Romeu do Amaral Camargo
Romeu do Amaral Camargo encarnou na cidade de Rio Claro, Estado de
São Paulo, aos 02 de Fevereiro de 1.882, desencarnando na cidade de São Paulo
em 10 de Dezembro de 1.948, à 19:45 horas, quando datilografava uma carta ao
presidente da Federação Espírita Brasileira, com o qual amiudadamente mantinha
correspondência.
Foi um grande vulto espírita não só do Estado bandeirante, como de
todo o Brasil.
Autor de várias obras, todas escritas em lídimo vernáculo e em
perfeita sintonia com o Evangelho, afirmou-se um dos mais proeminentes líderes
do Espiritismo Cristão, cuja palavra autorizada era recebida e acatada por
todos os espíritas do “Coração do Mundo”.
Fez o curso primário com professores particulares. Formado pela
antiga Escola Complementar, anexa à Escola Normal da capital de São Paulo,
ingressou no magistério público em 1.903, tendo exercido vários cargos de
carreira, entre eles o de adjunto do Grupo Escolar de Limeira e do grupo
Escolar do Bom Retiro da capital paulista, inspetor de ensino em Limeira,
professor da Escola Normal do Brás, na capital, diretor do Grupo Escolar Campos
Sales, com mais de 3.000 alunos.
Bacharelou-se, no ano de 1.915, em Ciências Jurídicas
e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo, exercendo a advocacia de 1.917
a 1.929.
Jornalista e escritor colaborou em diversos órgãos da imprensa
diária, tanto da capital, como do interior do Estado de São Paulo. Conhecia bem
o francês e o latim.
Católico de nascimento converteu-se ao Protestantismo em 1.901. Membro
professo desde 1.902, foi eleito e ordenado diácono em 1.913, pela 1.ª Igreja
Presbiteriana Independente da capital de São Paulo, cuja assembléia era
constituída de mais de 800 membros, sob o pastorado do Revmo. Eduardo Carlos
Pereira, o grande tribuno evangélico e notável gramático. Oficial da Igreja
desde Julho de 1.909, ocupou o púlpito de quase todas as igrejas evangélicas da
capital paulista e o de muitas outras cidades do interior, excetuadas as
igrejas anglicana e luterana.
Em seu benéfico trabalho dentro do Protestantismo, escreveu um
folheto de leitura muito edificante, intitulado - História da Conversão de Um
Criminoso -, para ser distribuído entre os detentos nos presídios de São Paulo.
A 1.ª e 2.ª Edições dessa magnífica brochura saíram respectivamente em 1.913 e
1.916, num total de 10.000 exemplares, feitas ambas pela igreja protestante a
que o autor pertencia.
Estudando sempre a Bíblia, e de par com o estudo subsidiário de
obras exegéticas e mesmo teológicas, eis que os seus 22 anos de experiência
religiosa, no moralizado meio evangélico ou protestante, não lhe apagaram a
dúvida acerca da cristianidade dos dogmas da “predestinação divina” e da
“eternidade das penas”.
Em 1.923, foi-lhe dado encontrar novas luzes nas páginas do
Evangelho: as obras de Allan Kardec esclareceram-lhe lógica e racionalmente
aqueles pontos obscuros. Dissiparam-se no estudioso as dúvidas, as sombras, as
dificuldades que ofuscavam o sentido claro, cristalino, da palavra de Jesus!
Definitivamente atraído para a Doutrina dos Espíritos, Romeu
Camargo se ausentou da sua igreja, fazendo essa ausência que alguns pastores o
fossem visitar e procurassem arredá-lo do Espiritismo. Tudo em vão, porém. Em
21 de Fevereiro de 1.925, ele foi convidado a comparecer a uma sessão da Igreja
Presbiteriana Independente. Presidiu à sessão (espécie de Sinédrio), o Revmo.
Othoniel Motta, eminente teólogo, catedrático de português no ginásio do
Estado, em Campinas, e conhecido filólogo. Feita a “acusação” pelo secretário
da sessão, teve a palavra o “acusado”, que, durante duas horas e meia, produziu
a sua defesa, apreciando a doutrina de Jesus, firmado no Evangelho.
A 1.º de Junho de 1.925,
Romeu Camargo publicava em “Reformador” a sua confissão pública de adesão ao
Espiritismo. Ele o fez com o artigo - Aos Pés do Mestre -, em resposta a um que
o pastor evangélico Isaac Gonçalves do Vale, seu ilustrado amigo, estampara no
“Estandarte”, órgão da Igreja Presbiteriana Independente.
Convicto das verdades contidas nas obras fundamentais do
Espiritismo, o Prof. Romeu do Amaral Camargo tornou-se animoso pregador do seu
aspecto moral-evangélico, tendo tomado parte, de modo intensivo, em várias Instituições ,
e escrito quatro obras notáveis, que enriqueceram as bibliotecas espíritas:
“Protestantismo e Espiritismo à Luz do Evangelho”, “De Cá e de Lá”, “Salvação
pela Fé ou Pelas Obras?” e “Um Só Senhor”. Todas elas constituem vibrante
defesa do Espiritismo, a refutarem as objeções levantadas contra a parte doutrinária,
citando-se, entre os refutados, o Bispo de Pouso Alegre e o psiquiatra Doutor
Pacheco e Silva. Essas obras são, sobretudo, verdadeiro repositório de
ensinamentos e esclarecimentos.
Romeu Camargo escreveu nos mais importantes órgãos da imprensa
espírita brasileira, máxime no “Reformador”, órgão da Federação Espírita
Brasileira. Suas páginas evidenciam extenso e profundo saber das Escrituras
Sagradas, aliado a vastos conhecimentos sobre Filosofia e Religião.
Foi presidente da União Federativa Espírita Paulista, na época a
principal sociedade espírita bandeirante. Posteriormente, em 1.936, tornou-se o
1.º Secretário da recém fundada Federação Espírita do Estado de São Paulo.
Contribuiu para a fundação da Rádio Piratininga - PRH-3, a primeira “estação dos espíritas”,
isto em 30 de Março de 1.940. Dessa Rádio, hoje extinta, foi ele
diretor-tesoureiro.
Durante vários anos foi o redator-secretário da revista - “Verdade
e Luz”, fundada pelo popular espírita Batuíra, revista hoje desaparecida,
conceituadíssima em todo o Brasil e até no estrangeiro.
Em 1.937, escreveu-lhe o Espírito Emmanuel através do lápis de
Francisco Cândido Xavier: “Continue na
sua bela missão de levar a luz espiritual do Evangelho pelos caminhos
ensombrados da Terra”.
E o Dr. Romeu continuou, realmente, nesse trabalho edificante até
o fim de sua jornada terrena, levando-o a dizer, em 1.943:
“Educado na
Igreja Evangélica Presbiteriana, onde realizei minha formação espiritual, penso
ainda como todos os protestantes: o que me interessa é pôr em prática o
Evangelho de Nosso senhor Jesus-Cristo; o que me interessa, desde junho de 1.901,
é a palavra do Mestre Divino, que é tocha resplandecente para meus pés e luz
para meus caminhos”.
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