Toda jornada existencial na Terra se
apresenta ao espírito, como um grande desafio a ser vencido, não apenas em
decorrência dos débitos que o mesmo possui e necessitam ser ressarcidos
consentâneos com as Leis Superiores da Vida, porém, como uma forma ao alcance
de seu entendimento, para que ele supere suas imperfeições, vícios e fraquezas,
disciplinando os impulsos em desalinho, afim de lograr harmonia e equilíbrio em
suas atitudes, como um meio que lhe faculta alcançar uma relativa paz intima e
por consequência uma possibilidade de construir a própria felicidade, apesar
das adversidades naturais presentes em seu caminho.
Portanto, uma existência terrena
possibilita educar as muitas fraquezas morais que o indivíduo ainda carrega,
iniciando-se pela conscientização de uma maior confiança em Deus, despertando o
sentimento de religiosidade independente da crença que se cultiva, para melhor
compreender que as dores aflitivas, os testemunhos sofridos, as decepções e
fracassos recolhidos, independem de sua vontade, porquanto acontecem à revelia
de seu comando, mostrando que desígnios mais poderosos, inexoravelmente,
frustrara os seus propósitos e objetivos. Daí conclui-se que a fatalidade, o
destino ou a má sorte, ou ainda, quem sabe, Deus está dispondo os eventos de
outra maneira, contrariando seus desejos.
Em seguida, a questão dos sentimentos
surge em relação ao próximo, adquirindo uma conotação preponderante nos
relacionamentos, sejam afetivos, familiares, profissionais ou de outra natureza
qualquer, requisitando uma convivência harmônica e equilibrada, alicerçada no
tratamento respeitoso, sem menosprezo ou preconceito, distante da falsa ideia
que somos melhores, esquecidos que fomos criados simples e ignorantes conforme
esclarece a Doutrina Espírita, sem o direito de merecer ou cobrar regalias e
privilégios de parte dos Benfeitores Espirituais, porquanto, “ser bom” não é
pré-requisito para merecer destaque algum. Basta ficar atento as palavras do
Mestre Galileu quando disse: “Porque me chamais de bom. Bom é o nosso Pai que
está no céu”, para diminuir as nossas exigências e retificar a ideia equivocada
que cultivávamos.
Na sequência disso, outro aspecto que
deve merecer uma atenção especial de nossa parte, é a que diz respeito às
fraquezas morais, que denominamos de vícios, pontos de vistas, hábitos sociais
ou questão de honra ou escrúpulo pessoal, que muitas vezes, justificamos
levianamente, com a surrada desculpa de que “todo mundo faz”, portanto, se todo
mundo faz, por que eu também não posso fazer?
É preciso esclarecer que esta ideia,
muito disseminada, esconde uma monumental armadilha moral, que colocada diante
de mentes ingênuas e sem noção de ética e justiça já consolidadas pela boa
educação, leva o incauto a fragorosas derrocadas na área da conduta, com
evidentes sinais de decadência moral, distante ainda, das lições de Paulo de
Tarso, fiel seguidor de Jesus, quando estabeleceu como roteiro comportamental
aos discípulos: “Tudo me é lícito, porém, nem tudo me convém”.
Portanto, vencer os nossos vícios e
fraquezas, tanto os de caráter individual como o tabagismo, os alcoólicos, a
gula, o sexo em desregramento, quanto os que implicam em prejuízos para
terceiros, como a maledicência, a calúnia, os furtos e golpes contra a economia
popular, a adulteração de dados e estatísticas para usufruir privilégios, a
prevaricação ou malversação do erário público e outras graves distorções de
conduta, notadamente quando o infrator se beneficia impunemente, fazendo com
que os prejudicados percam a confiança na justiça humana, e também percam a fé
e a esperança na justiça de Deus.
Por isso, a existência na Terra, é
sempre um grande desafio, posto que somos, naturalmente encaminhados para os
locais onde seremos submetidos às tentações, nas fraquezas e imperfeições que
ainda possuímos, para que na presença delas, sejamos capazes de superar as
nossas dificuldades íntimas de vence-las, vencendo em nós mesmos, os impulsos
que nos impelem para esses arrastamentos, a fim de vencermos o mundo, o nosso
mundo interior, que somente nós o conhecemos.
Albino da Santa Cruz
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