Ary Brasil Marques
Nos dias atuais, muita gente
fala de aborto. Muita gente defende o aborto. Muita gente pratica o aborto.
Vamos analisar o que é
aborto. Aborto significa interrupção, anulação.
Interrompe-se, anula-se, o
ciclo natural da vida. Em outras palavras, é uma intervenção do indivíduo no
Plano Divino.
O homem deixa a sua posição
de criatura e se arvora em dono da vida. Ele se esquece de que, na ordem
natural das coisas, somos apenas participantes, e por mercê de Deus, cocriadores.
Como espíritos imortais que
somos, assumimos o compromisso diante do Senhor de nossas vidas, de cuidar com
desvelo e carinho não somente de nosso corpo, como do meio ambiente em que
vivemos, e, na época própria, a cuidar daqueles que nos foram confiados para a missão
maravilhosa da paternidade ou da maternidade, cuja missão não fica restringida
ao proporcionar o nascimento de um espírito, mas muito mais do que isso, de
cuidar da plantinha tenra, regá-la com nosso amor, educá-la e prepará-la para a
vida. E esse compromisso‚ também com aquele espírito que nos comprometemos a
trazer à vida terrena.
Imaginemos um assunto banal
de nossa vida. Suponhamos que somos candidatos à compra de um imóvel. Atendemos
a todas as exigências legais para o financiamento. Respeitamos o regulamento
que nos mostraram. Após tudo pronto, vamos para uma fila de candidatos. A fila
é grande, mas sabemos que a nossa posição na fila, pelo número de vagas
existente, nos permitirá alcançarmos o objetivo a que nos propusemos. Ao chegar
a nossa vez, o funcionário que nos atende, no meio da entrevista, simplesmente
diz o seguinte: "Você não será atendido. Decidi não lhe aceitar.
Reclamamos, brigamos, alegamos estar dentro das normas e regulamento, dizemos
que ele não tem poderes para nos barrar, mas apesar de tudo ele, julgando-se
todo poderoso, passa por cima de todas as normas, de todo o direito, de seus
chefes, da razão, etc., e não nos aceita.
Esse fato tão simples e
banal se comparado com o nascimento de uma criança, tem gerado muitos ódios por
parte daqueles que são injustiçados.
Pensemos agora na fila
enorme existente no plano espiritual, de espíritos que se candidataram a voltar
para o plano da matéria para prosseguirem em sua escalada evolutiva. Quanta
espera. Quanta esperança. Finalmente chegou o dia.
Foram encontrados os
espíritos certos para essa oportunidade. São espíritos com comprometimentos
anteriores comuns. Mas tudo ficou acertado.
Comprometeram-se esses
espíritos a abrir as portas de sua casa e de seu coração para a bendita oportunidade
da reencarnação.
Eis que, de repente, essas
pessoas recuam. Mais do que isso, matam. Assassinam o filho. Impedem-no de vir
à Terra. Atrasam propositadamente sua evolução, além de criarem débitos enormes
para si próprios.
André Luiz e outros espíritos
amigos que nos têm trazido mensagens do plano espiritual, nos contam que todos
aqueles que direta ou indiretamente participam do nefando crime do aborto, têm
enormes manchas negras plasmadas em seu perispírito, além, é claro, da imensa
carga vibracional de ódio que os infelizes abortados lhes enviam, pois não se
conformam com a violência contra eles perpetrada por aqueles que seriam os seus
pais.
Aqueles que defendem a
prática do aborto só vêm a matéria. Não sabem que antes de mais nada somos
espíritos. E discutem sobre a existência ou não de vida durante a gravidez,
muitos achando que a mãe tem direitos sobre seu corpo e que o aborto é coisa
simples, sem importância, apenas o exercício do livre arbítrio.
Há vida desde o momento da
concepção. No momento que o espermatozoide atinge o óvulo, a partir daí,
paralelamente ao desenvolvimento material do novo ser, um espírito, igualmente
preparado no plano espiritual, passa a viver junto à mãe (naturalmente com as
limitações de ação pela redução perispiritual por que passa), e nós não temos o
direito de impedir o seu nascimento. Se o fizermos, estamos indo contra Deus, o
senhor de nossas vidas, além de estarmos cometendo um crime hediondo de
assassinato com todas as consequências cármicas que advirão para nós mesmos,
pois crime algum fica impune na lei da vida. Como agravante, temos o fato de
que nossa vítima não pode se defender.
Quando uma pessoa, em uma
briga, mata alguém, sua culpa é grande mas ainda a vítima teve igual chance de
se defender.
No caso do aborto, não há
essa oportunidade de defesa. É infanticídio. É violência. É a síntese do egoísmo
em mais alto grau. Perante nós mesmos, então, é um caso muito sério. A lei de
causa e efeito passará a nos cobrar, ceitil por ceitil, tudo o que fizermos
contra as leis da vida.
Se já teremos que prestar
severas contas pelo mau uso que fazemos de nosso próprio corpo, pelas agressões
que fazemos ao meio ambiente, pelo nosso desamor aos semelhantes, agora a nossa
responsabilidade aumenta muito mais.
Estamos afrontando o próprio
Deus. Estamos interferindo diretamente nas leis do plano divino. Nos arvoramos
em deuses, e como deuses de pés de barro agimos inconsequentemente, matando,
destruindo, gerando ódios, e depois de tudo isso queremos ser felizes.
E muitas vezes chamamos de
marginais aqueles que por vias outras (pois lhes cortamos a oportunidade de
aproximação por vias normais) se aproximam de nós, na pele de um trombadinha ou
de um assaltante. O que eles querem é reivindicar o que era deles e que nós
tiramos, eliminando-os de nosso caminho, enxotando-os, matando-os,
castrando-os.
Para nós, o aborto é
assassinato puro. Não se justifica, a não ser em casos especialíssimos e a
critério médico, quando se tem que optar entre uma vida e outra. Para salvar a
mãe, em casos muito raros, é possível se fazer o aborto.
Mesmo assim, ‚ importante
que os interessados busquem, antes de um ato de tamanha gravidade, a orientação
do Plano Maior, e provavelmente, haverá ocasiões que a ajuda dos espíritos
permitirá salvar a mãe e também o filho.
SBC, 11/08/1998.
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