Ary Brasil Marques
Uma das missões mais
difíceis em nosso planeta é a missão dos juízes. Eles têm que julgar o
semelhante, baseando-se nos fatos que lhe são apresentados, muitas vezes
incompletos ou falsos.
Faltando elementos,
naturalmente o julgamento se fará de maneira incompleta, muitas vezes de
maneira errada e injusta.
O ser humano costuma fazer o
papel de juiz. Esquecendo-se das palavras de Jesus, que nos disse as sábias
palavras: “Não julgueis para não serdes julgados”.
Sem saber a história
completa, vamos julgando e condenando os nossos semelhantes. Quando somos
vítimas de injustiças, de traições, de menosprezos, de agressões, de
comentários maldosos, a maioria das vezes agimos com um rigor excessivo,
transformando-nos em juízes implacáveis e em verdadeiros algozes. Não
procuramos as razões ocultas, não esperamos explicações, não damos ao outro a
oportunidade de defesa, vamos logo julgando e condenando.
Quando nos sentimos
ofendidos, injustiçados, prejudicados em nossos direitos, então, ficamos uma
verdadeira fera. Deixamos de considerar que tudo na vida faz parte do plano
divino para a nossa evolução, para o nosso aperfeiçoamento, para a colheita
obrigatória daquilo que plantamos ontem, em passado recente ou remoto.
Falamos em perdão, mas na
hora que temos que praticar esse perdão, agimos de forma impiedosa contra
aqueles que nos ofenderam. Não nos lembramos que temos que amar a todos os
seres da criação, e para amar não podemos ficar ligados a atos que nos
prejudicaram segundo o nosso ponto de vista. Não teriam esses atos nos
impulsionado para frente? Vamos deixar de nos considerar coitadinhos, vítimas
da maldade alheia, vítimas da má sorte ou de injustiças.
Tudo o que nos aconteceu na
vida é fruto da lei de ação e reação, e todos os acontecimentos que muitas
vezes lamentamos foram importantes em nosso processo de crescimento.
Deixemos de ser juízes do
semelhante. Apliquemos o perdão incondicional.
Pode ser que não seja mais
possível um relacionamento mais íntimo com os nossos irmãos que nos ofenderam,
mas temos que exercitar o perdão, o amor, a fraternidade. Caso não dê para um
convívio mais íntimo, vibremos amor para eles à distância. Quando os encontrarmos,
não ofereçamos resistência a atenção, à conversa fraterna, ao respeito. Quando
tivermos que falar deles para alguém, falemos apenas sobre o lado positivo
deles. Apaguemos de nossa memória os momentos desagradáveis e nos lembremos
sempre que ninguém está de posse de todos os elementos que originaram qualquer
fato, e que os elementos desconhecidos por nós podem modificar inteiramente a
culpa que atribuímos ao outro.
Ser juiz de nosso semelhante
é atributo exclusivo de Deus. Cada um responde pelos seus atos, e se esses atos
não foram bons e prejudicaram alguém, só deve ser assunto da própria pessoa e
terão como resultado a volta da lei de causa e efeito para a mesma.
A nós compete esquecer,
perdoar, amar e seguir adiante.
SBC, 12/05/2007.
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