Ary Brasil Marques
O suicídio é uma prática
condenada pela maioria das pessoas e pelos religiosos em geral. Costuma-se
dizer que quem pratica o suicídio está fazendo o pior pecado por ir contra
Deus, sendo pois uma ação inadmissível e má.
O Livro dos Espíritos nos dá
uma noção exata do que é o suicídio, mostrando-nos a insensatez desse ato, e
explica que todos responderão pelos atos praticados.
A leitura de alguns livros
espíritas, tais como Memórias de um suicida e Martírio de um Suicida, nos
trazem a narração de muito sofrimento por parte daqueles que buscam essa forma
de fuga da vida.
Só a descrição do Vale dos
Suicidas, local de sofrimento onde se reúnem irmãos nossos que passaram por
essa terrível experiência, nos enche de pavor.
Analisando o ocorrido com
queridos amigos nossos, atingidos pela tristeza da perda de entes queridos que
desertaram da vida terrena por vontade própria, vamos tecer algumas
considerações.
Em primeiro lugar, Deus é
amor infinito. Ele nos criou a todos simples e ignorantes, mas todos destinados
a alcançar um dia a perfeição. O espírito evolui através de um número infinito
de encarnações, em cada uma delas aprendendo um pouco mais e tendo como mestres
os próprios erros e fracassos. O espírito avança, cai e levanta muitas vezes,
até que um dia consiga alcançar essa perfeição.
O maior espírito que pisou
na face da Terra, nosso Mestre Jesus, ao ser crucificado, insultado,
vilipendiado, com lanças sobre o peito e uma coroa de espinhos na cabeça, orou
ao Pai Celestial dizendo: “Pai, perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem.”
Isso demonstra que todos
aqueles que praticam a iniquidade, o mal, o erro, o suicídio, são irmãos nossos
que não sabem o que fazem. A própria lei humana, ao julgar aqueles que vão
prestar contas de seus atos, leva em consideração o conhecimento, e pune de
maneira mais branda os ignorantes, os que não sabem o que fazem, os que
praticam o erro mais por uma forma culposa do que dolosa.
Lembro-me dos jogos de
criança, do ludo. Naquele joguinho infantil, avançamos com um peão por uma
pista quadriculada, de acordo com o número que aparece quando jogamos o dado.
Conforme o número que tiramos, avançamos igual número de casas. Às vezes, dá um
número que nos leva a uma casa marcada com o castigo de voltarmos atrás para o
início do tabuleiro. Na vida acontece a mesma coisa. Quando cometemos um erro,
e o suicídio é o erro maior, temos que voltar para o início da jornada, começar
de novo, pois Deus é infinitamente bom e ama igualmente a todos os seus filhos.
Ele certamente dará àqueles que faliram a oportunidade de recomeçar, tantas
vezes quantas forem necessárias.
Assim, aquelas pessoas
queridas que cometeram atos tão deploráveis, não ficarão abandonadas, nem irão
para um inferno eterno. Cabe a todos os que amam tais criaturas, orar com
fervor, com confiança, ao Deus de amor e de bondade, e Ele vai socorrer esses
nossos irmãos, vai lhes dar esperanças, vai lhes proporcionar novas oportunidades.
É claro que eles estão
sofrendo. Mas o sofrimento é o caminho da redenção, da recuperação, e esses
nossos queridos irmãos não estão abandonados.
Jesus mesmo nos disse que
são os mais faltosos, os mais necessitados, os mais transviados, que terão
maior atenção por parte do Senhor, pois são eles as ovelhas transviadas muito
importantes para que venham a ser trazidos de volta para o seu redil.
SBC, 09/09/06.
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