Ary Brasil Marques
Em Manaus, um dos passeios
mais famosos é uma viagem de barco pelo Rio Negro e pelo Rio Amazonas. Quando o
Rio Negro com suas águas escuras se encontra com o Rio Solimões, dando origem
ao grande Amazonas, há um espetáculo de rara beleza. Os dois rios se encontram
mas as águas não se misturam por vários quilômetros. De um lado, águas
barrentas. De outro, águas pretas.
O encontro das águas nos
remete a uma reflexão. Muitos seres humanos caminham lado a lado sem se misturarem.
Cada um conserva a sua individualidade, e o pior é que muitas vezes além de não
se misturarem, não interagem um com o outro. Muitos casais vivem juntos, mas
separados por um muro enorme. Cada um vive a sua vida, não se importando com a
vida daquele que vive a seu lado e que um dia recebeu uma bênção sacerdotal e a
quem prometeu fidelidade e amor na alegria e na tristeza, até que a morte os
separe.
Essa situação leva muita
gente à traição, às aventuras fora do casamento e ao número impressionante de
separações que acontecem todos os dias. Parece que virou moda a existência de
pessoas que se casam duas, três ou várias vezes. As novelas de televisão e as
revistas sociais incentivam essa prática, e hoje é difícil se ver casais unidos
por longos anos, como ocorria no passado.
Dizem que é a evolução dos
costumes. O mundo moderno dá preferência ao egoísmo das criaturas. Cada um pra
si e Deus pra todos, é o ditado.
Paulo de Tarso já nos
alertava em suas famosas epístolas, de que comer, beber e se divertir seria a
opção válida se a morte fosse o fim da linha. Mas não é. Somos caminheiros de
uma longa jornada, e temos que buscar nossa aprendizagem, nossa evolução. A
primeira e fundamental lição a ser aprendida é a prática do amor ao próximo.
Uma das características do
amor é o entrelaçamento de almas, a interação, o contato físico mas também o
espiritual, a troca de energias e de vibrações.
Observando o encontro das
águas, verificaremos que mais adiante elas vão se misturar, se unir e formar
uma grande corrente que finalmente atingirá o mar, o grande oceano.
Também nós, unidos, de mãos
dadas, trocando experiências, alcançaremos um dia a grande meta de nossa vida,
a plenitude, a felicidade, o céu que nos mostram as religiões.
SBC, 26/06/2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário