A evolução espiritual é um fenômeno bastante complexo, que se dá
em sucessivas fases.
No começo, predomina a natureza corpórea.
Dominada pelos instintos, a criatura dedica seu tempo e seu
interesse a atividades comezinhas.
Comer, vestir-se, abrigar-se, procriar e cuidar da prole, eis a
que se resumem suas preocupações.
Nesse período, o egoísmo é marcante.
Os instintos de conservação da vida e da preservação da espécie
têm absoluta preponderância.
Com o tempo, o ser começa a desvincular-se de sua origem.
A inteligência se desenvolve, o raciocínio se sofistica e o
senso moral desabrocha.
As invenções tornam possível gastar tempo com questões não
diretamente ligadas à sobrevivência.
Viver deixa de ser tão difícil, sob o prisma material.
Em compensação, começam os dilemas morais.
Com a razão desenvolvida, a responsabilidade surge forte nos
caminhos espirituais.
O que antes era admissível passa a ser um escândalo.
A sensibilidade se apura e a criatura aspira por realizações
intelectuais e afetivas.
Essa nova sensibilidade também evidencia que o próximo é seu
semelhante, com igual direito a ser feliz e realizado.
Gradualmente se evidencia a igualdade básica entre todos os
homens.
Malgrado possuidores de talentos e valores diversos, não se
distinguem no essencial.
Uma chama divina os anima e a todos conduzirá aos maiores cimos
da evolução.
Contudo, o abandono dos hábitos toscos das primeiras vivências
não é fácil.
Séculos são gastos na árdua tarefa de domar vícios e paixões.
As encarnações se sucedem enquanto o Espírito luta para
ascender.
O maior entrave para a libertação das experiências dolorosas é o
egoísmo, que possui forte vínculo com o apego às coisas corpóreas.
Quanto mais se aferra aos bens materiais, mais o homem demonstra
pouco compreender sua natureza espiritual.
O Espírito necessita libertar-se do apego a coisas transitórias.
Apenas assim ele adquire condições de viver as experiências
sublimes a que está destinado.
Quem deseja sair do primitivismo deve combater o gosto
pronunciado pelos gozos da matéria.
O melhor meio para isso é praticar a abnegação.
Trata-se de uma virtude que se caracteriza pelo desprendimento e
pelo desinteresse.
A ação abnegada importa na superação das tendências egoístas do
agente.
Age-se em benefício de uma causa, pessoa ou princípio, sem visar
a qualquer vantagem ou interesse pessoal.
Certamente não é uma virtude que se adquire a brincar.
Apenas com disciplina e determinação é que ela se incorpora ao
caráter.
Mas como ninguém fará o trabalho alheio, é preciso principiar em
algum momento.
Comece, pois, a praticar a abnegação.
Esforce-se em realizar uma série de atitudes com foco no
próximo.
Esqueça a sua personalidade e pense com interesse no bem alheio.
Esse esforço inicial não tardará a dar frutos.
O gosto pelo transitório lentamente o abandonará.
Ele será substituído pelos prazeres espirituais.
Você descobrirá a ventura de ser bondoso, de amparar os caídos e
de ensinar os ignorantes.
Esses gostos suaves e transcendentes o conduzirão a esferas de
sublimes realizações.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 17.6.2013.
Em 17.6.2013.
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