Ary Brasil Marques
Jesus nos recomendou que
buscássemos a perfeição. Nossa meta é, pois, atingir o mais perfeito grau de
evolução, tanto como indivíduos, como em família e em grupo social.
Temos o dever de nos
esforçar para a nossa melhora, bem como de dar aos nossos filhos a orientação e
o exemplo necessários para que os mesmos possam se comportar devidamente em
suas experiências de vida.
Sem dúvida são os filhos
aquelas plantas tenras que, de acordo com o carinho com que as regamos e
amparamos, nos darão uma colheita futura boa ou má. O que plantamos hoje, será
o que colheremos amanhã.
Em se tratando de família, a
nosso ver a célula mater da nossa sociedade, há duas formas mais comuns de
educação dos filhos: uma, a maneira antiga, de uma disciplina férrea e respeito
absolutos, onde os pais impunham sempre seus pontos de vista e o filho não
podia contestar ou mesmo dialogar com seus pais, tendo que obedecer sempre e
onde o temor substituía o amor. Aquele mesmo temor que os homens tinham de
Deus, a época que o Criador constituía, aos olhos de todos, um Deus implacável
e que impunha o castigo aos seus filhos.
Com a evolução dos costumes,
e o brado de liberdade que os jovens lançaram, o sistema autoritário de
disciplina férrea foi substituído por outro: vale tudo e pode-se fazer o que se
quer.
E assim como o outro,
trazendo consigo uma grande gama de sofrimento e de infelicidade para muitas
criaturas que, abusando do seu livre arbítrio, se tornam vítimas de si mesmos,
pois despreparados, sem carinho e orientação dos pais, os jovens se lançam à
libertinagem, julgando estarem exercendo a liberdade.
Não sabem que liberdade é
somente daqueles que não se deixam aprisionar pelos vícios. Só são livres os
espíritos que já superaram todos os próprios defeitos, alçando voos mais amplos
rumo a melhores dias. Os outros, escravos dos instintos ou dos vícios, são
apenas prisioneiros totalmente dependentes. E a responsabilidade de tudo isso é
de cada um de nós. Somos responsáveis por tudo o que fazemos, bem como pela
nossa omissão que lançou nossos filhos no mundo do crime ou do erro.
A melhor maneira de cuidar
de nossos filhos é participarmos de suas vidas, acompanharmos passo a passo
todos os seus problemas, dialogando com eles, dando exemplos, orientando e
ensinando os melhores caminhos. E como o único caminho para a felicidade é o
Evangelho de Jesus, magnificamente complementado pelos conhecimentos profundos
sobre o problema do ser e do destino que a Doutrina Espírita dá às pessoas, é
importante que os pais encaminhem seus filhos para esse caminho, configurando
omissão injustificável o abandono dos mesmos à sua própria sorte.
Não é boa norma deixar que o
filho escolha o caminho a seguir, pois as crianças são ainda imaturas e
sujeitas à influência de exemplos nocivos e propagandas perniciosas. Temos o
dever de cuidar com carinho daqueles seres que Deus nos confiou, pois teremos
de prestar contas amanhã do nosso mandato.
Todo o pai deseja o melhor
para os seus filhos. E o pai que investe não somente na vida material, mas visa
o futuro e a vida do ser imortal que cada um de nós é, procura dar ao filho
todas as condições para a grande caminhada do espírito, e o encaminhamento aos
conhecimentos que o Espiritismo proporciona dá, sem dúvida, melhores condições
para isso.
O espírita enfrenta com
maior tranquilidade e segurança os problemas da vida, a dor, as dificuldades,
as diferenças sociais.
Saibamos, pois, dosar com
disciplina e liberdade, a educação de nossos filhos, encontrando o meio termo
de equilíbrio capaz de lhes dar melhores condições para uma vida melhor.
SBC, 16/09/1998.
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