Por Érika Silveira
Entrevista com Dr. Tarcísio
de Freitas Basílio, publicado no site da "Fraternidade de Assis"
A palavra homeopatia deriva
do grego e significa tratar a doença com o semelhante. A prática homeopática
foi fundada pelo médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann, que não
contente com os recursos primitivos da época para tratar seus pacientes, resolveu
abandonar a carreira e se dedicar às traduções de livros.
Em 1790 quando traduzia uma
obra do conceituado médico escocês Cullen, encontrou uma seção que indicava o
tratamento da malária com quininos. Acreditando ser outro o mecanismo de cura e
não convencido com a explicação do autor, que atribuía a eficácia do remédio e
eventuais efeitos tônicos sobre o estômago, resolveu comprovar suas ideias.
Medicou-se com o remédio durante vários dias e consequentemente passou a sentir
os sintomas da malária. Esse experimento marcou sua descoberta de que o
medicamento que produz os sintomas de uma doença em pessoa sadia podia ser
usada para tratar doenças com as mesmas características. Desde então voltou a
clinicar e a fazer novos testes. Em 1810 publicou o livro Organum
Therapeuticum, abordando as ideias da medicina homeopática.
Para conhecer um pouco mais
a respeito da homeopatia no tratamento das doenças, entrevistamos o Dr. Tarcísio
de Freitas Basílio, médico homeopata e membro atuante no movimento espírita.
Segundo o Dr. Tarcísio, a
homeopatia tenta compreender o indivíduo de forma global, o que significa
cuidar do físico e do emocional para buscar o equilíbrio. “Os médicos
homeopatas levam em conta além do aspecto físico, as emoções e sensações,
coisas que para a medicina tradicional não têm tanto valor”, complementa.
Diz também que a homeopatia
encontrou no centro espírita uma porta de trabalho muito grande, possibilitando
diversos atendimentos gratuitos para aqueles que não possuem recursos para
pagar por uma consulta.
Como a homeopatia analisa o
aspecto emocional na formação das doenças?
Hahnemann foi um dos
primeiros médicos que levou em conta o aspecto psicológico do ser humano. Ele
procurava cuidar de pacientes com distúrbios psiquiátricos dando um atendimento
digno. Até essa época as pessoas que tinham problemas psiquiátricos eram
trancafiadas em porões até a morte.
Na homeopatia é impossível
pensar em se tratar o indivíduo apenas levando em conta o aspecto físico, mas
precisamos entender que nem tudo é psicossomático, às vezes a doença afeta
também o emocional. Nós conhecemos o paciente através do sintoma da sua doença.
Na visão espírita
compreende-se que os desequilíbrios orgânicos partem do perispirito, que também
é influenciado por desequilíbrios da alma. Kardec nos diz que quando
conseguimos atuar no perispirito e tentamos reequilibrá-lo, conseguimos ajudar
o espírito a se modificar, embora a verdadeira mudança aconteça com esforço
próprio de cada um.
A base do medicamento
homeopático é diferente de outros remédios?
Toda medicina se baseia em
medicamentos que provém do reino mineral, vegetal ou animal, o que muda é a
maneira como o medicamento é preparado, no caso do remédio homeopático ele tem
uma ação energética e não química. Mas vale lembrar que não existe medicamento
inofensivo, portanto tomar homeopatia de forma errada também faz mal. A
diferença também é que na alopatia o médico receita o remédio de acordo com o
diagnóstico e na homeopatia ministramos o medicamento para o paciente,
independentemente do diagnóstico.
Como o desenvolvimento
espiritual aliado ao tratamento homeopático pode ajudar no tratamento das
doenças?
Hahnemann é anterior a
Kardec e já falava que o indivíduo que se submetesse ao tratamento precisava
ter valores morais, porque se a pessoa não tiver alguns valores
comportamentais, atos de vida salutares, o tratamento não faz efeito. O remédio
é uma parte dentro de um conjunto de medidas que o indivíduo necessita ter para
se modificar. A cura verdadeira está na alma. O remédio ajuda a dar incentivo e
amparo.
Para alcançarmos o
equilíbrio é importante conseguirmos ter o verdadeiro comportamento do
"Homem de Bem", porém fazer o bem não significa sempre termos saúde.
Temos o exemplo de espíritos evoluídos que passaram pela prova da doença como
uma forma de demonstrar a fé e servir de exemplo para outras pessoas. O que
muda é o relacionamento do espírito com a doença, a maneira de encará-la.
Uma mensagem:
Que cada um procure fazer o
melhor e tente cumprir direito as obrigações que a vida lhe impõe. Se
conseguirmos estar com a consciência tranquila, vamos estar com a felicidade e
a paz interior.
A paz interior é o primeiro
passo para a cura, embora a cura seja um estado de alma. Se pudermos entender
que a doença não é um castigo e sim um processo de educação da alma, com
certeza nós conseguiremos ter momentos mais tranquilos e sofreremos menos.
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