa das paixões populares facilmente exploráveis.

E a massa, na maioria das regiões do mundo, prossegue relegada a si própria.

A política inferior converte-a em joguete de manobra comum.

O comércio desleal nela procura o filão de lucros exorbitantes.

O intelectualismo vaidoso envolve-a nas expansões do pedantismo que lhe é peculiar.

De época em época, a multidão é sempre objeto de escárnio ou desprezo pelas necessidades espirituais que lhe caracterizam os movimentos e atitudes.

Raríssimos são os homens que a ajudam a escalar o monte iluminativo.

Pouquíssimos mobilizam recursos no amparo social.

Jesus, porém, traçou o programa desejável, instituindo o auxílio eficiente.

Observando que os filhos do povo se aproximavam dEle, começou a ensinar-lhes o caminho reto, dando-nos a perceber que a obra educativa da multidão desafia os religiosos e cientistas de todos os tempos.

Quem se honra, pois, de servir a Jesus, imite-lhe o exemplo.

Ajude o irmão mais próximo a dignificar a vida, a edificar-se pelo trabalho sadio e a sentir-se melhor.



Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




TU, PORÉM




“Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina”.
Paulo (Tito, 2:1)


Desde que não permaneças em temporária inibição do verbo, serás assediado a falar em todas as situações.

Convocar-te-ão a palavra os que desejam ser bons e os deliberadamente maus, os cegos das estradas sombrias e os caminheiros das sendas tortuosas.

Corações perturbados pretenderão arrancar-te expressões perturbadoras.

Caluniadores induzir-te-ão a caluniar.

Mentirosos levar-te-ão a mentir.

Levianos tentarão conduzir-te à leviandade.

Ironistas buscarão localizar-te a alma no falso terreno do sarcasmo.

Compreende-se que procedam assim, porquanto são ignorantes, distraídos da iluminação espiritual.

Cegos desditosos sem o saberem, vão de queda em queda, desastre a desastre, criando a desventura de si mesmos.

Tu, porém, que conheces o que eles desconhecem, que cultivas na mente valores espirituais que ainda não cultivam, toma cuidado em usar o verbo, como convém ao Espírito do Cristo que nos rege os destinos.

É muito fácil falar aos que nos interpelam, de maneira a satisfazê-los, e não é difícil replicar-lhes como convém aos nossos interesses e conveniências particulares; todavia, dirigirmo-nos aos outros, com a prudência amorosa e com a tolerância educativa, como convém à sã doutrina do Mestre, é tarefa complexa e enobrecedora, que requisita a ciência do bem no coração e o entendimento evangélico nos raciocínios.

Que os ignorantes e os cegos da alma falem desordenadamente, pois não sabem, nem vêem... Tu, porém, acautela-te nas criações verbais, como quem não se esquece das contas naturais a serem acertadas no dia próximo.



Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




NÃO ENTENDEM



“Querendo ser doutores da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam”.
Paulo (I Timóteo, 1:7)



Em todos os lugares surgem multidões que abusam da palavra.

Avivam-se discussões destrutivas, na esfera da ciência, da política, da filosofia, da religião.

Todavia, não somente nesses setores da atividade intelectual se manifestam semelhantes desequilíbrios.

A sociedade comum, em quase todo o mundo, é campo de batalha, nesse particular, em vista da condenável influência dos que se impõem por doutores em informações descabidas.

Pretensiosas autoridades nos pareceres gratuitos, espalham a perturbação geral, adiam realizações edificantes, destroem grande parte dos germens do bem, envenenam fontes de generosidade e fé e, sobretudo, alterando as correntes do progresso, convertem os santuários domésticos em trincheiras da hostilidade cordial.

São esses envenenadores inconscientes que difundem a desarmonia, não entendendo o que afirmam.

Quem diz, porém, alguma coisa está semeando algo no solo da vida, e quem determina isto ou aquilo está consolidando a semeadura.

Muitos espíritos nobres são cultivadores das árvores da verdade, do bem e da luz; entretanto, em toda parte movimentam-se também os semeadores do escalracho da ignorância, dos cardos da calúnia, dos espinhos da maledicência.

Através deles opera-se a perturbação e o estacionamento.

Abusam do verbo, mas pagam a leviandade a dobrado preço, porquanto, embora desejem ser doutores da lei e por mais intentem confundir-lhe os parágrafos e ainda que dilatem a própria insensatez por muito tempo, mais se aproximam dos resultados de suas ações, no círculo das quais essa mesma lei lhes impõe as realidades da vida eterna, através da desilusão, do sofrimento e da morte.



Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




APROVEITAMENTO



“Medita estas coisas; ocupa-te nelas para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos”.
Paulo (I Timóteo, 4:15)


Geralmente, o primeiro impulso dos que ingressam na fé constitui a preocupação de transformar compulsoriamente os outros.

Semelhante propósito, às vezes, raia pela imprudência, pela obsessão.

O novo crente flagela a quantos lhe ouvem os argumentos calorosos, azorragando costumes, condenando idéias alheias e violentando situações, esquecido de que a experiência da alma é laboriosa e longa e de que há muitas esferas de serviço na casa de Nosso Pai.

Aceitar a boa doutrina, decorar-lhe as fórmulas verbais e estender-lhe os preceitos são tarefas importantes, mas aproveitá-la é essencial.

Muitos companheiros apregoam ensinamentos valiosos, todavia, no fundo, estão sempre inclinados a rudes conflitos, em face da menor alfinetada no caminho da crença.

Não toleram pequeninos aborrecimentos domésticos e mantêm verdadeiro jogo de máscara em todas as posições.

A palavra de Paulo, no entanto, é muito clara.

A questão fundamental é de aproveitamento.

Indubitável que a cultura doutrinária representa conquista imprescindível ao seguro ministério do bem; contudo, é imperioso reconhecer que se o coração do crente ambiciona a santificação de si mesmo, a caminho das zonas superiores da vida, é indispensável se ocupe nas coisas sagradas do espírito, não por vaidade, mas para que o seu justo aproveitamento seja manifesto a todos.




Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




NÃO CONFUNDAS



“Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido”.
Paulo (Romanos, 10:11).



Em todos os círculos do Cristianismo há formas diversas quanto à crença individual.

Há católicos romanos que restringem ao padre o objeto de confiança; reformistas evangélicos que se limitam à fórmula verbal e espiritistas que concentram todas as expressões da fé na organização mediúnica.

É natural, portanto, a colheita de desilusões.

Em todos os lugares, há sacerdotes que não satisfazem, fórmulas verbalistas que não atendem e médiuns que não solucionam todas as necessidades.

Além disso, temos a considerar que toda crença cega, distante do Cristo, pode redundar em séria perturbação... Quase sempre, os devotos não pedem algo mais que a satisfação egoística no culto comum, no sentimento rudimentar de religiosidade, e, daí, os desastres do coração.

O discípulo sincero, em todas as circunstâncias, compreende a probabilidade de falência na colaboração humana e, por isso, coloca o ensino de Jesus acima de tudo.

O Mestre não veio ao mundo operar a exaltação do egoísmo individual e, sim, traçar um roteiro definitivo às criaturas, instituindo trabalho edificante e revelando os objetivos sublimes da vida.

Lembra sempre que a tua existência é jornada para Deus.

Em que objeto centralizas a tua crença, meu amigo? Recorda que é necessário crer sinceramente em Jesus e segui-Lo, para não sermos confundidos.


Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




PADRÃO




“Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor”.
(Atos, 11:24)


Alcançar o título de sacerdote, em obediência a meros preceitos do mundo, não representa esforço essencialmente difícil. Bastará a ilustração da inteligência na ordenação convencional.

Ser teólogo ou exegeta não relaciona obstáculos de vulto. Requere-se apenas a cultura intelectual com o estudo acurado dos números e das letras.

Pregar a doutrina não apresenta óbices de relevo. Pede-se tão só a ênfase ligada à correta expressão verbalista.

Receber mensagens do Além e transmiti-las a outrem pode ser a cópia do serviço postal do mundo.

Aconselhar os que sofrem e fornecer elementos exteriores de iluminação constituem serviços peculiares a qualquer homem que use sensatamente a palavra.

Sondagens e pesquisas, indagações e análises são velhos trabalhos da curiosidade humana.

Unir almas ao Senhor, porém, é atividade para a qual não se prescinde do apóstolo.

Barnabé, o grande cooperador do Mestre, em Jerusalém, apresenta as linhas fundamentais do padrão justo.

Vejamos a aplicação do ensinamento à nossa tarefa cristã.

Todos podem transmitir recados espirituais, doutrinar irmãos e investigar a fenomenologia, mas para imantar corações em Jesus-Cristo é indispensável sejamos fiéis servidores do bem, trazendo o cérebro repleto de inspiração superior e o coração inflamado na fé viva.

Barnabé iluminou a muitos companheiros “porque era homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé”.

Jamais olvidemos semelhante lição dos Atos. Trata-se de padrão que não poderemos esquecer.



Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




ABRE A PORTA




“E havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”.
(João, 20:22).


Profundamente expressivas as palavras de Jesus aos discípulos, nas primeiras manifestações depois do Calvário.

Comparecendo à reunião dos companheiros, espalha sobre eles o seu espírito de amor e vida, exclamando: “Recebei o Espírito Santo".

Por que não se ligaram as bênçãos do Senhor, automaticamente, aos aprendizes? por que não transmitiu Jesus, pura e simplesmente, o seu poder divino aos sucessores? Ele, que distribuíra dádivas de saúde, bênçãos de paz, recomendava aos discípulos recebessem os divinos dons espirituais. Por que não impor semelhante obrigação?

É que o Mestre não violentaria o santuário de cada filho de Deus, nem mesmo por amor.

Cada espírito guarda seu próprio tesouro e abrirá suas portas sagradas à comunhão com o Eterno Pai.

O Criador oferece à semente o sol e a chuva, o clima e o campo, a defesa e o adubo, o cuidado dos lavradores e a bênção das estações, mas a semente terá que germinar por si mesma, elevando-se para a luz solar.

O homem recebe, igualmente, o Sol da Providência e a chuva de dádivas, as facilidades da cooperação e o campo da oportunidade, a defesa do amor e o adubo do sofrimento, o carinho dos mensageiros de Jesus e a bênção das experiências diversas; todavia, somos constrangidos a romper por nós mesmos os envoltórios inferiores, elevando-nos para a Luz Divina.

As inspirações e os desígnios do Mestre permanecem à volta de nossa alma, sugerindo modificações úteis, induzindo-nos à legítima compreensão da vida, iluminando-nos através da consciência superior, entretanto, está em nós abrir-lhes ou não a porta interna.

Cessemos, pois, a guerra de nossas criações inferiores do passado e entreguemo-nos, cada dia, às realizações novas de Deus, instituídas a nosso favor, perseverando em receber, no caminho, os dons da renovação constante, em Cristo, para a vida eterna.




Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




domingo, 14 de setembro de 2014

LEVANTAI OS OLHOS



“Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa”.
Jesus. (João, 4:35).




O mundo está cheio de trabalhos ligados ao estômago.

A existência terrestre permanece transbordando emoções relativas ao sexo.

Ninguém contesta o fundamento sagrado de ambos, entretanto, não podemos estacionar numa ou noutra expressão.

Há que levantar os olhos e devassar zonas mais altas. É preciso cogitar da colheita de valores novos, atendendo ao nosso próprio celeiro.

Não se resume a vida a fenômenos de nutrição, nem simplesmente à continuidade da espécie.

Laborioso serviço de iluminação espiritual requisita o homem.

Valiosos conhecimentos reclamam-no a esferas superiores.

Verdades eternas proclamam que a felicidade não é um mito, que a vida não constitui apenas o curto período de manifestações carnais na Terra, que a paz é tesouro dos filhos de Deus, que a grandeza divina é a maravilhosa destinação das criaturas; no entanto, para receber tão altos dons é indispensável erguer os olhos, elevar o entendimento e santificar os raciocínios.

É imprescindível alçar a lâmpada sublime da fé, acima das sombras.

Irmão muito amado, que te conservas sob a divina árvore da vida, não te fixes tão somente nos frutos da oportunidade perdida que deixaste apodrecer, ao abandono... Não te encarceres no campo inferior, a contemplar tristezas, fracassos, desenganos!... Olha para o alto!... Repara as frondes imortais, balouçando-se ao sopro da Providência Divina! Dá-te aos labores da ceifa e observa que, se as raízes ainda se demoram presas ao solo, os ramos viridentes, cheios de frutos substanciosos, avançam no Infinito, na direção dos Céus.



Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




A LUZ SEGUE SEMPRE



“E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram”.
(Lucas, 24:11).




A perplexidade surgida no dia da Ressurreição do Senhor ainda é a mesma nos tempos que passam, sempre que a natureza divina e invisível ao olhar comum dos homens manifesta suas gloriosas mensagens.

As mulheres devotadas, que se foram em romaria de amor ao túmulo do Mestre, sempre encontraram sucessores. Todavia, são muito raros os Pedros que se dispõem a levantar para a averiguação da verdade.

Em todos os tempos, os transmissores de notícias de além-túmulo peregrinaram na Terra, quanto hoje.

As escolas religiosas deturpadas, porém, somente em raras ocasiões aceitaram o valioso concurso que se lhes oferecia.

Nas épocas passadas, todos os instrumentos da revelação espiritual, com raras exceções, foram categorizados como bruxos, queimados na praça pública e, ainda hoje, são tidos por dementes, visionários e feiticeiros.

É que a maioria dos companheiros de jornada humana vivem agarrados aos inferiores interesses de alguns momentos e as palavras da verdade imortalista sempre lhes pareceram consumado desvario.

Entregues ao efêmero, não creem na expansão da vida, dentro do infinito e da eternidade, mas a luz da Ressurreição prossegue sempre, inspirando seus missionários ainda incompreendidos.




Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




MARCAS




“Desde agora ninguém me moleste, porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus”.
Paulo (Gálatas, 6:17).



Todas as realizações humanas possuem marca própria.

Casas, livros, artigos, medicamentos, tudo exibe um sinal de identificação aos olhos atentos.

Se medida semelhante é aproveitada na lei de uso dos objetos transitórios, não se poderia subtrair o mesmo princípio, na catalogação de tudo o que se refira à vida eterna?

Jesus possui, igualmente, os sinais dEle. A imagem utilizada por Paulo de Tarso, em suas exortações aos gálatas, pode ser mais extensa. As marcas do Cristo não são apenas as da cruz, mas também as de sua atividade na experiência comum.

Em cada situação, o homem pode revelar uma demonstração do Divino Mestre.

Jesus forneceu padrões educativos em todas as particularidades da sua passagem pelo mundo.

O Evangelho no-lo apresenta nos mais diversos quadros, junto ao trabalho, à simplicidade, ao pecado, à pobreza, à alegria, à dor, à glorificação e ao martírio.

Sua atitude, em cada posição da vida, assinalou um traço novo de conduta para os aprendizes.

Todos os dias, portanto, o discípulo pode encontrar recursos de salientar suas ações mais comuns com os registros de Jesus.

Quando termine cada dia, passa em revista as pequeninas experiências que partilhaste na estrada vulgar.

Observa os sinais com que assinalaste os teus atos, recordando que a marca do Cristo é, fundamentalmente, aquela do sacrifício de si mesmo para o bem de todos.



Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




AOS DISCÍPULOS



“Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos”.
Paulo. (I Coríntios, 1:23).


A vida moderna, com suas realidades brilhantes, vai ensinando às comunidades religiosas do Cristianismo que pregar é revelar a grandeza dos princípios de Jesus nas próprias ações diárias.

O homem que se internou pelo território estranho dos discursos, sem atos correspondentes à elevação da palavra, expõe-se, cada vez mais, ao ridículo e à negação.

Há muitos séculos prevalece o movimento de filosofias utilitaristas. E, ainda agora, não escasseiam orientadores que cogitam da construção de palácios egoísticos à base do magnetismo pessoal e psicólogos que ensinam publicamente a sutil exploração das massas.

É nesse quadro obscuro do desenvolvimento intelectual da Terra que os aprendizes do Cristo são expoentes da filosofia edificante da renúncia e da bondade, revelando em suas obras isoladas a experiência divina d'Aquele que preferiu a crucificação ao pacto com o mal.

Novos discípulos, por isso, vão surgindo, além do sacerdócio organizado. Irmãos dos sofredores, dos simples, dos necessitados, os espiritistas cristãos encontram obstáculos terríveis na cultura intoxicada do século e no espírito utilitário das idéias comodistas.

Há quase dois mil anos, Paulo de Tarso aludia ao escândalo que a atitude dos aprendizes espalhava entre os judeus e à falsa impressão de loucura que despertava nos ânimos dos gregos.

Os tempos de agora são aqueles mesmos que Jesus declarava chegados ao Planeta; e os judeus e gregos, atualizados hoje nos negocistas desonestos e nos intelectuais vaidosos, prosseguem na mesma posição do início.

Entre eles surge o continuador do Mestre, transmitindo-lhe o ensinamento com o verbo santificado pelas ações testemunhais.

Aparecem dificuldades, sarcasmos e conflitos.

O aprendiz fiel, porém, não se atemoriza.

O comercialismo da avareza permanecerá com o escândalo e a instrução envenenada demorar-se-á com os desequilíbrios que lhe são inerentes.

Ele, contudo, seguirá adiante, amando, exemplificando e educando com o Libertador imortal.




Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.




MULTIDÕES




“Tenho compaixão da multidão”.
Jesus. (Marcos, 8:2).



Os espíritos verdadeiramente educados representam, em todos os tempos, grandes devedores à multidão.

Raros homens, no entanto, compreendem esse imperativo das leis espirituais.

Em geral, o mordomo das possibilidades terrestres, meramente instruído na cultura do mundo, esquiva-se da massa comum, ao invés de ajudá-la.

Explora-lhe as paixões, mantém-lhe a ignorância e costuma roubar-lhe o ensejo de progresso.

Traça leis para que ela pague os impostos mais pesados, cria guerras de extermínio, em que deva concorrer com os mais elevados tributos de sangue.

O sacerdócio organizado, quase sempre, impõe-lhe sombras, enquanto a filosofia e a ciência lhe oferecem sorrisos escarnecedores.

Em todos os tempos e situações políticas, conta o povo com escassos amigos e adversários em legiões.

Acima de todas as possibilidades humanas, entretanto, a multidão dispõe do Amigo Divino.

Jesus prossegue trabalhando.

Ele, que passou no Planeta entre pescadores e proletários, aleijados e cegos, velhos cansados e mães aflitas, volta-se para a turba sofredora e alimenta-lhe a esperança, como naquele momento da multiplicação dos pães.

Lembra-te, meu amigo, de que és parte integrante da multidão terrestre.

O Senhor observa o que fazes.

Não roubes o pão da vida; procura multiplicá-lo.




Do livro "VINHA DE LUZ" pelo Espírito EMMANUEL,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.