ÉTICA MEDIÚNICA
O médium, para o bom
exercício de sua atividade mediúnica, além do respeito que norteia os
princípios preconizados pela Doutrina Espírita, tem o dever fundamental de agir
dentro dos rígidos princípios éticos morais, que se encontram subentendidos nos
propósitos do espiritismo, de contribuir para erguer moralmente a humanidade,
conforme o recomendado na Introdução de “O Livro dos Espíritos”.
Essa ética mediúnica
inicia, com a compreensão da parte do médium, que o intercâmbio é a penas o
meio que os espíritos utilizam para alcançarem a humanidade, esclarecendo-a
quanto à realidade do mundo espiritual; das verdades reveladas pelos espíritos
de escol; da permanente ligação entre os dois mundos; da imortalidade da alma,
que continua vivendo após a morte do corpo físico, conforme consta das
comunicações dos diversos espíritos, que escreveram através das mãos de
variados médiuns, que relataram suas experiências em diversos recantos do
planeta, como se pode ler em grande número de livros que tratam do assunto,
pormenorizadamente, recheados de nomes, datas, números e acontecimentos, que
identificam os personagens ali retratados, comprovando a autenticidade do
fenômeno, como também a veracidade das informações, que reforça a credibilidade
do médium, e das comunicações por ele veiculadas.
Outro aspecto que se
impõe quanto a ética mediúnica, é a honestidade ou discrição na questão
referente à divulgação das informações recebidas pelo médium, porquanto, certas
revelações de cunho pessoal ou
particular, que nada acrescentam à
coletividade por não contribuir com o progresso do homem, ao contrário,
servindo-lhe apenas de motivação para discussões estéreis, divisionismos e
cizânias, sem atentar para a recomendação do apostolo dos gentios, Paulo de
Tarso, que refere-se em sua carta acerca da diversidade dos carismas, afirmando
que o Senhor distribuiu todos esses dons para o que for útil, reforçando a
questão da ética, como algo muito importante, tanto para o médium e sua
credibilidade, quanto para o intercâmbio mediúnico e os frutos que por ele
serão produzidos.
Além disso, nem toda
revelação deve ser imediatamente divulgada, sem o critério do bom senso, sem o
zelo do discernimento, sem a cautela do questionamento, sem as perquirições da
lógica apara que se possa aferir sua veracidade, sem controvérsias ou
refutações, lembrando a recomendação ponderada do Espírito Erasto que diz: “É
preferível repelir dez verdades, a aceitar uma única teoria errônea”, o que
demonstra o grau de ética e o zelo, que o médium deve dedicar a atividade
mediúnica.
Outro dado importante
para ser assinalado, em relação ao intercâmbio mediúnico e a ética, diz
respeito a participação dos espíritos que se acham em dimensão superior, e, a
filtragem da mensagem realizada pelo médium, nessa parceria que deve ser de
confiança mútua, e que no entanto, tem revelado ao longo dos tempos, que o lado
mais frágil dessa parceria é a participação do médium, ainda assoberbado pelas
próprias fraquezas e imperfeições, com suas idiossincrasias, apesar dos
conhecimentos que possui, deixando-se contaminar pelas concessões mundanas, que
irão refletir-se na tarefa, sem atentar para a recomendação de Allan Kardec,
exarada no Livro dos Médiuns, quando esclarece: “Médium bom, não é aquele
possuidor de mediunidade mais ostensiva, e sim, aquele que foi menos enganado”,
o que demonstra a perfeita sintonia entre o codificador, com esta recomendação,
e o pensamento do Espírito Erasto com sua afirmativa exposta linhas atrás.
Assim, a questão da
ética mediúnica, é de fundamental importância para o médium, porquanto, não é a
mediunidade que garante respeito e credibilidade ao médium, é a lisura, o zelo,
o critério e a fidelidade doutrinária com que se conduz o médium, que lhe
distingue as atividades.
O que de certa forma,
vem reforçar as diretrizes da Doutrina Espírita, acerca da fonte onde procede
as revelações, muito bem sedimentadas no Evangelho de Jesus, como pode ser
constatado em João: Quando diz: “Ouvi todos os espíritos, mas, verificai se
eles vem de Deus”, mostrando a realidade da existência efetiva, no mundo
espiritual, de “falsos Cristos e falsos profetas” que não estão a serviço do
bem e do Amor que promana do Criador, mas encontram-se a serviço de interesses
obscuros ou menos dignos, portanto, em relação à ética mediúnica, é sempre
oportuno ter prudência, cautela, zelo e fidelidade doutrinária para superar os
naturais escolhos da mediunidade.
José Maria de Medeiros
Souza, pelo Espírito Espírita, Jean – Marie Lachelier.
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