Relato de uma experiência no
1.º Encontro Espírita de Educação para a Morte
Ana Paula Navarro
anapaula.navarro.v@gmail.com
16/08/2007
Nosso querido Herculano
Pires em seu livro “Educação para a Morte” reforça que educar-se para a morte é
educar-se para a vida. Morreremos bem, se bem tivermos vivido. Este foi o eixo
central do 1.º Encontro Espírita de Educação para a Morte, realizado pelo
Instituto Brasileiro de Trans pessoal em parceria com a USE-Sorocaba (julho 2007
– SP).
Nesta ocasião, além das
importantes mesas-redondas e comunicações espirituais, participamos de uma
vivência muito especial. Cada pessoa recebeu um pequenino vaso com terra fértil
e um envelope também pequeno com os dizeres: “Com carinho, para você”. Fomos
sensibilizados a imaginarmo-nos nos momentos preparatórios que antecedem a
reencarnação. Seguramos o vasinho e o pequeno envelope como se em nossas mãos
estivessem depositados tesouros de valor incalculável. Era a nossa Vida, um
presente de Deus manifestado na nova oportunidade de reencarnação.
Abrimos, então, o envelope:
ali estavam as sementes de mostardas e uma pequenina pá. (“...o arado está
pronto e a terra espera...” – ESE XX.4) A serena voz da focalizadora nos
convidava a reconhecermos nossos talentos, aprendizados e oportunidades
naquelas pequeninas sementes. Estávamos, todos nós, contemplando as palmas das
mãos, com seus riscos e desenhos que revelam nosso histórico de experiências, e
as sementes ali, prontas para o novo plantio... Plantamos e uma onda de amor e
apoio irradiava-se, sussurrando acalento e promessa certa de nunca estarmos sós
e desamparados. Cada mão aninhando seu vasinho fertilizado, cada qual vibrando
imensamente para que as sementes, todas, tivessem a chance de desenvolver-se em
plenitude.
Imantávamos nossa vida que
iniciava com doses certas de otimismo, esperança, puras intenções de sermos
fiéis aos propósitos e aprendizados escolhidos para a encarnação que
despontava. Como raios de sol no alvorecer, um misto de luz e calor
descortinava mais um dia, trazendo com ele certa determinação e coragem para
Viver.
Mas quando nascemos somos
confiados a outras pessoas para que nos cuidem nos primeiros anos de vida.
Então chegou-nos a instrução: dentre todas as pessoas do Encontro, escolha uma
para entregar seu vasinho, ela irá cuidar de suas sementes, confie nesta pessoa
e entregue-se a seus cuidados... Nascer é um ato de confiança mútua!
Linda esta experiência,
muito sensível a focalizadora ao propô-la. Troquei os vasinhos com uma moça
muito especial, pela qual nutro grande afeição e respeito. Foi lindo,
compromisso recíproco de cuidado e amor.
Voltei para minha cidade,
com aquele tesouro na bagagem. Mas a vida é interessante, precisei viajar no
dia seguinte novamente e o tal vasinho ficou numa sacola fechada por 16 dias!!!
Quando me dei conta estava a 400km da sacola! Quase não dormi quando percebi o
que fiz...
Ao voltar para casa, a
primeira coisa foi correr para a sacola, resgatar meu compromisso de cuidar das
sementes de mostarda. Enquanto ia em direção à sacola pensei: tudo bem, está
fechado mesmo, vou começar agora, as sementes estão apenas guardadas e regarei
e cuidarei a partir de então...
Minha surpresa!!! O vasinho,
lacrado com plástico e no fundo escuro da sacola estava todo germinado! As sementes,
todas, venceram a escuridão da sacola e do meu esquecimento... Cresceram
superando os desafios iniciais e denunciando que a Vida, maior e mais precioso
patrimônio, não espera, a Vida É.
Espantada e feliz, percebi:
não se pode mais adiar o que deve SER.
As sementes de mostarda
traduzem as lições da Fé – humana e divina.
“Se todos os encarnados
realmente estivessem persuadidos da força que têm em si, e se quisessem colocar
sua vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o que até o
momento chamou-se de prodígios, e que é simplesmente um desenvolvimento de
faculdades humanas”.
(ESE – XIX.12)
Somos heróis, filhos do céu
e da terra, e nossa jornada evolutiva presenteia-nos com as oportunidades de
plantio, germinação, crescimento, floração e frutificação, aprontando-nos para
as metas elevadas de coparticipação na arquitetura divina da Vida. Somos
construtores de nós mesmos e de tudo o que nos circunda.
Façamos, pois, o exercício
do Cuidar – amando e respeitando a Vida em todas as suas manifestações, amando
a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Fé e Coragem, a lavoura está
pronta e os arados à disposição do fiel lavrador.
Sejamos fiéis às sementes,
que elas sejam tudo aquilo que podem ser. Sejamos nós a expressão de toda nossa
potencialidade atual, revelando-nos humanos e divinos, jardineiros e arquitetos
de nós mesmos e do Mundo no qual desejamos VIVER.
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