quarta-feira, 2 de abril de 2014

O ENCONTRO DAS ÁGUAS


Ary Brasil Marques

Em Manaus, um dos passeios mais famosos é uma viagem de barco pelo Rio Negro e pelo Rio Amazonas. Quando o Rio Negro com suas águas escuras se encontra com o Rio Solimões, dando origem ao grande Amazonas, há um espetáculo de rara beleza. Os dois rios se encontram mas as águas não se misturam por vários quilômetros. De um lado, águas barrentas. De outro, águas pretas.

O encontro das águas nos remete a uma reflexão. Muitos seres humanos caminham lado a lado sem se misturarem. Cada um conserva a sua individualidade, e o pior é que muitas vezes além de não se misturarem, não interagem um com o outro. Muitos casais vivem juntos, mas separados por um muro enorme. Cada um vive a sua vida, não se importando com a vida daquele que vive a seu lado e que um dia recebeu uma bênção sacerdotal e a quem prometeu fidelidade e amor na alegria e na tristeza, até que a morte os separe.

Essa situação leva muita gente à traição, às aventuras fora do casamento e ao número impressionante de separações que acontecem todos os dias. Parece que virou moda a existência de pessoas que se casam duas, três ou várias vezes. As novelas de televisão e as revistas sociais incentivam essa prática, e hoje é difícil se ver casais unidos por longos anos, como ocorria no passado.

Dizem que é a evolução dos costumes. O mundo moderno dá preferência ao egoísmo das criaturas. Cada um pra si e Deus pra todos, é o ditado.

Paulo de Tarso já nos alertava em suas famosas epístolas, de que comer, beber e se divertir seria a opção válida se a morte fosse o fim da linha. Mas não é. Somos caminheiros de uma longa jornada, e temos que buscar nossa aprendizagem, nossa evolução. A primeira e fundamental lição a ser aprendida é a prática do amor ao próximo.

Uma das características do amor é o entrelaçamento de almas, a interação, o contato físico mas também o espiritual, a troca de energias e de vibrações.

Observando o encontro das águas, verificaremos que mais adiante elas vão se misturar, se unir e formar uma grande corrente que finalmente atingirá o mar, o grande oceano.

Também nós, unidos, de mãos dadas, trocando experiências, alcançaremos um dia a grande meta de nossa vida, a plenitude, a felicidade, o céu que nos mostram as religiões.


SBC, 26/06/2007.

Nenhum comentário:

Postar um comentário