Ary Brasil Marques
Todos os bens que possuímos
nos foram dados por empréstimo. Eles são nossos apenas durante o período de
nossa existência terrena. Nosso próprio corpo físico é um bem finito e não
durará para sempre.
Diante dessa realidade,
teremos direito à propriedade? Teremos direito de acumular bens materiais e de
possuirmos riquezas?
Como cada espírito está
cursando uma etapa diferente na escola da vida, acredito que aqueles que estão
no momento tendo necessidade do aprendizado em relação a posse de bens
materiais, recebem esses bens como oportunidade. Pelo bom ou mau uso dos
mesmos, o espírito aprende e cresce.
Nas perguntas 880, 881 e 882
do Livro dos Espíritos, encontramos a informação de que o primeiro de todos os
direitos naturais do homem é o de viver. Para viver ele pode adquirir bens,
guardar para o futuro e defender aquilo que conquistou pelo seu trabalho.
Advertem os espíritos de que
a posse de bens materiais é lícita, desde que não vem satisfazer apenas ao
egoísmo do homem. Ela deve ser utilizada no sentido do progresso geral e na
criação de empregos, visando o benefício de todos. É condenada a aquisição de
bens supérfluos que visam apenas a satisfação do orgulho e da vaidade do
adquirente.
No regime comunista a
propriedade passa a ser do governo. Teoricamente, todos têm os mesmos direitos
e podem usufruir dos bens que pertencem à comunidade. Na prática, isso não
acontece.
O mundo tem uma pequena
minoria que possui bens em excesso, enquanto a maioria não tem o mínimo
indispensável à sobrevivência, sendo essa a causa do desequilíbrio social e das
guerras.
A igualdade tão apregoada
pelo comunismo é uma utopia, e se todos os bens do planeta fossem distribuídos
em partes iguais a todos, no dia seguinte essa igualdade já teria desaparecido.
Isso acontece em razão da
multiplicidade de estágios diferentes pelos quais passa o espírito, em sua
caminhada evolutiva.
O dever de todos,
principalmente dos que têm mais, é usar da caridade e do amor para minorar o
sofrimento daqueles menos favorecidos.
Em resumo, todos têm o
direito às propriedades que adquirirem pelo trabalho honesto. É necessário,
porém, não ser egoísta e fazer com que o dinheiro, mola propulsora do
progresso, seja usado para trazer mais oportunidades de trabalho aos milhões de
pessoas que nada possuem.
SBC, 09/10/2007.
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