Camille Flammarion
O popularizador da
Astronomia e divulgador do Espiritismo, "de estatura regular, de expressiva
fisionomia, o ilustre astrônomo parece concentrar em seu olhar toda a energia
de sua alma, toda a vivacidade de seu espírito. Até o nome leva o selo de sua
natureza e, por assim dizer, o signo estranho de seu destino (Flamma
Orionis...)" (Biografias, Artículos y Datos Espiritistas, recopilados por
E.E.G. - Madrid - Revista Psicologia La Irradición, 1896).
Astrônomo célebre, sábio e
filósofo, o extraordinário investigador francês é, também, famoso e respeitado
autor espírita, presidente da "Societé Astronomique de France",
diretor do Observatório de Juvisy, dotado de "estilo encantador"
(como se refere Léon Denis); ex-presidente da S.P.R. (Society for Psychical
Research), encarnado em Montigny-le-Roi, Haute-Marne, França, num sábado, à uma
hora do dia 26 de fevereiro de 1842; e, como ele mesmo diria mais tarde,
"estava muito impaciente para chegar à Terra, e não esperou os 9 meses;
nasceu aos 7 meses."
A região da cidade onde
nasceu teve uma grande influência romana; daí a razão de muitos dos seus
habitantes terem nomes com essa origem. Camille é um deles.
Era descendente de modesta
família de lavradores. Aos 4 anos sabia ler. Na Escola Comunal foi o primeiro
da classe, conquistando, nos primeiros cursos, uma Cruz de Honra, que guardava
como recordação de seu primeiro mestre, o Senhor Crapelet.
Sua desencarnação ocorreu,
aos 83 anos, em Juvisy-sur-Orge, França, tendo sido "inhumé dans son
jardin", no vasto Parque do Observatório, de Juvisy, no dia 4 de junho de 1925.
"Il est mort comme um poète, comme um amourex du ciel."
Com a sua desencarnação, sua
esposa Mme. Gabrielle Camille Flammarion (quando solteira, Gabrielle Renaudot,
que era sua secretária) assumiu a direção do Observatório, desencarnando,
porém, dois anos após.
Em 1858, com 16 anos de
idade, Camille foi admitido como auxiliar no Observatório de Paris e fez parte
do "Bureau des Longitudes", como calculador.
Desde muito jovem se deu a
conhecer no mundo das letras com a notável obra "La Pluralité des Mondes
Habités", que escreveu aos 19 anos de idade. Ele morou em Paris, no piso
mais alto de uma casa que forma a esquina da rua Cassini com a avenida do Observatório,
a que se ligou muito, pois foi aí que sofreu as amargas vicissitudes da luta pela
própria existência e onde gozou das maiores alegrias de sua vida. Nesta casa
ele escreveu a maioria das obras que lhe deram fama; onde também, depois de
casar-se, morou com a sua fiel companheira, esclarecida confidente de todos os
seus trabalhos, e sua preciosa secretária.
O gabinete de Flammarion era
muito singelo; mas, nas paredes, sobre o pavimento, em cima das mesas e das
cadeiras, por todos os lados, uma montanha de livros, periódicos, folhetos e
papéis. A sua mesa estava sempre coberta de cartas, que chegavam todos os dias,
dos quatro extremos do mundo, e de provas para a sua Revista
"L´Astronomie", que fundara em 1882, e para o "Nouveau
Dictionnaire Encyclopedique, etc."
Durante cerca de uma dezena
de anos, Flammarion recebia, quase todas as semanas, extensas cartas de um
Senhor chamado Meret, de Burgos, que o felicitava. - Flammarion, demasiado
ocupado para responder a tal desbordamento de entusiasmo, se contentava em dar-lhe
graças de vez em quando, por um breve bilhete de recebimento. Flammarion já não
se preocupava com o generoso Bordelés, quando, um dia, se apresentou um notário
em seu domicílio, para anunciar-lhe que M. Meret, sentindo próximo o seu fim, e
não tendo herdeiros, lhe legava totalmente - objetivando que a utilizasse para
seus estúdios - a bela e vasta propriedade que possuía em Juvisy, e que se
chamava, no país, o " castelo da corte de França..."
Em 1883, Flammarion fundou o
Observatório Juvisy, que dirigiu durante toda a sua vida. Foi presidente da
"Societé Astronomique de France" e professor do Príncipe Imperial.
Em 1923 presidiu a "Society for Psychical
Research". Fez experiências, entre outras, com as
médiuns Madame Girardin (na casa de Victor Hugo, em Jersey), Mademoiselle Huet
e Eusápia Paladino.
O "Anuário Espírita do
Brasil" (1931, 1.ª ed.) destaca que "o sábio das constelações siderais,
com a sabedoria de mestre, provou ao mundo que os domínios da Astronomia não iam
somente ao conhecimento dos corpos celestes".
O Imperador Pedro II, amante
das ciências, foi visitar o astrônomo em seu retiro e plantou, com as suas
próprias mãos, no parque, para perpetuar a memória de sua passagem, um pequeno
cedro do Líbano, de cujo ato Flammarion, por sua vez, gravou em uma prancha de
cobre, os detalhes desse acontecimento.
Rendendo homenagem a Allan
Kardec, o Codificador do Espiritismo, que desencarnara, repentinamente, dia 31
de março de 1869, Flammarion, a convite da Direção da Sociedade Espírita de
Paris, consigna, no seu discurso, para a posteridade que "Ele era o que eu
denominarei o bom senso encarnado", publicado, posteriormente, sob o
título "Discours prononcé sur la tombe d´Allan Kardec", por Didier et
Cie. Paris, 1869, Imp. P. A. Bourdier, 24 pp.; reeditado pela "Librairie
Spirite", com o título "Le Spiritisme et la Science", Paris,
1869, "in" 8.º., 24 pp., e incluída, por Pierre-Gaëtan Leymarie, em
"Oeuvres Posthumes d´Allan Kardec" (Obras Póstumas) (RE - 1869 -
Maio; OP, Discurso pronunciado junto ao túmulo de Allan Kardec).
As obras de Flammarion foram
traduzidas para grande número de idiomas - para o inglês, espanhol, sueco,
dinamarquês, italiano, húngaro, checo, holandês, romeno, russo, alemão,
português - e são referidas na "Revue Spirite", que também publica
seus artigos.
Fonte: Revista
ICESP, nº 14
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