domingo, 30 de março de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE A VELHICE


Ary Brasil Marques

Estou comemorando 79 anos de idade. Faço parte de uma enorme classe de aposentados. Para muitos, aposentado é aquele que não trabalha, que vive em um “dulce far niente”.

Eu não penso assim. Acho que há muito trabalho que merece nossa atenção diária. Exercitar a mente, ler, escrever, fazer palestras, palavras cruzadas, navegar na Internet, dar carinho a quem precisa, participar como voluntário em alguma entidade beneficente, são apenas algumas atividades que podem encher de satisfação o dia de uma pessoa idosa.

Costuma-se usar o adjetivo de velho para identificar os idosos. Velho é pejorativo. Velho é trapo. Eu não me considero velho. Acho que a melhor maneira para identificar a pessoa que tem mais idade é, como diz o Juca Chaves, seminovo. Somos seminovos, não somos velhos. E assim como os carros antigos, os seminovos costumam servir aos seus donos tão bem como o fazem os modernos veículos vendidos hoje. E mais, aguentam batidas mais violentas do que as frágeis latarias dos carros novos.

Acredito que todas as pessoas vão um dia chegar à idade mais avançada, se conseguirem vencer as doenças, os acidentes e as adversidades do caminho. O ser humano começa a envelhecer na infância, e não há meio de fugir dessa verdade. Até por inteligência, para evitar um sofrimento que só virá para aqueles que não aceitam aquilo que não podem mudar, acho que todos deveriam se preparar para todas as situações da vida e para todas as idades. Devemos brincar na infância, nos divertir na adolescência, ter uma mocidade plena de atividades sadias, ser cidadãos úteis à sociedade na idade adulta e curtir a terceira e a quarta idade com serenidade e sabedoria.

O segredo é saber utilizar os recursos recebidos de Deus em todas as fases de nossa existência, agradecer por eles e os utilizar dentro do amor e do desejo de ser útil.

Quem não pode correr, anda. Quem não pode andar sem apoio, que arrume uma bengala. Quem não puder andar nem com ela, use uma cadeira de rodas.

O importante é a conscientização de que devemos viver intensamente com os recursos que nos sobrarem na grande caminhada da vida terrena rumo à evolução.

Somos todos espíritos imortais, e o nosso corpo físico é apenas um instrumento temporário, sujeito ao desgaste do tempo, que o usaremos enquanto estivermos aqui.

Recém-nascidos, novos ou seminovos, vivamos a vida com muita gratidão ao nosso Pai Celestial pela maravilhosa oportunidade que nos deu, na presente encarnação.


SBC, 06/09/2007.

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