Emmanuel
Emmanuel, exatamente assim,
com dois "m" se encontra grafado o nome do espírito, no original
francês "L'Évangile Selon le Spiritisme", em mensagem datada de Paris,
em 1861 e inserida no cap. XI, item 11 da citada obra, intitulada "O
Egoísmo".
O nome ficou mais conhecido,
entre os espíritas brasileiros, pela psicografia do médium mineiro Francisco
Cândido Xavier. Segundo ele, foi no ano de 1931 que, pela primeira vez, numa
das reuniões habituais do Centro Espírita, se fez presente o bondoso espírito
Emmanuel.
Descreve Chico:
"Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma
envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que
a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que
tinham a forma de uma cruz”.
Convidado a se identificar,
apresentou alguns traços de suas vidas anteriores, dizendo-se ter sido senador
romano, descendente da orgulhosa "gens Cornelia" e, também sacerdote,
tendo vivido inclusive no Brasil.
De 24 de outubro de 1938 a 9
de fevereiro de 1939, Emmanuel transmitiu ao médium mineiro as suas impressões,
dando-nos a conhecer o orgulhoso patrício romano Públio Lentulus Cornelius, em
vida pregressa Públio Lentulus Sura, e que culminou no romance extraordinário:
Há Dois Mil Anos.
Públio é o homem orgulhoso,
mas também nobre. Roma é o seu mundo e por ele batalha. Não admite a corrupção,
mostrando, desde então, o seu caráter íntegro. Intransigente, sofre durante
anos a suspeita de ter sido traído pela esposa a quem ama. Para ela, nos anos
da mocidade, compusera os mais belos versos: "Alma gêmea da minhalma/ Flor
de luz da minha vida/ Sublime estrela caída/ Das belezas da amplidão..."
e, mais adiante: "És meu tesouro infinito/ Juro-te eterna aliança/ Porque
eu sou tua esperança/ Como és todo o meu amor!"
Tem a oportunidade de se
encontrar pessoalmente com Jesus, mas entre a opção de ser servo de Jesus ou
servo do mundo, escolhe a segunda.
Não é por outro motivo que
escreve, ao início da citada obra mediúnica: "Para mim essas recordações
têm sido muito suaves, mas também muito amargas. Suaves pela rememoração das
lembranças amigas, mas profundamente dolorosas, considerando o meu coração
empedernido, que não soube aproveitar o minuto radioso que soara no relógio da
minha vida de Espírita, há dois mil anos”.
Desencarnou em Pompéia, no
ano de 79, vítima das lavas do vulcão Vesúvio, cego e já voltado aos princípios
de Jesus.
Cinquenta anos depois, no
ano de 131, ei-lo já de retorno ao palco do mundo. Nascido em Éfeso, de origem
judia, foi escravizado por ilustres romanos que o conduziram ao antigo país de
seus ascendentes. Nos seus 45 anos presumíveis, Nestório mostra no porte
israelita, um orgulho silencioso e inconformado. Apartado do filho, que também
fora escravizado, tornaria a encontrá-lo durante uma pregação nas catacumbas onde
ele, Nestório, tinha a responsabilidade da palavra. Cristão desde os dias da infância,
é preso e, após um período no cárcere, por manter-se fiel a Jesus, é condenado à
morte.
Junto com o filho, Ciro, e
mais uma vintena de cristãos, num fim de tarde, foi conduzido ao centro da
arena do famoso circo romano, situado entre as colinas do Célio e do Aventino,
na capital do Império. Atado a um poste por grossas cordas presas por elos de
bronze, esquelético, munido somente de uma tanga que lhe cobria a cintura, até os
rins, teve o corpo varado por flechas envenenadas. Com os demais, ante o
martírio, canta, dirigindo os olhos para o Céu e, no mundo espiritual, é
recebido pelo seu amor, Lívia.
Pelo ano 217, peregrina na
Terra outra vez. Moço, podemos encontrá-lo nas vestes de Quinto Varro, patrício
romano, apaixonado cultor dos ideais de liberdade.
Afervorado a Jesus, sente confranger
lhe a alma a ignorância e a miséria com que as classes privilegiadas de Roma
mantinham a multidão.
O pensamento do Cristo, ele
sente, paira acima da Terra e, por mais lute a aristocracia romana, Varro não
ignora que um mundo novo se formava sobre as ruínas do velho.
Vítima de uma conspiração
para matá-lo, durante uma viagem marítima, toma a identidade de um velho
pregador de Lyon, de nome Corvino. Transforma-se em Irmão Corvino, o moço, e se
torna jardineiro. Condenado à decapitação, tem sua execução sustada após o
terceiro golpe, sendo-lhe concedida a morte lenta, no cárcere.
Onze anos após, renasce e
toma o nome de Quinto Celso. Desde a meninice, iniciado na arte da leitura,
revela-se um prodígio de memória e discernimento.
Francamente cristão, sofreu
o martírio no circo, amarrado a um poste untado com substância resinosa ao qual
é ateado fogo. Era um adolescente de mais ou menos 14 anos.
Sua derradeira reencarnação
se deu a 18 de outubro de 1.517 em Sanfins, Entre-
Douro-e-Minho, em Portugal,
com o nome de Manoel da Nóbrega, ao tempo do reinado de D. Manoel I, o
Venturoso.
Inteligência privilegiada,
ingressou na Universidade de Salamanca, Espanha, aos 17 anos. Aos 21, está na
faculdade de Cânones da Universidade, onde frequenta as aulas de direito
canônico e de filosofia, recebendo a láurea doutoral em 14 de junho de 1.541.
Vindo ao Brasil, foi ele
quem estudou e escolheu o local para a fundação da cidade de São Paulo, a 25 de
janeiro de 1.554. A data escolhida, tida como o dia da Conversão do apóstolo
Paulo, pretende-se seja uma homenagem do universitário Manoel da Nóbrega ao
universitário Paulo de Tarso.
O historiador paulista Tito
Lívio Ferreira, encerra sua obra "Nóbrega e Anchieta em São Paulo de
Piratininga" descrevendo: "Padre Manoel da Nóbrega fundara o Colégio
do Rio de Janeiro. Dirige-o com o entusiasmo de sempre. Aos 16 de outubro de 1.570,
visita amigos e principais moradores. Despede-se de todos, porque está,
informa, de partida para a sua Pátria. Os amigos estranham-lhe os gestos.
Perguntam-lhe para onde vai. Ele aponta para o Céu. No dia seguinte, já não se
levanta. Recebe a Extrema Unção. Na manhã de 18 de outubro de 1.570, no próprio
dia de seu aniversário, quando completava 53 anos, com 21 anos ininterruptos de
serviços ao Brasil, cujos alicerces construiu, morre o fundador de São Paulo. E
as últimas palavras de Manoel da Nóbrega são: 'Eu vos dou graças, meu Deus, Fortaleza
minha, Refúgio meu, que marcastes de antemão este dia para a minha morte, e me
destes a perseverança na minha religião até esta hora’. E morreu sem saber que
havia sido nomeado, pela segunda vez, Provincial da Companhia de Jesus no
Brasil: a terra de sua vida, paixão e morte".
Fonte:
Federação Espírita do Paraná - www.feparana.com.br
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