quarta-feira, 21 de maio de 2014

A MUDA



Quem penetre no jardim,
Quando em plena floração,
Não pode dissimular
Sincera admiração.

Açucenas desabrocham
Desdobrando-se em beleza,
Mostrando a maternidade
Das forças da Natureza.

Além do jardim florido,
Quem se dirija ao pomar,
Experimenta emoção
Que não pode disfarçar.

As árvores generosas,
Sob auréolas de verdura,
Servem pomos de bondade
Às mesas da criatura.

Flores ricas, frutos nobres,
Na abundância indefinível,
Demonstram a Providência
Na bondade inexaurível.

Observe-se, porém,
Como quem cumpre o dever,
Que o nosso primeiro impulso
Vem da ideia de colher.

As flores são decepadas,
Esmaga-se o fruto a esmo,
Em tudo o egoísmo extremo,
Dando conta de si mesmo.

São raros os previdentes
Que guardam consigo a muda,
Por plantá-la com desvelo
Na terra que sempre ajuda.

Em nossa vida, igualmente,
Se vamos à luz dos bons,
Refletimos tão somente
Na colheita de seus dons.

*

Não basta, porém, ganhar,
Por deixarmos de ser pobre:
Plantemos em nossa vida
A muda do exemplo nobre.



Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






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