Nas
grandes horas, nunca falta a ironia, em derredor dos servidores da Verdade
Eterna. E, para confortar os seus seguidores, suportou-a Jesus, heroicamente, no
extremo testemunho. Amara a todas as criaturas de seu caminho, com igual
devotamento, servira-as, indistintamente, entregando-lhes os bens de Deus, sem
retribuição, exemplificara a simplicidade fiel e multiplicara os beneficiários de
todos os matizes, em torno de seu coração por onde passasse.
Desdobrava-se
lhe o Apostolado Divino, sem vantagens materiais e sem interesses inferiores, mas
os homens arraigados à Terra não lhe toleraram as revelações do Céu. Porque não
podiam destruir lhe a verdade, entregaram-no à justiça do mundo e, tão logo
organizado o processo infamante, a ironia rondou o
Senhor
até a crucificação.
Trouxera
o Evangelho Libertador à Humanidade e recebeu a calúnia e a perseguição.
Ele, que
ouvia a Voz Suprema, foi preso por varapaus.
Distribuíra
benefícios para todos os séculos, contudo, foi segregado num cárcere.
Vestira as almas de
esperança e paz, no entanto, impuseram-lhe a túnica do escárnio.
Ensinara sublimes
lições de renúncia e humildade e foi submetido a perturbadores interrogatórios
pelos acusadores sem consciência.
Rompera as algemas da
ignorância, entretanto, foi coagido a aceitar a cruz.
Coroou a fronte dos
semelhantes com a luz da libertação espiritual, todavia, foi coroado de
espinhos ingratos.
Oferecera carícias
aos sofredores e desamparados do mundo, recebendo açoites e bofetadas.
Fundara o Reino do
Amor Universal e obrigaram-no a empunhar uma cana à guisa de cetro.
Ensinou a ordem entre
os homens pela perfeita fidelidade ao Supremo Senhor e o boato lhe pôs na boca
expressões que nunca pronunciou.
Abrira na Terra a
fonte das Águas Vivas, entretanto, deram-lhe vinagre quando tinha sede.
Ele que amara a
simplicidade, a religião e o respeito, foi crucificado seminu, sob o cuspo da
perversidade, entre dois ladrões.
Jesus, porém,
sentindo embora a ironia que o cercava, não reclamou, nem feriu a ninguém, não
comprometeu os companheiros, nem exigiu a consideração de seus deveres.
Compreendeu a ignorância dos homens, rogou para eles o perdão do Pai e dirigiu-se
a outros trabalhos, no seu divino serviço à Humanidade.
Nenhum servidor fiel
do bem, portanto, escapará ao assédio da ironia. É preciso, porém, recordar o
Mestre, evitar o escândalo, pedir ao Supremo Pai pelos escarnecedores infelizes
e continuar trabalhando com o Senhor, dentro da mesma confiança do primeiro dia.
Emmanuel
Do Livro: Coletâneas do Além. Pelo
Espírito Emmanuel - psicografado por Francisco Cândido Xavier
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