quarta-feira, 2 de abril de 2014

O PERIGO DO CRÉDITO FÁCIL


Ary Brasil Marques

Nos dias de hoje há um número muito grande de pessoas endividadas. A inadimplência tem levado muitas famílias ao desespero.

Acredito que a principal causa desse problema está na facilidade existente para a concessão de crédito. Antigamente, para se obter um empréstimo em Banco, era necessário cumprir com uma série de exigências, ter sorte nas entrevistas com o gerente do estabelecimento bancário que se fazia com a presença do candidato ao benefício. As pessoas procuravam se apresentar com boa aparência, evitando o semblante triste de quem está com a corda no pescoço, e isso era muito difícil.

Hoje não precisa nada disso. Pela Internet, qualquer pessoa contrata empréstimos em Bancos usando apenas de um clique. Na televisão as empresas oferecem créditos, e produtos são anunciados com pagamento parcelado, muitas vezes com a primeira parcela a ser paga dois ou três meses depois da compra.

Automóveis são oferecidos pelo comércio com financiamento a perder de vista, chegando até a 72 meses, ou seja, mais de cinco anos. Com essa política, o trânsito nas cidades está cada vez mais caótico, além do fato de que milhares desses carros nunca chegarão a pertencer realmente aos seus compradores.

Essa orgia de crédito fácil acontece em vários países do mundo. Recentemente houve uma grande queda na bolsa de diversos países, motivada pela inadimplência de adquirentes de casa própria nos Estados Unidos. Como um efeito cascata, o problema deles afeta pessoas que vivem longe e que não têm consciência disso.

A facilidade do crédito, a insistência da propaganda que entra pelos nossos olhos e atinge subliminarmente o nosso cérebro, faz com que milhares de pessoas, incautas, caiam na armadilha.

A pessoa não percebe a imensidão da dívida, o valor dos juros que vai pagar, apenas vê o valor da prestação, e julga que essa prestação está dentro de seu orçamento.

Acumulam-se os encargos, a dívida vai aumentando, a inadimplência traz mais problemas. Tem gente que vive pegando dinheiro emprestado para pagar suas dívidas, e o montante vai aumentando cada vez mais.

Procuremos andar mais devagar. O melhor é adquirir bens pouco a pouco, de maneira segura, com os recursos que cada um tem. Vamos ter cuidado com as mirabolantes ofertas de crédito fácil, pois isso pode nos levar à ruína.


SBC, 25/10/2007.

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