sábado, 29 de março de 2014

A QUESTÃO DA COBRA


Ary Brasil Marques

Enquanto eu pensava em algum assunto para escrever hoje, veio na minha cabeça um pedaço de uma música de carnaval. A canção dizia assim: “Papai Adão, Papai Adão já foi o tal, Hoje é Eva quem manobra, E a culpada foi da cobra.” Coitada da cobra, ficou marcada pelos homens como sinônimo de traição, de alcoviteira, de animal peçonhento.

Analisando o conteúdo da música, verifico em primeiro lugar que a mulher, hoje, realmente se destaca no cenário da vida. Vencendo os preconceitos, a mulher aparece hoje como líder nos vários setores da vida. Isso não significa a superioridade de um sexo sobre o outro, pois sabemos que o espírito, ao longo de sua caminhada evolutiva, passa por todas as situações e reencarna no planeta ora como homem ora como mulher.

Mas a música nos remete ao episódio bíblico da perda do paraíso por Adão e Eva, expulsos do Éden em razão de terem comido a fruta proibida. É uma fábula. A Bíblia é um livro escrito por vários autores da antiguidade, inspirados por Deus, e usa muitas vezes, da mesma forma que Jesus usava das parábolas, de fábulas que representam na forma de uma história infantil, um fato ou uma verdade.

O fruto proibido dessa história não tem nada a ver com o sexo, sublime instrumento que Deus deu ao ser humano para se multiplicar. O sexo é algo maravilhoso e quando é acompanhado de amor se torna um mecanismo divino na vida terrena.

Na fábula em questão se retrata a vida em um planeta em fase de desenvolvimento, quando esse planeta é promovido de estágio de expiação e provas para o estágio de planeta de regeneração. É a hora da separação do joio do trigo, dos espíritos que já evoluíram moralmente e que devem continuar naquele orbe, dos espíritos que apenas se desenvolveram intelectualmente e que embora ostentem um alto conhecimento tecnológico ainda não têm condições morais para lá permanecer.

Esses espíritos são desterrados, não podem ficar ali, são enviados em bendita oportunidade de recomeço para planetas mais atrasados, com a finalidade principal de evoluírem e de ajudarem, com seus conhecimentos tecnológicos e científicos, o desenvolvimento dos seres que habitam tais planetas.

Essa perda do planeta querido é retratada na fábula como a perda do paraíso. Para onde estão sendo transferidos obriga-os ao suor do trabalho, do esforço, para poderem novamente voltar, um dia, ao antigo lar.

Aquilo que ocorreu, um dia, em Capela, deve se repetir em nossa Terra. O homem está muito adiantado aqui, no plano intelectual, mas ainda muito atrasado no plano moral. Só aqueles que evoluíram no sentimento do amor em sua plenitude, atingindo a todos os seus semelhantes, é que estarão aptos a voltar à Terra, quando o planeta se tornar um planeta de regeneração.

Estamos caminhando para isso. Está chegando a hora da verdade. Para obtermos o nosso passaporte para esse mundo melhor que será a Terra do futuro, temos que buscar o aperfeiçoamento moral. Nosso maior mestre é Jesus e o seu Evangelho de amor deve ser buscado por todos nós. Deus nos ama a todos, e mesmo que alguns fiquem temporariamente à margem no processo de evolução, terão uma oportunidade de recomeçar, de crescer ajudando os que ainda estão mais atrás. É a lei da vida, e a fábula bíblica nos ensina isso.


SBC, 11/06/2007.

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