Ary Brasil Marques
De todas as coisas
que costumam acontecer aos seres humanos, a mais difícil sem dúvida é o nosso
confronto com a morte.
A dor da separação, o
sentimento de perda, o sofrimento angustioso da saudade, são coisas que atingem
os seres humanos de maneira profunda, trazendo a tristeza, a insegurança e
muitas vezes a revolta.
E o sofrimento ainda
costuma ser maior justamente nas perdas ocorridas por desastres, pois a
surpresa talvez cause mais dor que as mortes ocorridas após longa enfermidade
das pessoas queridas, pois aí muitas vezes há um certo alívio ao se pensar que
a pessoa amada está se livrando de sua carga de sofrimento causada pela doença.
O sofrimento atinge a
todos de maneira profunda, e apenas as pessoas que possuem muita fé e confiança
em Deus conseguem superar com mais classe os traumas causados pela tristeza que
atinge a todos os seres encarnados neste mundo.
O Espiritismo nos
fornece elementos seguros que nos permitem suportar com mais facilidade os
impactos da dor.
Antes de tudo, nos
ensina a Doutrina dos Espíritos que a realidade que vemos não representa a
verdadeira realidade. Pelo estudo e prática da doutrina, descobrimos
maravilhados a vida, em toda a sua plenitude. Somos espíritos imortais,
indestrutíveis. Nosso corpo físico é apenas e tão somente um veículo que
utilizamos em nossa breve estada na Terra, onde aportamos tal como um aluno
chega na escola, e, ao terminar nosso ano letivo, deixamos o veículo que vínhamos
utilizando e que não nos servirá mais, e recebemos o nosso diploma, que nos
habilita a adentrar um novo plano de vida, levando conosco a bagagem que
tenhamos construído ao longo de nossa encarnação.
Não há morte. Só
existe vida. É certo de que teremos saudade de nosso ente querido, e isso é inevitável.
A certeza da sobrevivência, no entanto, aliada aos conhecimentos da verdadeira
condição do espírito, e ainda a esperança de intercâmbio em futuro breve, faz
com que a morte seja considerada pelo espírita apenas como uma breve separação,
igual à que muitas vezes na Terra somos obrigados a aceitar as viagens, as
mudanças para outros estados ou para outros países, das pessoas a quem amamos.
Durante o tempo da viagem ou da estada em lugares distantes, temos a
alternativa do telefone, da carta, do telegrama, do contato pela Internet, etc.
Da mesma maneira, nosso ente querido que deixou o plano físico, pode se
comunicar conosco pela via rápida do pensamento, bem como pelas comunicações
através da mediunidade, pelas intuições, pelas inspirações, pelas aparições
(percebidas pelos videntes), e à medida que evoluímos as comunicações podem se
tornar mais frequentes e eficientes.
De qualquer forma,
sabemos que nossos queridos não morreram. Eles vivem. E a temida morte,
inevitável no plano físico para todos nós, não amedronta mais.
A morte morreu. A
morte não existe. A aceitação da ocorrência triste que nos atingiu é a maneira
mais fácil de prosseguirmos nossa jornada, pois a vida deve continuar.
Essa aceitação mostra
a confiança no Pai de amor e de bondade, que sabemos não abandona nenhuma de
suas criaturas, e que espera que TODOS nós alcancemos um dia nosso OBJETIVO,
que é a FELICIDADE, a PLENITUDE, o CÉU das religiões, e todos estaremos lá,
juntos.
Nossos entes queridos
não morreram. Eles apenas nos deixaram temporariamente. Foram para o mundo de
luz. E para lá iremos também, um dia. O reencontro é certo. E o aspecto
consolador do Espiritismo se evidencia em grande escala nos momentos de dor.
Ele nos ajuda a aceitar. Ele nos dá calma. Ele nos reequilibra. Ele fortifica
nossa fé em DEUS e em sua sabedoria e misericórdias infinitas.
SBC, 21/05/1999.
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