Daniel Dunglas Home
"O Senhor Daniel
Dunglas Home nasceu em 15 de março de 1833, perto de Edimbourg (Escócia). Tem,
pois, hoje, 24 anos (artigo escrito por Allan Kardec em fevereiro de 1858).
Descende da antiga e nobre família dos Dunglas da Escócia, outrora soberana. É
um jovem de talhe mediano, louro, cuja fisionomia melancólica nada tem de
excêntrico; é de compleição muito delicada, de costumes simples e suaves, de um
caráter afável e benevolente sobre o qual o contato das grandezas não lançou
nem arrogância e nem ostentação.
Dotado de uma excessiva
modéstia, jamais exibiu a sua maravilhosa faculdade, jamais falou de si mesmo,
e se, na expansão da intimidade, conta coisas que lhe são pessoais, é com
simplicidade, e jamais com a ênfase própria das pessoas com as quais a malevolência
procura compará-lo. Vários fatos íntimos, que são do nosso conhecimento pessoal,
provam nele nobres sentimentos e uma grande elevação de alma; nós o constatamos
com tanto maior prazer quanto se conhece a influência das disposições morais
sobre a natureza das manifestações.
O Senhor Home é um médium do
gênero daqueles que produzem manifestações ostensivas, sem excluir, por isso,
as comunicações inteligentes; mas as suas predisposições naturais lhe dão, para
as primeiras, uma aptidão mais especial. Sob a sua influência, os mais estranhos
ruídos se fazem ouvir, o ar se agita, os corpos sólidos se movem, se erguem, se
transportam de um lugar a outro através do espaço, instrumentos de música fazem
ouvir sons melodiosos, seres do mundo extracorpóreo aparecem, falam, escrevem
e, frequentemente, vos abraçam até causar dor. Ele mesmo foi visto, várias
vezes, em presença de testemunhas oculares, elevado sem sustentação a vários metros
de altura.
Do que nos foi ensinado
sobre a classe dos Espíritos que produzem, em geral, essas espécies de
manifestações, não seria preciso disso concluir que o Sr. Home não está em relação
senão com a classe íntima do mundo espírita. Seu caráter e as qualidades morais
que o distinguem, devem, ao contrário, granjear-lhe a simpatia dos Espíritos
Superiores; ele não é, para esses últimos, senão um instrumento destinado a
abrir os olhos dos cegos por meios enérgicos, sem estar, por isso, privado de
comunicações de uma ordem mais elevada. É uma missão que aceitou; missão que
não está isenta nem de tribulações e nem de perigos, mas que cumpre com
resignação e perseverança, sob a égide do Espírito de sua mãe, seu verdadeiro
anjo guardião.
A causa das manifestações do
senhor Home é inata nele; sua alma, que parece não prender-se ao corpo senão por
fracos laços, tem mais afinidade pelo mundo espírita do que pelo mundo
corpóreo; por isso ela se prepara sem esforços, e entra, mais facilmente que em
outros, em comunicação com os seres invisíveis. Essa faculdade se revelou nele desde
a mais tenra infância. Com a idade de seis meses, seu berço se balançava inteiramente
sozinho, na ausência de sua babá, e mudava de ligar.
Nos seus primeiros anos, era
tão débil que tinha dificuldade para se sustentar, sentado sobre um tapete, os brinquedos
que não podia alcançar, vinham, eles mesmos, colocar-se ao seu alcance.
Com três anos teve as suas
primeiras visões, mas não lhes conservou a lembrança.
Tinha nove anos quando sua
família foi se fixar nos Estados Unidos; aí os mesmos fenômenos continuaram com
uma intensidade crescente, à medida que avançava em idade, mas a sua reputação,
como médium, não se estabeleceu senão em 1850, por volta da época em que as
manifestações espíritas começaram a se tornar populares nesse país.
Em 1854, veio para a Itália,
nós o dissemos, por sua saúde; espanta Florença e Roma com verdadeiros
prodígios. Convertido à fé católica, nessa última cidade, tomou a obrigação de
romper as suas relações com o mundo dos Espíritos. Durante um ano, com efeito,
seu poder oculto parece tê-lo abandonado; mas como esse poder estava acima de
sua vontade, a cabo desse tempo, assim como lhe havia anunciado o Espírito de
sua mãe, as manifestações se produziram com uma nova energia. Sua missão estava
traçada; deveria distinguir-se entre aqueles que a Providência escolheu para
nos revelar, por sinais patentes, a força que domina todas as grandezas
humanas.
Para o senhor Home, os
fenômenos se manifestam, algumas vezes, espontaneamente, no momento em que
menos são esperados. O fato seguinte, tomado entre mil, disso é uma prova.
Desde há mais de quinze dias, o senhor Home não tinha podido obter nenhuma
manifestação, quando, estando a almoçar na casa de um dos seus amigos, com duas
ou três pessoas do seu conhecimento, os golpes se fazem súbito ouvir nas
paredes, nos móveis e no teto. Parece, disse, que voltaram. O senhor Home,
nesse momento, estava sentado no sofá com um amigo. Um doméstico traz a bandeja
de chá e se apressa em colocá-la sobre a mesa, situada no meio do salão; esta,
embora fosse pesada, se eleva subitamente e se destaca do solo em 20 a 30
centímetros de altura, como se tivesse sido atraída pela bandeja; apavorado, o
criado deixa-a escapar, e a mesa, de pulo, se atira em direção do sofá e vem
cair diante do senhor Home e seu amigo, sem que nada do que estava em cima
tivesse se desarrumado. Esse fato, sem contradita, não é o mais curioso
daqueles que teríamos a relatar, mas apresenta essa particularidade, digna de nota,
de ter se produzido espontaneamente, sem provocação, num círculo íntimo, onde nenhum
dos assistentes, cem vezes testemunhas de fatos semelhantes, tinha necessidade de
novos testemunhos; seguramente, não era o caso para o Senhor Home de mostrar as
suas habilidades, se habilidades havia". (1)
Outras manifestações:
O que distingue Daniel
Douglas Home é sua mediunidade excepcional. Enquanto outros médiuns obtém
golpes leves, ou o deslocamento insignificante de uma mesa, sob a influência do
senhor Home os ruídos, os mais retumbantes, se fazem ouvir, e todo o mobiliário
de um quarto pode ser revirado, os móveis montando uns sobre os outros.
Igualmente os objetos
inertes, ele próprio é elevado até o teto (levitação), depois desce do mesmo
modo, muitas vezes sem que disso se aperceba.
De todas as manifestações
produzidas pelo Sr. Home, a mais extraordinária é a das aparições, segundo
análise de Allan Kardec. Do mesmo modo sons se produzem no ar ou instrumentos
de música tocam sozinhos.
"Seguramente, se alguém
fosse capaz de vencer a incredulidade por efeitos materiais, este seria o
senhor Home. Nenhum médium produziu um conjunto de fenômenos mais surpreendentes,
nem em melhores condições de honestidade." (2)
O senhor Home realizou
várias experiências perante o Imperador Napoleão II. Durante essas
experiências, obteve-se uma prova concreta da assinatura de Napoleão Bonaparte,
com a presença da Imperatriz Eugênia, cujo fato aumentou grandemente sua fama.
Jamais esse excepcional
médium mercadejou seus preciosos dons mediúnicos. Teve inúmeras oportunidades,
mas sempre se recusou. Dizia ele: "Fui mandado em missão. Essa missão é
demonstrar a imortalidade. Nunca recebi dinheiro por isso e jamais receberei".
Como todo o médium, o senhor
Home foi caluniado e ferido em sua dignidade, mas nunca lhe faltou, nas horas
mais difíceis, o amparo de seus mentores espirituais.
( (1) Narração
de Allan Kardec - Revista Espírita de 1858, mês de fevereiro.
(2) Narração de Allan Kardec - Revista
Espírita de 1863, mês de setembro.
Fonte: site:
www.feparana.com.br
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