Sob o sol da Divina Misericórdia, em
inquestionável obediência aos Superiores Desígnios do Criador,
imperceptivelmente, acontece um movimento contínuo à revelia da ação do homem,
a exemplo do “inato perpétuo”, silenciosamente, sem alardes retumbantes, um
natural processo de transformação renovadora, onde tudo e todos nos movemos,
demandando outras formas e objetivos como respeitosamente registrou LAVOISIER
em suas pesquisas ao estabelecer: “NO UNIVERSO nada se cria, tudo se
transforma”, entendendo intuitivamente, que
somente em Deus, reconhecemos o Criador Único, conforme esclarecimentos
contidos na Doutrina Espírita quando assevera: “Deus cria incessantemente”.
Analisadas pela lente das
transformações, observamos que o casulo que nasceu da lagarta, por sua vez
oriunda de outras expressões da vida, enquanto estática na sua aparente
imobilidade, encontra-se em silencioso processo de transformação íntima,
emigrando de uma para outra forma, a fim de libertar a borboleta, expressão
superior dos altanados códigos divinos neste estágio, demonstrando, no caso
referido, como o mundo das formas, tal qual o mundo da ideias, encontram-se em
incessante e inabordável transição renovadora.
Observa-se o mesmo fato, quando o
corpo cadaverizado de um indivíduo, em sua imobilidade aparente, tão logo inicie
o processo de rigidez, desencadeia profundas transformações, onde um batalhão
de células empreende o processo de desagregação celular, iniciando-se pela
desidratação do corpo físico até alcançar a ruptura dos laços perispirituais,
para libertação e desligamento do espírito, que renovado em sua estrutura
morfológica, demandará novas paisagens, adequando-se à nova dimensão, que se
lhe abre adiante, acenando-lhe promessas de renovação porvindoura, rumo à
perfeição relativa, pré-requisito, para a plenitude e a felicidade, que lhe são
consequências.
De igual forma, a imensidão das
paisagens geladas da Antártida, tanto quanto a inóspita solidão dos desertos,
encontram-se por sua vez em contínua atividade transformadora. Aquelas, através
da variação quase imperceptível da temperatura em sua superfície gelada,
provocada por intempéries distantes dali, porém, conduzidas pelas correntes de
vento, que transformam significativamente suas paisagens, através dos
rompimentos e quedas de geleiras e, posterior viagem pelo oceano, de grandes
“icebergs”.
E, com respeito aos desertos, a
transformação acontece, pelo fluxo e refluxo de ondas de calor, com
temperaturas extremamente elevadas, enquanto o astro rei encontra-se em sua
caminhada diária em seu périplo habitual, contrapondo-se aos ventos gelados que
sopram uivantes à medida em que Selene desponta no horizonte, languidamente,
apresentando os sinais denunciadores de uma amplitude térmica de grandes
contrastes, prestes a iniciar-se, entretanto, não impede a proliferação das manifestações
da vida ali existentes, patenteando a presença de um planejamento divino,
agindo com autônoma soberania, independente da presença do homem naquela
região, onde tem seu habitat.
Constatamos também, que no sepulcral
silêncio do pântano, de onde a vida parece ter-se evadido, na sua aparente tranquilidade
não permite transparecer, a constante ação de micróbios, vírus e bactérias de
inimagináveis procedências, que travam incansável batalha em busca da
sobrevivência, mesmo com o ônus de continua destruição, significando que até
nas formas microscópicas, existe um cosmo plenamente ativo, transitando de um polo
a outro em busca da possível renovação, consoante a resposta que os Benfeitores
da Humanidade disseram: “...tudo serve e se encadeia em a natureza...”
revelando que existe um caminho do átomo ao arcanjo, que precisa ser percorrido
para que a transição renovadora aconteça.
Se tudo isso e muito mais, acontece no
mundo das formas transitórias, o mesmo acontece no mundo das ideias, onde
velhos dogmas são substituídos; conceitos são submetidos a questionamentos; ideias
secularmente aceitas são debatidas com ardor; novos paradigmas ganham mais
espaço e, os potenciais da mente, durante muito tempo apenas tolerado por um ou
outro estamento da ciência, hoje são vasculhados na sua intimidade memorial,
demonstrando que se acha em andamento uma grande transição, de dimensões
planetárias, em irrestrita obediência aos ditames da Inteligência Suprema, o
Criador de todas as coisas.
Rubens Romanelli
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