Ary
Brasil Marques
O
homem gosta de falar. Muita gente adora falar mal do semelhante. A maledicência
é causa de muitos crimes e de dissolução de famílias.
O
pior é que uma grande parcela do que se fala a respeito dos outros é baseada
simplesmente em boatos, em fofocas, em suposições. Muitas mentiras são jogadas
nos ambientes sociais e passam a ter cunho de verdade.
Nosso
saudoso Wallace Leal Rodrigues, em seu livro “...E Para o Resto da Vida”, nos
conta uma história muito interessante a esse respeito, que transcrevo abaixo:
AS
PENAS
Quando pequenas, minha irmã e eu éramos muito
sonhadoras. O sonho e a imaginação se conjugam muito bem. E, de quando em vez,
inventávamos histórias sobre nossas companheiras. Essas histórias se
transformavam em boatos que, em uma cidade pequena, terminavam por provocar
dissabores e desagradáveis incidentes entre nossa família e a vizinhança. Na
verdade, não fazíamos aquilo por mal, mas, naturalmente, enquanto dávamos
rédeas soltas à nossa fantasia, os desagradáveis incidentes se multiplicavam.
E, de cada vez que um desses episódios se repetia, corríamos para nossa mãe e
dizíamos: - Mamãe, nós prometemos reparar o mal que fizemos. Minha mãe, com certeza, percebia que castigos
e reprimendas não corrigiriam os excessos de nossas mentes. Ela nos ouvia com
atenção, assentia com a cabeça e não dizia nada. Lembro-me muito bem de certa
manhã, antes do inverno chegar. Ventava muito e nós brincávamos no galpão.
Entretanto mamãe, com os cabelos dançando em torno de sua bonita cabeça, estava
sentada em um tamborete, ao aberto, bem no meio do quintal. Aquilo nos intrigou
um pouco, porém logo nos distraímos. Nossa atenção voltou a ser despertada
quando ela nos chamou: - Filhas, por favor, venham até aqui. Aí, perto de vocês
há uma almofada e uma tesoura. Tragam-nas. Nós atendemos. Mas fazíamos uma
indagação: o que mamãe estava pretendendo fazer? - Agora, disse mamãe quando
colocamos os dois objetos junto dela, vocês vão cortar a almofada ao meio. Cada
uma cortar de um lado. Obedecemos. A almofada estava cheia de penas e, logo em
seguida, levadas pelo vento, elas enchiam o quintal num espetáculo tão lindo
como uma tempestade de neve. Eu e minha irmã pulávamos e rodopiávamos
encantadas com o espetáculo imprevisto. Todavia, mamãe tornou a nos chamar. Junto
dela estava a sua cesta de costura, que nem tínhamos visto. Foi lá de dentro
que ela tirou uma capa de almofada nova, bordada e vazia. - Olhem, disse ela,
agora vocês vão encher de novo esta almofada. Era simplesmente incrível o que
mamãe estava propondo. E nós redarguimos: - Mas, isso é impossível, as penas
voaram por toda parte. - Não é que foi mesmo! Disse mamãe dando a impressão de
estar admirada, enquanto olhava as penas que dançavam no vento. E fez, em
seguida, um comentário que minha irmã e eu não pudemos esquecer durante toda a
vida: - Essas penas parecem os boatos que certas pessoas propagam: uma vez
espalhados, não há meios de fazê-los voltar ao ponto de partida. Eu,
pessoalmente, quando me sinto inclinada a repetir comentários e rumores ouvidos,
lembro-me sempre daquelas penas soltas no vento e que, de nenhuma forma
poderíamos tornar a recolher para uma nova almofada.
Não
olvides que a primeira escola da criança brilha no lar. Abre teu coração à
influência de Cristo - o divino escultor de nossa felicidade,- a fim de que o
menino encontre contigo os recursos básicos para o serviço que o espera na
edificação do Reino de Deus.
Emmanuel
(Do
livro E PARA O RESTO DA VIDA...de Wallace Leal V. Rodrigues)
Vamos
todos fazer uma campanha para eliminar de nosso meio a maledicência. Vamos nos
propor, a partir de hoje, a manter nossa boca fechada em relação aos eventuais
deslizes de nossos companheiros de jornada.
Com
essa atitude, estaremos colaborando para que o nosso mundo fique melhor.
Sintonizando nosso coração no bem e no amor, deixaremos de ver apenas as falhas
de nossos irmãos, e nossos olhos se abrirão para as coisas boas que os mesmos
fazem.
SBC,
24/09/2007.
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