Quando Allan Kardec indagava das
Entidades Venerandas, responsáveis pelas extraordinárias lições contidas no
Pentateuco Kardequiano, “Qual o conceito de caridade conforme a entendia Jesus?
E, os nobres enviados redarguiram com justa propriedade, respondendo:
“Abnegação para com todos e perdão das faltas alheias”, o que, de certa maneira
nos permite tecer alguns modestos apontamentos, acerca da caridade, sem a
pretensão de esgotar apaixonante assunto, posto que, a caridade, como bandeira
da Doutrina espírita, é condição “sine qua non” para lograr-se a salvação.
Na resposta dos Amigos Espirituais,
observa-se que a Caridade, alimenta concretamente, a aplicação de duas virtudes
por excelência, a saber: Abnegação e perdão, se exercitadas para com todos,
alcança, invariavelmente, até aos criminosos, conforme o Evangelho Segundo o
Espiritismo, quando se refere à caridade para com os criminosos.
Quanto ao perdão das faltas alheias,
percebe-se claramente que não há nenhuma regra condicionante para haver perdão
das faltas, assim como também não há, pesos ou medidas diferentes na graduação
das faltas, o que subentende, que se deve perdoar ao faltoso, tantas vezes
quantas se fizerem necessárias, até que o indivíduo em situação de aprendizado se
haja conscientizado da lição, a partir da qual, não mais errará.
Além disso, segundo a Doutrina
Espírita, existe acentuada distinção quanto a prática da caridade, posto que
ela pode ser caridade moral ou caridade material, segundo as circunstâncias em
que se apresentam, porém, em ambas, é imprescindível a presença da abnegação
tanto quanto do perdão, e, não é sem razão, que o Evangelista João ao discorrer
sobre a caridade fala acerca da sede, da
fome, das vestes, da enfermidade, da hospedagem, etc... denotando o amparo
material, enquanto Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios, aborda com clareza
ao dizer que, mesmo que falasse a linguagem dos anjos, mesmo que conhecesse
todas as profecias, ou desse como sacrifício o corpo para ser queimado vivo ou
distribuísse toda a sua fortuna, se não tivesse caridade de nada adiantaria
tudo isso.
Nesses casos, como entender o real
valor da Caridade no sentido mais abrangente, e qual a recompensa que aguarda
àqueles que praticam-na, de acordo com o que foi exposto até o presente
momento?
Com absoluta certeza, somente seremos capazes
de entender o exercício da caridade, quando nos conscientizarmos do papel que a
ela está reservado, de acordo com o Espiritismo quando esclarece: “Fora da
caridade não há salvação”.
É interessante observar que a
“salvação” encontra-se condicionada ao exercício ou prática da caridade, e
esta, por sua vez, encontra-se plenamente inserida nas ações da abnegação e do
perdão, sustentando em todos, a esperança de conquistar tal recompensa, de
valor incomensurável e que acha-se ao alcance de nossas mãos.
Portanto, devemos aproveitar toda
oportunidade que surja, para darmos de beber a quem tem sede, de comer aos que
tem fome, vestir os nus e hospedar quem encontra-se ao desabrigo, compreendendo
que todo o saber do mundo, o conhecimento dos mistérios, as interpretações
filosóficas de qualquer natureza, uma vultuosa riqueza distribuída e tudo o
mais que se possa produzir, se não contar com a caridade, nada disso terá
serventia, posto que a caridade não se ensoberbece, não pensa mal e procura
sempre realizar o interesse alheio, em detrimento do próprio interesse, a ponto
de cotejar a fé, a esperança e caridade,
dentre elas a mais importante é a caridade.
Por isso, que o exercício da caridade
é tão importante, e todo aquele que a pratica, segundo a conceituação espírita,
é um sério candidato à própria salvação, posto que, através destes exercícios,
conquistamos virtudes, vencemos as imperfeições que trouxemos de outras
jornadas, e nos capacitamos a erguer o céu de nossa salvação.
Ao fazer isto, de maneira prestativa e
abnegada, estamos adquirindo o passaporte que nos guardará a nossa almejada
paz.
Inocência da Caridade
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