O profitente da Doutrina Espírita,
mais que qualquer seguidor de outra religião, sabe perfeitamente, em razão dos
estudos que realiza, notadamente, os que se acham presentes nos postulados da
Codificação, que todo espírito ao renascer na esfera terrestre, trás todo saber
acumulado, todas as suas experiências vividas, como também os seus sucessos e
fracassos arquivados em sua consciência, de maneira velada, perfazendo o acervo
já conquistado, de maneira inconteste.
Nos primeiros anos de seu retorno à
vida corpórea, suas primeiras expressões de sentimentos, anseios e vontades,
encontram-se repletos dos sinais indicativos das regiões de onde procede,
manifestados espontaneamente, porquanto, não possuem ainda uma censura prévia
da moral social agora em vigor, o que leva pais e familiares, mestre e
educadores, enxergarem em tal conduta uma pureza, uma ingenuidade, uma
inocência destituída de malícia ou maldade como se aquela alma, acabasse de ser
criada pura e sem máculas, do seio amantíssimo do Criador.
Esta avaliação, certamente, carece de
fundamentos objetivos, porquanto, o processo reencarnatório, para melhor ser
levado a efeito, sem preponderância dos equívocos do passado, sofre a imposição
de um velado esquecimento, afim de que, as tendências do espírito, as ideias
inatas que cultiva, as afinidades cheias de ternura e carinhoso enlevo, ou, a
frieza das emoções, o distanciamento e a indiferença, retratem com a maior
fidelidade possível, o perfil do espírito que vem temporariamente, habitar
aquele corpo.
Portanto, o esquecimento é um
abençoado recurso para o espírito reencarnado, como também, é um precioso
instrumento de auxílio, para os pais, tutores, responsáveis, mestres e
educadores em geral, na tarefa de educar, orientar, retificar ou traçar
diretrizes na formação do caráter, em razão das ideias inatas, das tendências,
da predileção que demonstra por determinadas áreas de interesse, permitindo um
programa educacional mais condizente com as necessidades do espírito.
Abre-se assim, através desse
conhecimento que a Doutrina Espírita proporciona, uma larga perspectiva para
todos aqueles que lidam diretamente com a infância e com a adolescência, que
consideramos uma fonte segura, como também ao tipo de pensamentos e ideias,
retratando os sonhos, os desejos, as ambições, além de mostrar, como estes
convivem, reagem ou administram, os fracassos, as rejeições afetivas, as
decepções e as mágoas, ou, de outro lado, as conquistas, os sucessos, as
vitórias e os destaques pessoais.
É compreensível que cada espírito ao reencarnar
na Terra, traga uma larga bagagem de experiências que só ele possui, ela é
única, para cada indivíduo, porque sabemos que a mesma experiência simultânea,
vivida por espíritos distintos ao mesmo tempo, apresentam-se a cada um deles,
de uma maneira completamente diferentes nas suas conclusões pessoais, denotando
a adversidade de entendimento, de aceitação, de cultura ou conhecimento que
cada qual possui.
Pode-se assim considerar, que educar
espíritos, é basicamente educar sentimentos, valorizando o equilíbrio e
harmonia das emoções, estimulando-os na busca da adoção dos bons hábitos, com
um perseverante esforço para adquirir as virtudes essenciais, no
estabelecimento de relações sociais já consagradas como necessárias, para a
construção de uma sociedade mais saudável, mais justa, mais digna e mais feliz.
Não deve ser ignorado pelos espíritas,
tanto quanto por pais educadores em geral, que uma boa convivência social
requisita muita tolerância, compreensão e afinidades entre amigos além de muita
paz dentro do lar.
No entanto, é de relevante significado
a solidariedade entre as criaturas, a compaixão ante a dor do próximo, a
iniciativa de colaborar às vítimas de catástrofes, a defesa dos direitos
elementares do cidadão, a fraternidade de um modo geral e, a vivência dos
princípios de justiça, amor e caridade, para que reine a paz na Terra e muita
boa vontade entre os homens.
Educar espíritos é educar sentimentos,
para que haja muita paz e progresso espiritual.
Anália Franco
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