Ary Brasil Marques
De acordo com a palavra
árabe Maktub, que significa estava escrito, muita gente acredita que todas as
coisas estão determinadas para acontecer, e nada pode mudar isso.
Na realidade, acreditamos
que temos gravado em nosso perispírito o resultado de nossas ações pretéritas,
cujo resultado determina a realização de efeitos produzidos pela lei de ação e
reação. Muitos fatos que nos ocorrem são realmente coisas marcadas para nos
acontecerem, pois a cada ação existe uma reação em sentido contrário de igual
intensidade. Esses acontecimentos não são, em nosso entender, inevitáveis, pois
pelo uso de nosso livre arbítrio podemos mudar com nossas ações presentes
aquilo que está marcado.
Fatalidade não existe. O
olho por olho e dente por dente também não, pois é uma coisa relativa que
acontece ou não depois de ser levado em conta diversos elementos variáveis.
Deus não pune a ninguém. Ele
nos dá a liberdade de escolha do caminho a percorrer, e pelas nossas ações
vamos escrevendo em nosso livro da vida uma espécie de conta corrente, onde há
débitos e há créditos.
Assim como o débito tem um
papel relevante na formação dos fatos que temos que passar durante a nossa
encarnação, também o crédito entra nessa composição, atenuando e modificando para
outras maneiras de se pagar nossa dívida cármica. Assim, pode acontecer que
alguém destinado a sofrer determinado acidente, por exemplo, em razão de suas
boas ações de amor ao próximo venha a sofrer algo bem menor.
Acho que a palavra Maktub
nos leva a acreditar que somos verdadeiros autômatos, robôs com futuro já
marcado, irrevogável. Essa ideia não está de acordo com o que aprendemos na
Doutrina Espírita.
Além de nossas ações
pretéritas que determinaram um futuro mais ou menos penoso e com sofrimentos
que são resultado de plantação nossa, existem as ações presentes que podem
alterar essa situação.
Até por interesse, para
alcançarmos uma vida melhor, precisamos pautar nossa vida dentro do Evangelho
do Amor, e só de nós depende nosso futuro.
Não temos que temer
situações de sofrimento irrevogável. Confiemos em Deus. Confiemos também em
nós. Somos filhos diletos de nosso Pai Celestial, e temos o dever de colaborar
na construção de um mundo novo, sem temores ou receios. Nada de maktub. Tudo
depende de nós. Não há destino pré-fixado, a não ser o destino, esse sim,
irrevogável, de chegarmos todos um dia à perfeição e à plenitude.
SBC, 20/08/2007.
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