quarta-feira, 16 de abril de 2014

O PARAÍSO PERDIDO


Ary Brasil Marques

Certa vez, o Senhor da Vida criou um paraíso. Um verdadeiro jardim. Um planeta maravilhoso, azul, chamado Terra.

Colocou ali toda a arte, toda a beleza. Montanhas verdejantes, florestas, rios, lagos, cascatas, mares, animais de milhares de espécies, pássaros coloridos que enchiam o ambiente de música e alegria, plantas e flores de várias as matizes, campos e toda a variedade de coisas belas destinadas à felicidade dos habitantes do planeta.

Deu ao mesmo o ar, o vento, a chuva. Deu o dia, permitindo que o Sol aquecesse todos os seus recantos, trazendo energia e calor.

Deu a noite, para o descanso e recuperação de toda a criação, através do sono reparador.

Deu o céu, a lua, as estrelas, e uma visão maravilhosa de milhares de mundos do Universo.

Depois de criar tudo isso, criou o homem, ser inteligente a quem confiou a administração de todo esse maravilhoso patrimônio. Conferiu ao homem todas as condições para que ele pudesse viver no paraíso para sempre.

Deu ao homem o livre arbítrio, mas lhe advertiu: “Cuide bem do paraíso que estou lhe entregando. Crescei e multiplicai-vos, dirigindo-se ao homem e à sua companheira, a mulher. Preservem a natureza, amem a vida, os animais, as árvores, o jardim que estou lhes entregando. Mas tenham cuidado, não abusem da liberdade que estou lhes concedendo, pois do contrário poderão perder o paraíso.”

O homem começou a desfrutar do paraíso que recebeu de seu Pai. Era livre, podia fazer o que quisesse. Podia dispor de tudo, era inteligente, o rei, o dono.

Passou do uso ao abuso. Seu orgulho e egoísmo fizeram com que matasse os animais, as aves, os peixes. Destruiu florestas, cortou árvores, poluiu o ambiente, as cidades, os rios e os mares.

O homem destruiu a fauna e a flora. Ao contrário dos animais que só matavam para se alimentar, o ser humano passou a matar por prazer.

Utilizou os animais para sua recreação nos circos, nos rodeios, nas touradas. Escravizou, matou, dizimou milhares de seus irmãos inferiores.

Ao contrário do que lhe foi recomendado, buscou o desamor. Matou seu semelhante. Fez guerras de extermínio. Inventou armas, foguetes, bombas atômicas.

O Pai tentou lhe ajudar. Mandou-lhe mensageiros, profetas, mandou seu próprio filho para lhes ensinar o caminho.

Seu filho veio. Falou-lhe de amor e de perdão. Foi massacrado, crucificado.

O homem continuou a destruir seu paraíso. Fez da violência sua conduta. Derramou sangue. Destruiu cidades e países.

O planeta azul reagiu. Furacões, Vulcões, Terremotos, Tsunamis, Inundações, Doenças, AIDS, Câncer.

Surdo e teimoso, o homem não ouviu seu criador nem a natureza. Continuou em sua faina destrutiva.

O que fizeste do tempo que te foi confiado? O que fizeste do planeta lindo que te foi dado?

Até que um dia, tudo acabou. O paraíso foi perdido. O homem, ele próprio, se expulsou do paraíso.

Transformou um lindo jardim em um charco, onde agora terá que viver.

Um dia, pelo amor e só por ele, encontrará de novo a possibilidade de voltar a viver num paraíso.


SBC, 10/09/2008.

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