No conjunto dos trabalhos,
A enxada pobre e esquecida
E’ uma agulha generosa
Que borda o lençol da vida.
Com desvelos carinhosos,
Faz o berço às sementeiras,
Protege os rebentos frágeis,
Traçando caminho às leiras.
Essa agulha delicada,
Vibrando de pólo a pólo,
Aperfeiçoa a paisagem,
Lançando mais vida ao solo.
Obediente e bondosa,
Coopera com o lavrador,
E onde passa costurando,
Eis que o chão transborda em flor.
Devem-lhe muito os celeiros
Na colheita farta, imensa,
Mas a enxada dadivosa
Nunca pede recompensa.
Seu prazer está nas lutas,
Nos trabalhos naturais;
Alguém lucra em seus esforços?
Mais serviço e terás mais.
Não sabe se há chuvas fortes,
Se há calor de requeimar,
Disposta sempre ao possível,
Tem gosto de trabalhar.
Modesta, criteriosa,
Atende ao labor que a chama,
Fiel ao bom lavrador,
Executa o seu programa.
Instrumento valoroso,
Que não trai nem esmorece,
Exemplifica no mundo
A humildade que obedece.
*
Imagina a tua glória,
Teu triunfo jamais visto,
Quando fores boa enxada
Nas divinas mãos do Cristo.
Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier
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