Ary Brasil Marques
Enquanto eu pensava em algum
assunto para escrever hoje, veio na minha cabeça um pedaço de uma música de
carnaval. A canção dizia assim: “Papai Adão, Papai Adão já foi o tal, Hoje é
Eva quem manobra, E a culpada foi da cobra.” Coitada da cobra, ficou marcada
pelos homens como sinônimo de traição, de alcoviteira, de animal peçonhento.
Analisando o conteúdo da
música, verifico em primeiro lugar que a mulher, hoje, realmente se destaca no
cenário da vida. Vencendo os preconceitos, a mulher aparece hoje como líder nos
vários setores da vida. Isso não significa a superioridade de um sexo sobre o
outro, pois sabemos que o espírito, ao longo de sua caminhada evolutiva, passa
por todas as situações e reencarna no planeta ora como homem ora como mulher.
Mas a música nos remete ao
episódio bíblico da perda do paraíso por Adão e Eva, expulsos do Éden em razão
de terem comido a fruta proibida. É uma fábula. A Bíblia é um livro escrito por
vários autores da antiguidade, inspirados por Deus, e usa muitas vezes, da
mesma forma que Jesus usava das parábolas, de fábulas que representam na forma
de uma história infantil, um fato ou uma verdade.
O fruto proibido dessa
história não tem nada a ver com o sexo, sublime instrumento que Deus deu ao ser
humano para se multiplicar. O sexo é algo maravilhoso e quando é acompanhado de
amor se torna um mecanismo divino na vida terrena.
Na fábula em questão se
retrata a vida em um planeta em fase de desenvolvimento, quando esse planeta é
promovido de estágio de expiação e provas para o estágio de planeta de
regeneração. É a hora da separação do joio do trigo, dos espíritos que já
evoluíram moralmente e que devem continuar naquele orbe, dos espíritos que
apenas se desenvolveram intelectualmente e que embora ostentem um alto
conhecimento tecnológico ainda não têm condições morais para lá permanecer.
Esses espíritos são
desterrados, não podem ficar ali, são enviados em bendita oportunidade de
recomeço para planetas mais atrasados, com a finalidade principal de evoluírem
e de ajudarem, com seus conhecimentos tecnológicos e científicos, o
desenvolvimento dos seres que habitam tais planetas.
Essa perda do planeta
querido é retratada na fábula como a perda do paraíso. Para onde estão sendo
transferidos obriga-os ao suor do trabalho, do esforço, para poderem novamente
voltar, um dia, ao antigo lar.
Aquilo que ocorreu, um dia,
em Capela, deve se repetir em nossa Terra. O homem está muito adiantado aqui,
no plano intelectual, mas ainda muito atrasado no plano moral. Só aqueles que
evoluíram no sentimento do amor em sua plenitude, atingindo a todos os seus
semelhantes, é que estarão aptos a voltar à Terra, quando o planeta se tornar
um planeta de regeneração.
Estamos caminhando para
isso. Está chegando a hora da verdade. Para obtermos o nosso passaporte para
esse mundo melhor que será a Terra do futuro, temos que buscar o
aperfeiçoamento moral. Nosso maior mestre é Jesus e o seu Evangelho de amor
deve ser buscado por todos nós. Deus nos ama a todos, e mesmo que alguns fiquem
temporariamente à margem no processo de evolução, terão uma oportunidade de
recomeçar, de crescer ajudando os que ainda estão mais atrás. É a lei da vida,
e a fábula bíblica nos ensina isso.
SBC, 11/06/2007.
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