FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Filho do
operário João Cândido Xavier e da doméstica Maria João de Deus. Nasceu a 2 de
abril de 1910, na cidade de Pedro Leopoldo.
A
desencarnação de dona Maria João de Deus, deu-se a 29 de setembro de 1915, quando
o Chico tinha apenas 5 anos.
Dos nove
filhos (Maria Cândida, Luzia, Carmosina, José, Maria de Lourdes, Chico, Raimundo,
Maria da Conceição e Geralda), seis foram entregues a padrinhos e amigos.
Chico
sofreu muito em companhia de sua madrinha, que era obsidiada. Conta ele, que apanhava
três vezes por dia, com vara de marmelo. O pai de Chico casou-se novamente; desta
feita com Cidália Batista, de cujo casamento advieram mais seis filhos (André Luiz,
Lucília, Neusa, Cidália, Doralice e João Cândido). *
Por essa
ocasião, deu-se o seu retorno à companhia do pai, dos irmãos e de sua segunda mãe
dona Cidália, que tratava a todos com muito carinho.
Sua
escolaridade vai até o curso primário, como se dizia antigamente. Trabalhou a
partir dos oito anos de idade, de 15h às 2h, numa fábrica de tecidos.
Católico
até o ano de 1927, o Padre Sebastião Scarzelli era seu orientador religioso.
Com a
obsessão de uma de suas irmãs, a família teve que recorrer ao casal de
espíritas, Sr. José Hermínio Perácio e dona Carmem Pena Perácio, que após
algumas reuniões e o esforço da família do Chico, viu-se curada. A partir daí,
foi mantido o Culto do Evangelho no Lar, até que naquele ano de 1927, o Chico,
respeitosamente, despediu-se do bondoso padre, que lhe desejou amparo e
proteção no novo caminho. (...)
No ano de
1927, funda em Pedro Leopoldo, junto com outras pessoas, o Centro Espírita Luiz
Gonzaga.
Em
08/08/44, Chico Xavier, através do advogado Dr. Miguel Timponi, em coautoria com
a FEB - Federação Espírita Brasileira, inicia contestação à ação declaratória movida
pela Sra. D.ª. Catharina Vergolino de Campos, viúva do famoso escritor desencarnado
Humberto de Campos, sob a fundamentação de ser necessário concluir se efetivamente
a obra psicografada pelo Chico, como sendo do notável escritor patrício, Humberto,
após sua desencarnação. Ao final desse longo pleito, através de críticos literários,
os mais consagrados, concluiu-se ser autêntica a obra em questão (ver o assunto
completo no livro "A Psicografia ante os Tribunais, de autoria do advogado
Dr. Miguel Timponi - Ed. FEB).
Dos
quatro empregos que teve, por 32 anos trabalhou na Escola Modelo do Ministério da
Agricultura, em Pedro Leopoldo e Uberaba, nesta última cidade, a partir de
1959, quando para lá se transferiu.
Chico
sempre se sustentou com seu modesto salário, não onerando a ninguém.
Aposentou-se
como datilógrafo subordinado ao Ministério da Agricultura. Jamais se locupletou
como médium. Ganhava, dos mais simples aos mais valorizados presentes (canetas,
fazendas, carros), mas, de tudo se desfazia educadamente.
Dos
quatrocentos e doze livros psicografados, os quais pela lei dos homens lhe
pertenciam os direitos autorais, de todos se desfez doando-os a federativas
espíritas e a instituições assistenciais beneficentes, num verdadeiro exemplo
vivo de cidadania e amor ao próximo.
| A
Polivalência de sua Obra Literária |
É
bastante diversificada a obra literária do Chico, senão vejamos: o primeiro
livro publicado foi "Parnaso de Além Túmulo", escrito por 56 poetas
desencarnados, compreendendo brasileiros e portugueses. Foi recebido no período
de 1931 a 1932. Na época, sua idade era de apenas 21 anos. Com esta obra, Chico
começa por onde a imensa maioria dos medianeiros psicógrafos principia.
Detém em
sua produção Prosa e Verso, que nós, na mera condição de leitor, classificamo-la
como sendo:
Reveladora:
Com a publicação da obra Nosso Lar, o espírito André Luiz inicia primorosa
coleção em que se ressalta, dentre tantas informações, o caráter revelador da obra,
onde se tem registrado o cotidiano, o dia a dia da vida extrafísica.
Identificadora:
Assim chamamos a literatura poética, como no caso do
"Parnaso". Se "estilo é maneira de exprimir os pensamentos,
falando ou escrevendo" (Aurélio), no Parnaso figuram quase 6 dezenas de
poetas da Língua Portuguesa, dentre os mais consagrados. Aí, a comparação entre
o poeta, quando na vida física e quando retorna ao plano espiritual, torna-se
inevitável.
Mensagem:
Chamamos livros de mensagens, aqueles compostos por mensagens avulsas,
de temas variados, de espíritos diversos. (Ex.: Mãos Unidas, Respostas da Vida,
etc.).
Romanesca:
Destacamos, neste gênero, os cinco romances de Emmanuel (mentor do
médium): “Há Dois Mil Anos” (abrange
o período histórico de 31 a 79 D.C), “Cinquenta
Anos Depois” (ano 131 - D.C), “Ave
Cristo” (abrange o período 217 a 258 D.C), “Paulo e Estevão” (depois da morte de Jesus até aproximadamente
anos 70 D.C) e “Renúncia” (cobrindo
a segunda metade do século XVII, iniciado em 1662 - reinado de Luiz XIV de
França). “Há Dois Mil Anos” foi
escrito no curto espaço de 24/10/38 a 09/02/39, em intervalos das atividades
profissionais do Chico.
Chamamos
a atenção para a chamada Cronologia Romana reconhecida por experts como
autêntica. A obra suscitou o aparecimento do livro Vocabulário Histórico-Geográfico,
de Roberto Macedo, versando sobre o vocabulário existente nos cinco romances
supra citados.
Histórico-Geográfico:
A exemplo dos livros "A
Caminho da Luz" e romances de Emmanuel (já citados), "Brasil Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho" de Humberto de Campos.
Conto: merecem
destaque “Jesus no Lar”, de Néio
Lúcio, “Almas em Desfile” e “A vida Escreve”, de parceria com o
médium Waldo Vieira, de autoria espiritual de Hilário Silva e “Contos e Apólogos”, “Reportagens de Além Túmulo”, “Contos Desta e Doutra Vida”, autoria
espiritual de Humberto de Campos, além de outros.
Reportagem:
Encontramos o trabalho de Humberto de Campos, que com vigor e talento,
do plano da imortalidade envia-nos reportagens notáveis como a que realiza com
o apóstolo Pedro, no livro “Crônicas de
Além-Túmulo”, ou com Napoleão, no livro “Cartas e Crônicas” ou ainda quando entrevista a famosa atriz
Marilyn Monroe, no livro “Estante da
Vida”.
LITERATURA
INFANTIL
Através
de autores como Néio Lúcio, Casimiro Cunha e outros.
LITERATURA
JOVEM
Livros de
espíritos que ainda jovens retornaram ao plano espiritual, como a obra de Jair Presente,
de Augusto César e outros, cuja característica principal são, as gírias praticadas
pelos jovens, notadamente no período em que surgiram.
LITERATURA
UNIVERSITÁRIA
De nosso
conhecimento, coube à Professora Ângela Maria de Oliveira Lignani inserir a obra
literária do Chico nos meandros universitários. A professora em questão logrou aprovação
no Curso de Mestrado da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas
Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Teoria da Literatura.
Dissertação com 200 páginas, cujo título é "Psicografia e inscrições discursivas:
a escrita de Chico Xavier".
LITERATURA
HUMORÍSTICA
Lulu
Parola, Cornélio Pires e outros trazem aos leitores rica obra com esta característica.
LITERATURA
CIENTÍFICA
Por se
compor de Ciência, Filosofia e Religião, invariavelmente, qualquer obra dita espírita
mostra esta tendência, mas, especificamente podemos citar as de André Luiz como
"Evolução em Dois Mundos"
e "Mecanismos da Mediunidade".
LITERATURA
EVANGÉLICA
O
Evangelho é tema de vasta obra psicografada pelo Chico, especialmente de Emmanuel:
“Caminho, Verdade e Vida”, “Pão Nosso”, “Vinha de Luz”, “Fonte Viva”,
“Livro da Esperança”, “Palavras de Vida Eterna”, “Segue-me” e “Bênção de Paz”.
| Ressonância de sua Obra |
NO CINEMA
Da
mensagem publicada no livro "Somos
Seis" resultou o filme Edifício Joelma.
NO TEATRO
Várias
compilações de obras diversas resultaram na peça teatral "Além da Vida", apresentada por atores e atrizes
profissionais.
NA
TELEVISÃO
Tanto na
extinta Rede Tupi (associada) quanto na Rede Globo, adaptou-se como novela o
livro "Nosso Lar", sob o título de "A grande viagem", com amplo sucesso.
NO RÁDIO
Apresentação
do chamado rádio teatro, como o romance "Há
Dois mil Anos", teatralizado na Rádio Mundial. Programas radiofônicos
veiculando páginas espíritas. Nos mais diversos ambientes, deparamos afixadas
páginas psicografadas pelo Chico, porém, nem sempre de origem identificada.
NO
JUDICIÁRIO
Conforme
se vê no livro “Lealdade”,
organizado pelo laborioso tarefeiro espírita, Hércio Marcos, do IDE - Instituto
de Difusão Espírita - Araras/SP, relatando que, com base em mensagem
psicografada pelo Chico, o MM. Juiz da causa absolveu o réu no douto judiciário
do estado de Goiás.
NA MÚSICA
Já nos
idos de 1970, o astro da canção brasileira, Roberto Carlos, revelava no
Programa Flávio Cavalcanti, a influência das obras do Chico nas letras das
músicas que compõe. São inúmeras as letras psicografadas pelo Chico que foram e
são musicadas, daí resultando belas canções, tais como: “Alma Gêmea” e “Companheiro”,
letras de Emmanuel. “A Prece”, letra
de João de Deus, “Diretrizes”
adaptado do trecho de Bezerra de Menezes. Fábio Júnior, Vanusa e Moacir Franco,
sempre demonstraram grande carinho pelo Chico, inclusive, homenageando-o
através de músicas de suas autorias. Inúmeros LP\'s (hoje em desuso) e
incontáveis CD\'s enriquecem a fonografia patrícia, oriunda da obra do Chico.
NA
PINTURA
Através
do chamado processo ideoplástico a exuberante mediunidade do Chico tem proporcionado
o surgimento de quadros maravilhosos, como o do Senador romano Publius Lentulus
e o retrato de Maria (vide Anuário Espírita 1986).
ABRANGENDO
IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS
A
monumental obra psicografada pelo Chico já teve livros traduzidos para o
esperanto, o francês, o inglês, o espanhol, o japonês, o tcheco e o polonês.
NA
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Pelo fato
de o Chico, invariavelmente, registrar em cartório a doação dos direitos autorais
a que teria direito em favor de instituições beneficentes, que pela lei do
homem lhe caberia sobre 412 obras, tal procedimento possibilita grande fonte de
recursos a essas instituições mesmo depois de sua morte. E já são mais de 30
milhões de exemplares editados.
CHICO
SELA COMPROMISSO COM O ESPÍRITO EMMANUEL
A data do
início do mandato mediúnico do Chico é considerada 8 de julho de 1927, mas o
reencontro com seu guia espiritual Emmanuel, deu-se nos fins de julho de 1931
(ver interessante diálogo que se estabeleceu entre os dois, conforme relata o
livro "Chico Xavier Mandato de
Amor", UEM, p. 30-31).
QUEM ERA
EMMANUEL
Senador
romano na época do Cristo, conhecido por Publius Lentulus. De lá para cá do nosso
conhecimento, surge nas figuras do escravo Nestório, do Padre Manoel de Nóbrega
(fundador de São Paulo) e do Padre Damiano, reencarnado na Espanha. O
relacionamento entre os dois, "se perde na poeira dos sóis", segundo
informação que o Chico nos prestava, por informação do mentor espiritual.
JESUS –
KARDEC – EMMANUEL
Como é
sabido, a interação Jesus-Kardec-Emmanuel é absolutamente harmônica. E desde
aquele longínquo 31 de julho de 1931, Emmanuel já determinava: " - se
algum dia eu conflitar com Jesus e Kardec, me abandone Chico". Nesse clima
de absoluta interação é que para comemorar centenários respectivos, da obra que
compõe o "Pentateuco Luz",
no dizer de Nenê Aluotto, temos:
- em
1959, surge o livro “Religião dos
Espíritos”, em comemoração ao centenário do “Livro dos Espíritos”;
- em
1960, o livro “Seara dos Médiuns”,
em comemoração ao centenário do “Livro
dos Médiuns”;
- em
1961, o livro “Justiça Divina”, em
comemoração ao centenário do livro “Céu
e Inferno”;
- em
1964, o “Livro da Esperança”, em
comemoração ao centenário do “Evangelho Segundo
o Espiritismo”.
Todos
esses livros de autoria de Emmanuel. O Chico recebeu além desses, de espíritos diversos,
o livro “O Espírito da Verdade”,
ainda comemorativo ao centenário do “Evangelho
Segundo o Espiritismo”.
CHICO
FALA DE SUA PRÁTICA MEDIÚNICA
No livro “Parnaso de Além Túmulo”, Ed. FEB -
1972 - Comemorativa do 40.º aniversário de lançamento, pág. 33, Chico diz a
respeito: "A sensação que sempre senti, ao escrevê-las (referindo-se a
poesias recebidas mediunicamente), era a de que vigorosa mão impulsionava a
minha. Doutras vezes, parecia-me ter em frente um volume imaterial, onde eu as
lia e copiava; e, doutras, que alguém mas ditava aos ouvidos, experimentando
sempre no braço, ao psicografá-las, a sensação de fluidos elétricos que o envolvessem,
acontecendo o mesmo com o cérebro, que se me afigurava invadido por incalculável
número de vibrações indefiníveis. Certas vezes, esse estado atingia o auge, e o
interessante é que parecia-me haver ficado sem o corpo, não sentindo, por momentos,
as menores impressões físicas. É o que experimento, fisicamente, quanto ao fenômeno
que se produz frequentemente comigo."
MÉDIUM
COMPLETO
Poder-se-á
dizer que Chico foi um médium completo, tanto do ponto de vista moral quanto da
técnica mediúnica. O saudoso professor Herculano Pires o chamava de
"homem-psi". Elias Barbosa diz que dele poder-se-á dizer "do
alto dos telhados", tratar-se do maior médium psicógrafo do mundo. O culto
e saudoso professor Rubens Romanelli, dizia com relação a Chico Xavier: "Trata-se
de um dos maiores autodidatas que já conheci".
CURIOSIDADES
ACERCA DA PROFÍCUA PRODUÇÃO PSICOGRÁFICA DE
CHICO
De uma
certa feita na bela cidade triangulina de Uberlândia, o saudoso tarefeiro
espírita Zenon Vilela passou para o papel, a seguinte informação:
No ano de
1952, Chico psicografou 2 livros, em 2 dias: “Roteiro”, de Emmanuel, com 172 páginas e “Pai Nosso”, de Meimei, com 104 páginas.
No ano de
1963, Chico psicografou 2 livros, em 2 dias: “Opinião Espírita”, com 204 páginas e “Sexo e Destino”, com 360 páginas.
No dia 31
de março de 1969 (data comemorativa do falecimento de Kardec, mera lembrança
nossa), Chico psicografou 2 livros, no mesmo dia: “Passos da Vida”, com 156 páginas e “Estante da Vida”, com 184 páginas.
Chico é
apontado como fenômeno na aceitação do leitor. Dos dez melhores livros do século,
em pesquisa realizada por órgãos da imprensa espírita, sete são da psicografia
do Chico. O primeiro lugar coube ao livro “Nosso
Lar”, na 48.ª edição, com mais de 1.200 milheiros de exemplares editados.
Ao longo
de seus 75 anos de mandato mediúnico tornaram-se incontáveis os títulos honoríficos
a que fez jus:
- dezenas
de cidadanias;
- mais de
uma centena de biografias;
-
instituiu-se a Comenda da Paz Chico Xavier, por decreto estadual;
- Comenda
Chico Xavier instituída pela Prefeitura Municipal de Pedro Leopoldo;
- o
Mineiro do Século, por promoção da Telemar e da Rede Globo Minas, etc., etc.;
- pelos
auditores independentes da Receita Federal, foram eleitas as 8 mais importantes
figuras mundiais: Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier, Mandela, Sabin,
Carlitos, Santos Dumont, Gandhi e Che Guevara.
- O Maior
Brasileiro da História por promoção da Revista Época - 2006.
Por dados
estatísticos fornecidos por órgãos da Imprensa Nacional, em seu velório que se
iniciou no domingo, 30 de junho, até terça-feira, 2 de julho do ano de 2002, em
certos momentos, a fila chegou à extensão de 4 km. E diante do esquife, a média
era de 40 pessoas, a cada minuto. Era comovente a serenidade e o silêncio do
povo, apesar de ter que esperar horas e horas seguidas na fila, sob o forte sol
uberabense, para a despedida aos despojos físicos do médium. Foi sepultado com
honras militares debaixo de uma chuva de pétalas de rosas.
Eric
Fronn nos ensina que "só o amor é justificativa à presença humana". O
Chico
"triplica"
essa justificativa. Muitos o cognominam: "um homem chamado amor".
Fonte:
Portal www.100anoschicoxavier.com.br
* Ver a
síntese genealógica do Chico, no livro "Chico Xavier, Mandato de
Amor".
UEM, p. 284).
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