Ary Brasil Marques
Ao contrário da crença
geral, um grande número de casos de obsessão funciona como um chamamento ao
trabalho.
Há casos de obsessão em que
o espírito obsessor não vem agredir e sim pedir socorro. Muitos espíritos sofredores
não são maus, e ao se aproximarem de pessoas queridas, transferem a essas
pessoas os sintomas de seu estado atual. Dores que o espírito sente passam a
ser sentidas por aqueles de quem ele se aproxima.
Esse tipo de obsessão é
quase sempre o início de um saudável relacionamento, havendo inclusive casos em
que o obsessor se transforma em protetor daquele a quem inconscientemente vinha
obsidiando.
Aquela entidade que se
apresenta como obsessor, muitas vezes é um companheiro de longa data que, por
razões geralmente sem muita importância, teve um desentendimento com o
obsidiado e vem perturbá-lo. Isso se deve à falta de perdão de ambas as partes,
mas a tão temida obsessão é uma grande oportunidade para que os desafetos se
entendam, se perdoem e passem a ser amigos outra vez, após a solução do
incidente entre eles.
Chamar um obsessor de amigo
obsessor é uma tarefa difícil. É preciso aprender a perdoar e principalmente
amar o semelhante.
A obsessão, além de ser o
instrumento para a realização dos acontecimentos necessários ao cumprimento da
lei de causa e efeito, é também um convite de renovação, de trabalho e de
oportunidades para se praticar a lei do amor.
Aquela frase tão comum
falada pelo povo de que Deus escreve certo por linhas tortas pode ser aplicada
aqui. Talvez as linhas tortas sejam as oportunidades do embate, do entrevero
entre as pessoas que dizem se odiar e que precisam de mudar os seus sentimentos
e sublimar o amor.
Não se trata de escrever
certo por linhas tortas, e sim usar de sabedoria ao colocar frente a frente
criaturas que se amam mas que estão separados por pequenas coisas que lhes
fizeram colocar para fora suas emoções negativas.
Aquela atitude violenta
colocada em prática pelo obsessor ao tentar agredir o seu oponente, é
instrumento maravilhoso de aproximação para se alcançar o perdão e a amizade do
irmão agredido. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. De tanto
aplicar o desejo de vingança e o ódio, acabará sublimando o sentimento e
chegando ao amor.
Para que isso ocorra, é necessário
a contenda. Podemos entender isso analisando o esporte. Dois lutadores que se
julgam os melhores, só poderão comprovar isso se combaterem entre si, e o
resultado apontará o campeão.
Deus deu a cada um o livre
arbítrio e não proíbe nada. Mas permite, em sua sabedoria infinita, que os
adversários se hostilizem, pois essa atitude fatalmente levará um dia ao
entendimento entre eles.
Um dia não chamaremos o
obsessor de espírito mau. Diremos apenas: Seja bem-vindo, meu amigo, meu
ex-obsessor.
SBC, 04/07/2007.
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