quarta-feira, 16 de abril de 2014

A BARATA NA REUNIÃO MEDIÚNICA


Ary Brasil Marques

O rapaz chegou aflito ao Centro Espírita. Era a primeira vez que adentrava um Centro, mas sua agonia o levou a procurar ajuda.... Precisava conversar com alguém, desabafar suas aflições, ser ouvido. O dirigente, após pequeno diálogo, apresenta a receita:

_ “Você precisa desenvolver a mediunidade...” (?) e prossegue: “Sim, sentar-se à mesa, receber o mentor, trabalhar no bem...”

O rapaz não entende nada. Faz algumas perguntas que não são respondidas convenientemente e é levado naquela mesma hora a participar da reunião mediúnica daquela Casa embora até recusasse a orientação. Lembremo-nos que era a primeira vez que tomava contato com um Centro e que buscara alguém apenas para conversar...

Já na sala mediúnica acha estranho o ambiente: pessoas caladas e concentradas, luz reduzida. Ouve algumas preces e comentários e fica aguardando o que vai acontecer, já que nem sabe porque fora encaminhado para aquele local, pois nada conhecida sobre Espiritismo. A noite estava muito quente, as janelas bem abertas. Em dado momento, surge no ambiente uma barata voadora que após alguns voos rasantes sobre os presentes, pousa na gola da camisa daquele novato de Centro Espírita. Pousa e adentra pelas costas do infeliz.

Imaginem os leitores a cena de alguém sentado à mesa mediúnica com uma barata às costas dentro da camisa. Começa a contorcer-se, à maneira muito semelhante de um médium ainda indisciplinado e como instrumento de um espírito sofredor ou em dificuldades.

O dirigente da reunião não hesita:

- “Seja bem-vindo, meu irmão!” O rapaz então responde:
- “É uma barata” e recebe nova orientação:
- Não meu irmão, você não é uma barata, é apenas um espírito livre do corpo que agora precisa seguir o seu caminho, aprender coisas novas, adaptar-se à nova vida, progredir...” Aí um berro:
_ “É UMA BARAAATAA!” E sai correndo, derrubando cadeiras e livros, para nunca mais voltar àquela casa...

O leitor já percebeu com clareza: Não era uma comunicação de um espírito, o rapaz não era um médium... Um dirigente desatento, uma Casa mal orientada. Ausência do atendimento fraterno, despreparo na recepção de pessoas novas que chegam pela primeira vez. Um verdadeiro desastre.

A abordagem não tem função de crítica destrutiva. Trata-se de abrir os olhos para o que estamos fazendo e como estamos fazendo... A Doutrina é muito clara. As Casas Espíritas representam a Doutrina e precisam pautar suas atividades com seriedade e conhecimento.

Em primeiro lugar, o estudo, a orientação. Este, o estudo tem prioridade absoluta sobre tudo. Estudo que precisa abranger a infância, a mocidade, os adultos frequentadores, para termos em nossas Casas espíritas conscientes, coerentes e responsáveis....


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