sexta-feira, 30 de maio de 2014

CARTA AOS DISCÍPULOS



Se és discípulo sincero
Do Evangelho de Jesus,
Não deponhas no caminho
O peso de tua cruz.

Pelo fato de estudantes
Nesse roteiro de amor,
Encontrarás na tarefa
O cálice de amargor.

É que quanto mais te eduques
Nos esforços da ascensão,
Mais sofrerás com o duelo
Do egoísmo e da ambição.

Pensando no Amado Mestre,
Ponderando-Lhe a bondade,
Hás de chorar, vendo o mundo
No abismo da iniquidade.

Terás dor, porquanto, em paz,
Nunca feres, nem odeias.
Sentido contigo próprio
As amarguras alheias.

Vai com fé pelo caminho,
Leva a charrua na mão,
Trabalha, aguardando o Cristo
No fundo do coração.

Desconfia da lisonja.
Esquece o que te ofender.
Coloca, acima dos homens,
O que te cumpre fazer.

Sê modesto. Há sempre últimos
Que no céu serão primeiros.
Conta sempre com Jesus
Acima dos companheiros.

Um amigo terrestre pode
Ir com tua alma ao porvir,
Mas inda é o homem do mundo
Sempre disposto a cair.

Recebe com precaução
Quem te venha agradecer.
Por muita coisa que faças
Não fazes mais que o dever.

A palavra sem os atos
É um cofre sonoro e oco.
Evita o que fala muito
E edifica muito pouco.

Sê desprendido da posse,
Mas, conserva os bens da luz.
O discípulo conhece
Que ele próprio é de Jesus.

Nunca sirvas às discórdias,
Ao despeito, à confusão.
Deves ser, por onde passes,
Ensino e consolação.

Sabendo que nada vales
Sem o amparo do Senhor,
Conquistarás no futuro
O seu Reinado de Amor.


Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



quinta-feira, 29 de maio de 2014

CARTA AOS INVESTIGADORES DO ESPIRITISMO



Meu irmão, guarda a certeza
De que a mundana ciência
É muito, mas não é tudo
Na paz de nossa existência.

Mormente se já tiveste
A nossa expressão de amor,
Coloca a fé sobre tudo
Na tua vida interior.

Tua razão inda é humana,
Falível e pequenina...
A fé, porém, é um clarão
Da Consciência Divina.

Muita pompa de palavras,
Muita terminologia,
Complicam muito no mundo
A nossa filosofia.

O grande cientificismo
De alma pobre e presunçosa
Transforma os nossos princípios
Em confusão palavrosa.

A lição do Espiritismo
É um grande manancial,
Onde as águas da Verdade
São claras como o cristal.

Tudo é simples, tudo é puro
Nessa fonte de harmonia.
Muita tese complicada
É o que gera a fantasia.

O método mais sublime
De toda doutrinação
É aquele que acende a luz
Do altar de teu coração.

Ciência nunca faltou
Na marcha da Humanidade,
Mas, sempre minguou na Terra
O grande bem da humildade.

Modernamente, a ciência
Tem seu magro esplendor.
Tem-se tudo e o mundo marcha
Para a guerra e para a dor.

Por vezes, no mar das lutas,
A razão vai na maré
Se em seu roteiro de estudos
Não tem o farol da fé.

Não se deve desprezar
Os bens do racionalismo,
Mas, nunca olvides a fé
No labor do Espiritismo.

Com teus pesos e medidas
Tu podes hoje ser forte,
Somente a fé, todavia,
Nos esclarece na morte.

Não te esqueças, meu amigo
Nossa comunicação
Constitui a renascença
Do pensamento cristão.



Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



CARTA AOS MÉDIUNS



Irmão, se a mediunidade
Faz parte de tua ação,
Procura nos Evangelhos
A senda de redenção.

Sei que choras, sei que lutas,
Sei que padeces, porém,
Teu serviço na Verdade
É o santo esforço do Bem.

Faculdades numerosas
Não representam a luz.
Bom médium é todo aquele
Que anda sempre com Jesus.

Humildade, tolerância,
Amor e compreensão
Devem ser toda a ciência
De tua demonstração.

Foge sempre do elogio
De espíritos displicentes.
Do quadro de teus amigos
Prefere os mais exigentes.

Um médium, por suscetível,
Pode, às vezes, se perder.
Sê forte. Toda opinião
Tem sua razão de ser.

Não olvides, no caminho,
Que acima das devoções,
Deve estar o cumprimento
De tuas obrigações.

Trabalha. Não comercies
Com as coisas santas de Deus.
Teus esforços são sagrados
No abrigo e no pão dos teus.

Sobre o anseio das pessoas
Coloca os princípios santos.
Caridade esclarecida
Evita-nos muitos prantos.

Muita gente te procura
Sob impressões singulares.
Não te perturbe o egoísmo
Dos casos particulares.

Na escola da dor terrestre
Cada qual tem sua cruz;
Não podes modificar
A ordenação de Jesus.

Não provoques o invisível.
Em qualquer mediunidade,
Não se pode prescindir
De toda a espontaneidade.

Não guardes a pretensão
De seres maior que alguém.
Deus tem muitos instrumentos
No eterno labor do Bem.

Cada médium tem seu campo
Determinado de ação.
Multiplica os bens divinos,
Guardados na tua mão.

Publicidade? Não tenhas
Desejos e ânsias fatais.
A vaidade, por vezes,
Vem da letra dos jornais.

Pensa muito, estuda muito.
Qualquer provisão de luz
Aumenta o valor divino
De tua ação com Jesus.

Não te entregues no caminho
A todo cientificismo.
Ciência sem consciência
É porta aberta de abismo.

Não desdenhes o ambiente
Onde o teu campo produz,
Nem a pequena aventura
Que te impressiona ou seduz.

Se fores mistificado
Não te esqueças mesmo aí,
Que tudo é lição do Além
Que não se esquece de ti.

Ora e vigia. E que Deus
Das luzes da Perfeição,
Aclare o teu pensamento,
Conforte o teu coração.



Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



CARTA AOS CRENTES NOVOS



Amigo, chegas agora,
Do mundo de sombra e dor,
Para o banquete sublime
De luz do Consolador.

Já sei que sentes o fogo
Da crença e da devoção,
Desejando desdobrar
O esforço de salvação.

Vibra na paz de tua alma
O desejo superior,
De espalhar em longos jorros
A fonte de teu amor.

Mas, ouve. Acalma a ansiedade,
Porque no mundo infeliz,
Cada qual tem sua chaga
Em vias de cicatriz.

Nesse número de enfermos,
Não te esqueças de contar
Os próprios irmãos do sangue
Que o céu te manda ajudar.

Todo esse fogo da fé
Não desperdices a esmo,
Busca aplicar seu calor
Na perfeição de ti mesmo.

Tão grande é o penoso esforço
Da última redenção,
Que não basta uma só vida
Pela própria conversão.

Acham muitos que a doutrina
Para ensinar ou vencer,
Precisa de certos homens
Do galarins do poder.

Mas, eu suponho o contrário.
Em seu anseio de luz,
O homem é que precisa
Da doutrina de Jesus.

Em se tratando de crenças,
Nunca venhas a olvidar
Que o Sol nunca precisou
Dos homens para brilhar.

Fala pouco. Pensa muito.
Sobretudo, faze o bem.
A palavra sem a ação
Não esclarece a ninguém.

Não guardes muita ansiedade
Se o Evangelho te conduz.
Lembra que dura há milênios
A esperança de Jesus.



Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



sábado, 24 de maio de 2014

O DESPERTADOR



O relógio é o grande amigo
Na vida da criatura;
Acompanha-lhe a viagem
Desde o berço à sepultura.

Metódico, dedicado,
Movimentando os ponteiros,
Marca os risos infantis
E os gemidos derradeiros.

Revela oportunidades,
Mostra a bênção do minuto,
Indica tempo à semente,
Como indica tempo ao fruto.

Mas de todos os relógios
Que atendem cheios de amor
É justo salientar
O amigo despertador.

Quando alguém dorme ao cansaço,
Ele vibra, ajuda e vela,
Ritmando o tique-taque,
Tem coisas de sentinela.

Na hora esperada e justa,
Pontual, invariável,
Chama à luta o companheiro
Em bulha desagradável.

O seu barulho interrompe
O repouso desejado,
Acorda-se quase à força,
Levanta-se estremunhado.

Mas, somente ao seu apelo,
Há lembrança dos serviços,
Buscando-se incontinenti
A zona dos compromissos.

Assim, na vida comum,
Nas lutas de redenção,
Todo o tempo é precioso
Em qualquer situação.

*

Mas o tempo que nos fere,
Em provas, serviço e dor,
É o melhor de todos eles,
É o nosso despertador.




Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O SILÊNCIO



Quem procura no silêncio
A inspiração e a beleza,
Penetra o templo invisível
Das forças da Natureza.

Jamais sentiste o cansaço
No excesso de burburinho?
O silêncio é o companheiro
Que conhece o bom caminho.

Em seu campo generoso,
Há tréguas ao pensamento,
Recebe-se luz sublime
De verdade e entendimento.

O homem que se mergulha
Nas vozes do turbilhão,
Condena-se, muita vez,
Aos cárceres da aflição.

É preciso, quase sempre,
Procurar na soledade
A solução dos problemas
À luz da serenidade.

Se possível, vai ao plano
Das árvores carinhosas,
Onde as coisas falam sempre
Em notas harmoniosas.

Mas se não podes fugir
Às zonas de inquietação,
Procura o silêncio amigo
Na paz da meditação.

Todos temos em nós mesmos
Os vales da experiência
E as montanhas solitárias
Nos cimos da consciência.

Não te dês todo aos rumores
Das lutas de cada hora;
Que a palavra seja em tudo
Tua serva e não senhora.

*

Quando achares no silêncio
Os segredos da energia,
Terás penetrado a esfera
De paz e sabedoria.



Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O CEMITÉRIO



Tristeza, luto e silêncio,
Desolação e amargor.
O quadro de um cemitério
Inspira saudade e dor.

Aqui, lápides custosas,
Ali, raros mausoléus,
Anjos de pedra apontando
A cúpula azul dos céus.

Além sepulturas pobres,
Sem o mármore das lousas,
Que se confundem sem palmas
No seio comum das coisas.

Em uns, a ambição pomposa
Que se estende à própria morte;
Em outros, o esquecimento,
Contrastes das mãos da sorte.

Mas em todos os recantos,
A realidade é a lição
Do túmulo: o estojo triste
De sombras e podridão.

E o cemitério descansa
Em triste serenidade,
Assinalando em silêncio
O fim de toda a vaidade.

No entanto, entre as cruzes mortas,
Sobre corpos verminados,
A primavera traz lírios
Risonhos e perfumados.

Cantam rosas de alegria
Sobre as dores da tristeza;
O cipreste enfeita os dias
E as noites da Natureza.

Já observaste? No mundo,
Nos trilhos mais viciados,
Temos sido muitas vezes
Como “túmulos caiados”.

*

Mas Jesus que é o Jardineiro
Da paz, do amor, da bonança,
Faz florir em nossas trevas
Seus caminhos de esperança.



Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O FAROLEIRO



Enquanto o leque da noite
Agrava a sombra e o perigo,
A distância, eis que se acende
O farol bondoso e amigo.

A luz define os caminhos,
Mostra o vulto dos rochedos,
Pode o barco prosseguir,
A treva não tem segredos.

Tudo é noite sobre o abismo,
Mas na torre existe alguém,
Atento em manter a luz,
Disposto a fazer o bem.

É o faroleiro. Em silêncio
Clareia a amplidão do mar,
Determina o rumo certo
E atende sem perguntar.

Navios maravilhosos,
Em prodígios de conforto,
Recebem-lhe o benefício
E seguem, de porto a porto.

Passam barcos de descanso,
Jangadas laboriosas. . .
O farol ajuda sempre
Sem perguntas ociosas.

Todos devem ao farol,
Do comando ao marinheiro,
Mas quase ninguém conhece
As dores do faroleiro.

Por servir e auxiliar,
Aceita uma condição:
A vida de insulamento
Muita vez em privação.

Se ouvirmos as grandes vozes
Da verdade soberana,
Na terra acontece o mesmo
Nos mares da luta humana.

*

Quem possa trazer mais luz
Vive em campo solitário,
Tal qual o Mestre Amoroso
Da torre em cruz do Calvário.



Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A CAPA



Enquanto vibra o calor
Do verão, em luz florida,
A capa confortadora
Permanece recolhida.

Em tudo há sol claro e quente,
Após a bênção do orvalho. . .
Oculta-se a capa amiga
Nas reservas de agasalhos.

Entretanto, chega um dia,
Que surge na imensidão,
Envolto de sombras frias
E sopros de tempestade.

Rajadas dilacerantes
Invadem a atmosfera,
Não mais a carícia doce
Das tardes de primavera.

De outras vezes, muito embora
Cesse a grande ventania,
Continua o inverno forte,
Torturando noite e dia.

Ar gelado, névoas densas
Ao longo de toda a estrada,
Se a neve não cai do céu,
A terra sofre a geada.

É quando a capa bondosa
Aparece no caminho,
Como a terna mensageira
Do consolo e do carinho.

Requestada em toda parte,
No tempo frio e brumoso,
Trabalha, conforta e ajuda,
Sem as pausas do repouso.

Assim, no inverno das dores
Que trazem desolação,
A crença é a capa celeste
Que agasalha o coração.

*

Mas no mundo há muito crente,
Que quando padece e chora,
Desatende a Providência
E atira com a capa fora.



Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A LÃ



Em todas as latitudes
Da terra que aperfeiçoa,
É sempre meiga e benvinda
A lã carinhosa e boa.

Conserva a saúde e a vida,
Nos invernos, nos trabalhos,
É mãe delicada e nobre
Dos mais puros agasalhos.

Faz frio? Desceu a noite
Em borrascas escarninhas?
A lã protetora e santa
Vai vestir as criancinhas.

Há velhice amargurada
Movendo-se quase morta?
A divina benfeitora
Vem de leve e reconforta.

Enfermos entristecidos
Atados a grandes dores?
Recolhe-os bondosamente
Em ninhos de cobertores.

Presta aos homens neste mundo
Auxílio amoroso e forte,
Desde o berço da chegada,
Ao leito de dor na morte.

Heroína afetuosa
De serviço e de bondade,
Preserva no mundo inteiro
O corpo da Humanidade.

Quem a veste, conservando-a,
Encontra incessantemente
A couraça que resiste
Ao frio mais inclemente.

Lembremos, vendo-a servir
Sem recompensa e sem palmas,
O Cordeiro que dá lã
Necessária a nossas almas.

*

Não te doa nos caminhos
O inverno de angústia e pranto:
Vistamos os sentimentos
Em lã do Cordeiro Santo.



Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O ORVALHO



Se a chuva pode tardar,
Há sempre a bênção do orvalho,
Sustentando a Natureza
No campo do seu trabalho.

Ao termo de cada noite,
Nas auroras coloridas,
Podemos felicitá-lo
Nas ervas agradecidas.

A planta nunca descrê;
Espera, trabalha e dá.
Na luta jamais se esquece
Que o Pai não a esquecerá.

Se o ano é de chuva escassa
Para o bem das produções,
Muitas vezes basta o orvalho
Na força das estações.

Ao seu beijo a terra espera,
A folha volta ao verdor,
A flor ostenta-se em festa,
O dia é renovador.

Nas forças da Natureza,
O orvalho é como o sorriso
Que desce diariamente
Das bênçãos do paraíso.

Seu hálito carinhoso
Ameniza a atmosfera;
No verão mais sufocante
É filho da primavera.

É sempre um fraterno amigo,
Um símbolo de defesa,
Do bem entre as forças várias
Que oprimem a Natureza.

A nós outros, ele ensina,
No efeito de sua ação,
Quanto pode conseguir
A boa disposição.

*

Sorrisos, calma, bondade,
Prudência, paz, bom humor,
São em tudo o brando orvalho
Da altura do nosso amor.



Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O LUAR



Nas bênçãos de paz da noite,
Talvez a maior beleza
Seja o luar que se espalha
Na vida da Natureza.

O campo dorme em silêncio,
E o luar na estrada em flor
Distribui com toda a planta
O orvalho confortador.

Do céu alto manda brisas
Alegres e perfumadas
Beijar as folhas mais pobres,
Tristonhas e abandonadas.

Por todo o lugar desdobra
Sua luz aberta em palmas,
Afagando as esperanças
Do divino amor das almas.

Em toda parte onde exista
O anseio de um coração,
Ensina o carinho amigo
Do alfabeto da afeição.

Desde os tempos mais remotos,
O luar, pelas estradas,
Foi tido como padrinho
Das almas enamoradas.

Ao nosso ver, todavia,
Nas grandes lições do mundo,
Sua imagem representa
Simbolismo mais profundo.

Sua luz mantém na noite
A mais nobre das disputas,
Não cedendo à treva espessa
As posses absolutas.

Entre os homens deste mundo,
O mal, o crime e o ateísmo
Tudo ensombram provocando
A noite de um grande abismo.

*

Mas a esperança resiste
E acende na noite imensa.
A luz clara e generosa
Do eterno luar da crença.



Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier