Ubaldo Ramalhete
Em 19 de junho de 1.950
falecia no Rio de Janeiro, o Prof. Dr. Ubaldo Ramalhete Maia, nascido em Santa
Leopoldina, Estado do Espírito Santo, a 18 de agosto de 1.882.
Na Diretoria da Federação
Espírita Brasileira, Casa que ele sempre defendeu e honrou em quaisquer
circunstâncias, exerceu os cargos de 1.º Secretário e Vice-Presidente,
desempenhando-os com elevado descortino e esclarecida inteligência.
Foi ardoroso propagandista
da Terceira Revelação, e em sua vida privada deu sempre os mais exuberantes
testemunhos de haver assimilado as verdades evangélicas. Colocou sempre em
primeiro plano o seu ideal espírita, ainda mesmo que com essa atitude franca
lhe adviessem prejuízos em sua vida pública e particular.
Com seu espírito conciliador
e ponderado, tudo solucionava de maneira cristã no seio da Diretoria.
Era humilde e de fino trato
social, a par de profundo conhecedor do Evangelho. Sua palavra, tanto na
tribuna da Federação, em sessões públicas, como nas reuniões de estudo do Grupo
Ismael, era por todos ouvida com real agrado e proveito.
Em virtude de seu estado de
saúde não lhe permitir uma cooperação mais direta e eficiente como era de seu
desejo, foi, ainda assim, eleito pela Assembleia Deliberativa, realizada em
1.949, membro do Conselho Fiscal da Federação Espírita Brasileira.
Participava com assiduidade
das sessões do Grupo Ismael, cabendo-lhe por vezes, a presidência dos
trabalhos.
Representou o Estado do
Espírito Santo no Conselho Federativo Nacional, órgão unificador do movimento
espírita no território brasileiro, sendo-lhe ali admirada a criteriosa
ponderação e nobreza espiritual no trato das mais delicadas questões.
Muitos foram os Centros e
Sociedades espíritas do Rio que lhe ouviram a palavra serena em belas
conferências doutrinárias.
*
Bacharelando-se pela Escola
Livre de Direito do Rio de Janeiro, hoje Faculdade Nacional de Direito, Ubaldo
Ramalhete retornou ao seu Estado natal, onde desenvolveu intensíssima
atividade. É assim que foi, ali: Procurador Geral; Promotor Público; Deputado
Estadual e presidente da Assembleia Legislativa; Secretário Geral do Governo Jerônimo
Monteiro; Secretário de Educação; Consultor Jurídico do Estado; Secretário de
Interior e Justiça, em 1.946, assumindo o Governo na ausência do Interventor
Dr. Aristides Campos; fundador do Instituto dos Advogados; fundador da
Associação de Imprensa; fundador e primeiro presidente da Sociedade Amigos de
Alberto Torres; membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.
Representou o seu Estado como Deputado Federal, em várias legislaturas. Aqui,
na Guanabara, foi Professor de Direito Civil e de Direito Comercial na Faculdade
de Direito do Rio de Janeiro, atual Faculdade de Direito da Universidade do
Estado da Guanabara, e destacado membro do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados.
Em todos os cargos que ocupou
e nas diferentes funções que desempenhou, o Dr. Ubaldo Ramalhete Maia foi
sempre uma figura querida pela sua finura e lhaneza de espírito, admirado e
acatado pelos seus dotes intelectuais e morais e pela inteireza de caráter.
Ao desencarnar, deixou sua
descendência bem encaminhada na vida. Seu filho, Dr. Clóvis Ramalhete, seguiu
lhe as pegadas, vindo a ser emitente jurista e distinto membro da Corte
Internacional de Haia.
*
Em sua reunião de 27 de
julho de 1.950, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil prestou
merecida homenagem ao Dr. Ubaldo Ramalhete, membro daquele Conselho.
Da ata daquela reunião,
publicada no Jornal do Commercio, no
dia 28 de julho, extraímos o seguinte:
“O
Conselheiro Jair Tovar, com a palavra, refere-se ao desaparecimento do
Conselheiro Ubaldo Ramalhete. Reporta-se à atuação do finado como advogado,
professor universitário, parlamentar, jornalista e tribuno. Com palavras
elogiosas e repassadas de profundo pesar, recorda a sua ação no Conselho
Federal da Ordem e na Seção do Espírito Santo, organismos em cuja instalação e desenvolvimento
colaborou decisivamente. Ubaldo Ramalhete, diz, foi cidadão dos mais prestantes
e devotados à causa pública, bem como benemérito da classe dos advogados.
Termina propondo ao Conselho: 1) que, de pé, se guarde um minuto de silêncio,
em recordação do ilustre companheiro desaparecido; 2) que, em seguida, se
encerre a seção; 3) que se oficie à família de Ubaldo Ramalhete,
expressando-lhe a mágoa do Conselho e notificando-lhe as excepcionais homenagens
que lhe prestou; 4) que se oficie à Seção da Ordem do Espírito Santo, no mesmo
sentido.
Em
seguida, associando-se às homenagens propostas pelo Conselheiro Jair Tovar, por
si e pelas delegações que integram, falaram os Conselheiros Haroldo Valadão,
Alcino de Paula Salazar, Edgar de Toledo, Olímpio Carvalho, Ivens de Araújo,
Souza Vale, Marcelo Moreira e Arnoldo de Medeiros, todos pondo em relevo as qualidades
morais, o talento, os caracteres marcantes da superior personalidade de Ubaldo
Ramalhete. Aprovadas, unanimemente, as propostas, o Sr. Presidente convidou os
membros do Conselho a, de pé e silenciosos, por um minuto, reverenciar a
memória do eminente defensor da classe”.
A passagem do Dr. Ubaldo
Ramalhete pela Federação Espírita Brasileira se caracterizou pela lealdade, pela
firmeza de convicções, pela sua grande cultura evangélica e pelo amor ao
trabalho.
Fonte: Grandes Espíritas do
Brasil, de Zêus Wantuil.
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