Por maior esquecimento que a
reencarnação possa proporcionar, o espírito imortal traz registrado em sua
memória extra cerebral, as experiências já acumuladas de existências
pretéritas, que proporcionaram a oportunidade de uma gama imensa de reflexões,
superficiais umas profundas, outras, levando-o a adquirir um determinado nível
de consciência, suficiente o bastante para impulsioná-lo à adoção de ações
indicativas de atitudes, que se encontram no plano das ideias, porém, a partir
de agora passam a fazer parte da consciência.
Essas ideias inatas, que permanecem
vagamente difusas, durante certo período da existência do indivíduo, em certo
momento toma corpo e volume com intensidade ostensiva, impelindo-o à procura de
racionalização destas ideias, com explicações lógicas e coerentes que
satisfaçam as exigências do raciocínio, que explicam de maneira objetiva as
coisas disso tudo, para que os questionamentos obtenham as respostas,
transformando as dúvidas em certezas, a fim de que a convicção íntima alimente
a consciência dando espaço para que a fé em Deus, seja uma fé raciocinada.
Se a humanidade contasse apenas com os
cinco sentidos que possui o homem, mesmo que este possuísse o auxílio da
intuição, ainda assim isto não seria suficiente para que ele aceitasse a existência
de Deus, este Deus que ele não vê, não toca, não ouve, não sente, etc. Quão
difícil se torna aceitá-Lo, tão logo somente através de Sua Obra presente na
natureza, como se observa nos menores detalhes em qualquer direção que se olhe.
Decorre daí a importância da Doutrina
Espírita, que apresenta a proposta da fé raciocinada, que leva o indivíduo a
perquirir ao olhar um grão de uma semente qualquer (semente de mostarda para
usar o exemplo citado por Jesus).
Como uma semente tão minúscula, guarda
em si, potencialmente, um arbusto daquelas dimensões?
Que tipo de segredo ela abriga na sua
intimidade, para desabrochar apenas em específicas condições?
Qual a qualidade de energias que ela
aciona para amadurecer, florescer e frutificar naquela época?
Onde ela esconde o sabor predominante
que detém?
São perguntas, cujas respostas fogem à
craveira comum das criaturas, e no entanto, à medida que o conhecimento avança
e a ciência se especializa, a razão nos diz que por base disso tudo, lia uma
Inteligência Suprema, cuja causa é o Criador Supremo, que conhecemos como Deus,
cujas leis acham-se inscritas na nossa consciência, que estamos buscando
compreender nos instruindo com os instrumentos que a Doutrina espírita nos
oferece, dentre os quais encontra-se a fé raciocinada, que jamais devemos
deixar de utilizar, posto que o pensamento é um dos legados maiores outorgados
por Deus ao espírito imortal, quando adentramos ao Reino Hominal e conquistamos
“o pensamento contínuo” que nos possibilitou as análises, comparações, ilações,
deduções, interferências, etc... tão necessárias ao nosso processo de
consciência e despertamento para descobrir Deus em sua obra.
A doutrina Espírita nos esclarece que
Deus é Onisciente, ou seja, tem todo o conhecimento e não há nada que se Lhe
escape, é Onipresente, que corresponde dizer que se encontra em todo lugar,
através do fluído cósmico universal que tudo preenche, como tão bem ilustrou o
apóstolo dos Gentios, ao estabelecer: “em Deus vivemos em Deus nos movemos” e,
como Deus também é Onipresente, isto é, possui todo o Poder, Ele vai permitindo
que desvelemos a nossa consciência, à medida em que isto resulte em
oportunidade de progresso e evolução para todos, quando estivermos capacitados
para tanto e soubermos dignificar tal honraria.
Tendo por base todo o exposto até
agora, é que acreditamos que o papel das religiões, fundamentalmente, é levar
os seus profitentes à conscientização de suas potencialidades, libertando os
indivíduos das amarras da ignorância, tanto quanto, seja possível fazer, mesmo
reconhecendo os estágios de entendimento e evolução em que estas se encontrem,
no entanto, os seus dirigentes, não podem ser “cegos guiando cegos”,
monopolizando conhecimentos, sonegando informações, aprisionando-os com falsas
promessas de uma vida futura ao aceitar Jesus simplesmente, com garantia de um
paraíso inexistente, ou a reservada de um lugar ao lado do Mestre Galileu,
esquecendo-se que até Jesus esquivou-se de atender semelhante pedido dizendo
que não Lhe competia semelhante tarefa.
As religiões que encontram-se
embasadas em semelhantes conceitos, que são prometidos através de variados
rituais, porém, nada garante que sejam realizadas tais promessas, incorrem em
gravíssimo erro, cujas penas podemos supor, além do que, fogem totalmente ao
que já foi preconizado por Jesus em: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará”.
Portanto, somente a verdade que se
adquire, através da fé raciocinada, que enfrenta a razão em todas as épocas,
face a face, é que nos permite alcançar este nível de consciência.
Cairbar Schutel
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