domingo, 30 de março de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE O SUICÍDIO


Ary Brasil Marques

O suicídio é uma prática condenada pela maioria das pessoas e pelos religiosos em geral. Costuma-se dizer que quem pratica o suicídio está fazendo o pior pecado por ir contra Deus, sendo pois uma ação inadmissível e má.

O Livro dos Espíritos nos dá uma noção exata do que é o suicídio, mostrando-nos a insensatez desse ato, e explica que todos responderão pelos atos praticados.

A leitura de alguns livros espíritas, tais como Memórias de um suicida e Martírio de um Suicida, nos trazem a narração de muito sofrimento por parte daqueles que buscam essa forma de fuga da vida.

Só a descrição do Vale dos Suicidas, local de sofrimento onde se reúnem irmãos nossos que passaram por essa terrível experiência, nos enche de pavor.

Analisando o ocorrido com queridos amigos nossos, atingidos pela tristeza da perda de entes queridos que desertaram da vida terrena por vontade própria, vamos tecer algumas considerações.

Em primeiro lugar, Deus é amor infinito. Ele nos criou a todos simples e ignorantes, mas todos destinados a alcançar um dia a perfeição. O espírito evolui através de um número infinito de encarnações, em cada uma delas aprendendo um pouco mais e tendo como mestres os próprios erros e fracassos. O espírito avança, cai e levanta muitas vezes, até que um dia consiga alcançar essa perfeição.

O maior espírito que pisou na face da Terra, nosso Mestre Jesus, ao ser crucificado, insultado, vilipendiado, com lanças sobre o peito e uma coroa de espinhos na cabeça, orou ao Pai Celestial dizendo: “Pai, perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem.”

Isso demonstra que todos aqueles que praticam a iniquidade, o mal, o erro, o suicídio, são irmãos nossos que não sabem o que fazem. A própria lei humana, ao julgar aqueles que vão prestar contas de seus atos, leva em consideração o conhecimento, e pune de maneira mais branda os ignorantes, os que não sabem o que fazem, os que praticam o erro mais por uma forma culposa do que dolosa.

Lembro-me dos jogos de criança, do ludo. Naquele joguinho infantil, avançamos com um peão por uma pista quadriculada, de acordo com o número que aparece quando jogamos o dado. Conforme o número que tiramos, avançamos igual número de casas. Às vezes, dá um número que nos leva a uma casa marcada com o castigo de voltarmos atrás para o início do tabuleiro. Na vida acontece a mesma coisa. Quando cometemos um erro, e o suicídio é o erro maior, temos que voltar para o início da jornada, começar de novo, pois Deus é infinitamente bom e ama igualmente a todos os seus filhos. Ele certamente dará àqueles que faliram a oportunidade de recomeçar, tantas vezes quantas forem necessárias.

Assim, aquelas pessoas queridas que cometeram atos tão deploráveis, não ficarão abandonadas, nem irão para um inferno eterno. Cabe a todos os que amam tais criaturas, orar com fervor, com confiança, ao Deus de amor e de bondade, e Ele vai socorrer esses nossos irmãos, vai lhes dar esperanças, vai lhes proporcionar novas oportunidades.

É claro que eles estão sofrendo. Mas o sofrimento é o caminho da redenção, da recuperação, e esses nossos queridos irmãos não estão abandonados.

Jesus mesmo nos disse que são os mais faltosos, os mais necessitados, os mais transviados, que terão maior atenção por parte do Senhor, pois são eles as ovelhas transviadas muito importantes para que venham a ser trazidos de volta para o seu redil.


SBC, 09/09/06.        

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