Ary
Brasil Marques
Dia
primeiro de abril, dia consagrado à mentira. Desde criança somos ensinados que
o dia primeiro de abril é um dia de brincadeiras e de mentiras. As crianças
procuram enganar seus parentes e amigos, inventando as mais absurdas histórias
para isso. E dão gostosas gargalhadas quando conseguem o seu objetivo.
Essa
comemoração é universal. Lembro-me do pânico generalizado que a população
americana teve ao ouvir no rádio uma dramatização muito real e bem feita da
invasão da Terra por parte de povos alienígenas feita por Orson Welles. Todos
acreditaram e foi um verdadeiro caos no trânsito e nas comunicações de toda a
América.
Outra
mentira muito bem feita, também pelo rádio e isso aqui nas terras tupiniquins,
aconteceu quando fizeram uma transmissão de um jogo de futebol em que a seleção
brasileira foi goleada impiedosamente e trouxe uma frustração e grande decepção
aos fanáticos torcedores brasileiros, que não se conformavam com o fato de
nossos famosos e imbatíveis craques serem massacrados, bailados, humilhados
pelos adversários que até aquele momento eram fregueses de nossa seleção.
Há
que se fazer uma distinção entre mentira e brincadeira. As brincadeiras que
acontecem no dia primeiro de abril fazem parte do folclore, da tradição, são
momentos de alegria e de pândega. Não são prejudiciais, não trazem danos ao
nosso semelhante e nem a nós mesmos.
A
mentira condenável é aquela em que o ser humano distorce os fatos, inventa, é
maledicente, prejudica o semelhante. De tanto mentir, o mentiroso muitas vezes
acredita na própria mentira e é capaz de se lembrar, com detalhes, de episódios
nunca acontecidos.
Como
seres imperfeitos que somos, não há uma só criatura na Terra que não tenha
mentido pelo menos uma vez na vida. É muito comum a mentira ao se atender
telefonemas que não são desejados, e ouve-se constantemente pessoas afirmarem
ao interlocutor: Fulano não está. E o fulano está do lado, ouvindo.
Quantas
vezes mentimos a idade para entrar em um cinema ou em um teatro que tem limitações
de idade para os espectadores? Em quantas oportunidades de nossa vida
procuramos iludir alguém, e isso acontece muito em relação ao fisco. Sonegar
impostos também é mentira.
Mentir
para levar vantagens, mentir para caluniar e prejudicar o próximo, mentir por
hábito e a toda hora, é um grande mal. A finalidade do homem na Terra é
aprender o que é bom, evoluir, se aperfeiçoar. Vamos banir o hábito da mentira
em nossas vidas, pois mentir é próprio de espíritos atrasados, imperfeitos, que
muitas vezes usam da mentira para aparecer aos olhos dos outros com predicados
que não têm, com diplomas que não possuem, com uma capa de honestidade que
ainda não adquiriram.
Mas
no dia primeiro de abril, vamos brincar, nos descontrair, vamos participar das
mentirinhas inocentes das crianças.
SBC,
01/04/2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário