domingo, 30 de março de 2014

DISCIPLINA E LIBERDADE


Ary Brasil Marques

Jesus nos recomendou que buscássemos a perfeição. Nossa meta é, pois, atingir o mais perfeito grau de evolução, tanto como indivíduos, como em família e em grupo social.

Temos o dever de nos esforçar para a nossa melhora, bem como de dar aos nossos filhos a orientação e o exemplo necessários para que os mesmos possam se comportar devidamente em suas experiências de vida.

Sem dúvida são os filhos aquelas plantas tenras que, de acordo com o carinho com que as regamos e amparamos, nos darão uma colheita futura boa ou má. O que plantamos hoje, será o que colheremos amanhã.

Em se tratando de família, a nosso ver a célula mater da nossa sociedade, há duas formas mais comuns de educação dos filhos: uma, a maneira antiga, de uma disciplina férrea e respeito absolutos, onde os pais impunham sempre seus pontos de vista e o filho não podia contestar ou mesmo dialogar com seus pais, tendo que obedecer sempre e onde o temor substituía o amor. Aquele mesmo temor que os homens tinham de Deus, a época que o Criador constituía, aos olhos de todos, um Deus implacável e que impunha o castigo aos seus filhos.

Com a evolução dos costumes, e o brado de liberdade que os jovens lançaram, o sistema autoritário de disciplina férrea foi substituído por outro: vale tudo e pode-se fazer o que se quer.

E assim como o outro, trazendo consigo uma grande gama de sofrimento e de infelicidade para muitas criaturas que, abusando do seu livre arbítrio, se tornam vítimas de si mesmos, pois despreparados, sem carinho e orientação dos pais, os jovens se lançam à libertinagem, julgando estarem exercendo a liberdade.

Não sabem que liberdade é somente daqueles que não se deixam aprisionar pelos vícios. Só são livres os espíritos que já superaram todos os próprios defeitos, alçando voos mais amplos rumo a melhores dias. Os outros, escravos dos instintos ou dos vícios, são apenas prisioneiros totalmente dependentes. E a responsabilidade de tudo isso é de cada um de nós. Somos responsáveis por tudo o que fazemos, bem como pela nossa omissão que lançou nossos filhos no mundo do crime ou do erro.

A melhor maneira de cuidar de nossos filhos é participarmos de suas vidas, acompanharmos passo a passo todos os seus problemas, dialogando com eles, dando exemplos, orientando e ensinando os melhores caminhos. E como o único caminho para a felicidade é o Evangelho de Jesus, magnificamente complementado pelos conhecimentos profundos sobre o problema do ser e do destino que a Doutrina Espírita dá às pessoas, é importante que os pais encaminhem seus filhos para esse caminho, configurando omissão injustificável o abandono dos mesmos à sua própria sorte.

Não é boa norma deixar que o filho escolha o caminho a seguir, pois as crianças são ainda imaturas e sujeitas à influência de exemplos nocivos e propagandas perniciosas. Temos o dever de cuidar com carinho daqueles seres que Deus nos confiou, pois teremos de prestar contas amanhã do nosso mandato.

Todo o pai deseja o melhor para os seus filhos. E o pai que investe não somente na vida material, mas visa o futuro e a vida do ser imortal que cada um de nós é, procura dar ao filho todas as condições para a grande caminhada do espírito, e o encaminhamento aos conhecimentos que o Espiritismo proporciona dá, sem dúvida, melhores condições para isso.

O espírita enfrenta com maior tranquilidade e segurança os problemas da vida, a dor, as dificuldades, as diferenças sociais.

Saibamos, pois, dosar com disciplina e liberdade, a educação de nossos filhos, encontrando o meio termo de equilíbrio capaz de lhes dar melhores condições para uma vida melhor.
  

SBC, 16/09/1998.    

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