Ary Brasil Marques
Todos nós ficamos
impressionados pelas notícias veiculadas pela mídia sobre as maravilhosas
conquistas da ciência.
Existe, porém, uma grande
confusão com relação a esse assunto. É que geralmente conferimos imensa
autoridade às teorias científicas levantadas por um ou por outro cientista,
dando um crédito total a elas.
Ciência é uma coisa
dinâmica, que muda a cada nova descoberta após a sua comprovação, e está a cada
dia recebendo informações de novos fatos, de novas pesquisas e de novas
experiências. Os próprios cientistas discordam entre si uns dos outros, e uma
teoria científica só recebe o aval de todos e o consenso depois de anos de
discussões e de estudo.
Essas considerações vêm à
tona em razão da clonagem da ovelha Dolly, reacendendo a discussão sobre a
possibilidade da clonagem do ser humano, assunto antigo e objeto de muita
polêmica na década de 60.
Muita gente que se mostra
resistente quando se trata de acreditar nas coisas espirituais, combatendo a fé
cega e irracional, demonstra uma credulidade infantil ao colocar sua crença
incondicional nas mãos de cientistas dos quais apenas sabem da existência por
notícias de jornal. E proclamam alto e bom som: “A ciência demonstrou ser
possível criar um ser humano igual ao outro. A ciência desmente a religião. A
ciência tudo pode. O homem é o senhor do Universo!”
A verdade é que o homem é
centelha divina, partícula de luz, filho dileto do Criador de todas as coisas,
e utiliza a inteligência que lhe foi dada para buscar o progresso, a ciência do
saber, a tecnologia avançada. Daí a assumir a posição de criador, brincando de
Deus, vai uma longa distância.
Acreditamos que será
possível, em futuro remoto, a clonagem do homem. Não será a duplicação de um
mesmo indivíduo, com as mesmas ideias, o mesmo cabedal de conhecimentos e as
mesmas tendências, porque a ciência não considera ainda o elemento essencial do
ser, que é o espírito. É provável que os novos corpos clonados, idênticos em
sua natureza material, venham a receber novos espíritos em um processo de
reencarnação diferente do que hoje é usado através do sexo, assim como já se
utiliza o processo de inseminação artificial.
No livro “Mecanismos da
Mediunidade”, André Luiz nos diz que por um processo mental, que ele chama de
telementação e reflexão, os espíritos superiores planejam todas as coisas,
desde o acasalamento dos insetos até aos complexos mecanismos de reencarnação
dos espíritos em diferentes mundos. O processo não é necessariamente igual para
todos os mundos, e ele varia de acordo com a evolução de cada um deles.
O processo de clonagem na
Terra está apenas se iniciando. Teoricamente, ele é possível. Não podemos nos
esquecer, no entanto, da enorme responsabilidade dos cientistas que promovem
tais experiências, e eles só terão êxito quando reunirem os conhecimentos
materiais e os conhecimentos espirituais, não imaginando que sejam capazes de
criar um ser humano clonado apenas com os elementos da genética. Vale lembrar
Mary Shelley, com a sua criação Frankenstein, onde o monstro criado voltou-se
contra o próprio criador.
Espíritos imortais que
somos, utilizamos em nossa caminhada os recursos adquiridos pela tecnologia e
pela ciência que buscamos com a inteligência que Deus nos concedeu, mas jamais
poderemos alcançar a condição de novos deuses criadores, pois os corpos físicos
dos seres humanos são apenas veículos de utilização dos espíritos em sua
passagem pela Terra.
Acreditamos que com o
progresso científico, um dia será possível utilizar-se das conquistas nesse
campo para uma nova maneira de se conseguir a vinda de espíritos em processo de
reencarnação, alcançando-se então a sublimação do sexo, como possivelmente
ocorre nos mundos mais adiantados que já superaram a fase de expiação e de
provas.
O dia em que a ciência
alcançar isso, e não apenas trazer como verdades comprovadas simples teorias
científicas, o Espiritismo por certo acompanhará o progresso alcançado, pois a
doutrina codificada por Kardec é igualmente uma doutrina dinâmica e
progressista, em busca da verdade. Como a verdade nos é dada a conhecer em
partes, ainda estamos longe de termos a verdade total. A ela chegaremos, sem
dúvida, pois estamos todos em evolução a caminho da perfeição.
SBC, 08/04/1998.
Nenhum comentário:
Postar um comentário